A cantora e compositora Malú Lomando acaba de lançar nesta sexta-feira (27) o disco de estreia da carreira, intitulado “Alphaleonis”. O trabalho possui 07 faixas, conta com a participação de Barroso Eus em “Supernova” e já está disponível em todas as plataformas digitais.
A Nação da Música teve a oportunidade de conversar com Malú sobre o álbum, o processo de composição e também sobre a escolha de regravar “Sonhos” do Peninha.
Entrevista por Marina Moia.
————————– Leia a íntegra:
Oie, Malú! Obrigada por falar com a Nação da Música! Como está o coração com a estreia do seu primeiro disco da carreira, “Alphaleonis”? O que espera que o público leve deste trabalho?
Malú: Oie! Obrigada vocês pelo espaço. Nossa, está transbordando de emoção! Foi um ano e meio de trabalho, tudo feito com muito carinho e empenho, agora prestes a nascer. E tem muito de mim nesse disco né, minha vulnerabilidade toda escancarada ali. Estou muito empolgada e orgulhosa, mal posso esperar a reação das pessoas.
Espero que o público se sinta abraçado pelo “Alphaleonis”, sobretudo nesse momento de crise global que estamos enfrentando. Que esse trabalho os ampare nessa viagem pra dentro; que traga cura, conforto, acolhimento. Que ele permita expurgar o que precisar sair de você; e que te guie no reencontro com a sua luz interna – que é vibrante, brilhante – essa essência, que é do realmente somos feitxs.
Já ouvi o disco e ele é algo muito intenso, íntimo e realmente mostra você de coração aberto, contando sobre seu autoconhecimento e transformações. Além das poesias, é claro. Como funciona o seu processo de composição?
Malú: Eu brinco que a crise é a minha matéria prima. As músicas do “Alphaleonis” foram compostas num momento muito específico, o processo de término que eu vivi, que foi cheio de altos e baixos. Eu escrevo sobre o que eu sinto, sobre o que preciso entender; sobre esses estados que me batem à porta pedindo uma xícara de chá. É como fazer fotografias, só que com palavras. Com as músicas, eu conseguia enxergar o que estava acontecendo comigo e assim, fazer algo sobre isso. Cada música foi, e segue sendo, uma bússola para os meus processos. E elas me ocorriam quase sempre à noite, quando estava prestes e a dormir. Sabe quando você está quase pegando no sono, mas ainda não dormiu? Nesse momento eu começo a receber certas mensagens… Eu encaro o processo de composição como um acesso, uma sintonia – algo que te atravessa mesmo. Sinto que sou uma antena, recebendo algo superior que me sopra.
Em “Supernova”, você conta com a colaboração de Barroso Eus. Como foi trabalhar com ele nesta faixa?
Malú: Foi incrível. O Barrosinho é um grande parceiro com quem tenho muita sintonia artística. Nós tínhamos vontade de compor juntos desde que nos conhecemos. Em um dado momento do processo do “Alphaleonis”, eu senti falta de uma música que completasse a narrativa do álbum, entre “Chama” e “Estrela”. Propus a ideia mostrando um poema que havia escrito sobre o arquétipo de Câncer, que suscitou discussões e lembranças de nossas histórias pessoais. Fluímos super bem a partir dele para a estrutura de Supernova, que nasceu em dois encontros. Foi super fácil e prazeroso trabalhar com ele, como imaginei que seria.
E com quem mais você gostaria de colaborar no futuro?
Malú: Eu me coloquei um desafio esse ano: compor com todas as minhas amigas e amigos artistas que admiro. Agora, no final de fevereiro, já nasceu uma composição junto com minha querida talentosa Giu Melito, do duo Lua Em Peixes. Estão no meu radar a Leyllah Diva Black, as meninas do Antônima, Lage, Andô, SóCiro, o Aloizio Lows, Jotapê, Selma Fernands, Samuel Samuca, dentre outrxs maravilhosxs… acredito que a rede independente se fortalece muito nessas trocas. Num futuro próximo, também amaria compor algo com a Céu, Letrux, Maria Beraldo e a Duda Beat, que são enormes referências pra mim.
“Sonhos”, do Peninha”, é a última faixa do disco. Por que escolheu essa música para regravar?
Malú: Acredito que fazer música é como colocar um filho no mundo: ela nasce através de você, mas tem vida própria. É livre, incontrolável; deixa de ser sua pra ser dela mesma, do mundo – e encontra outras pessoas, as toca, cria relações com elas e pertence à elas também. Foi o caso de “Sonhos”: ela nasceu de Peninha, mas também é de Caetano e de tantxs outrxs – e se tornou minha também. Eu já a conhecia antes do término do meu relacionamento, mas a Renata, minha melhor amiga e grande parceira no projeto, me reapresentou-a no dia em que mostrei “Estrela” pra ela pela primeira vez. Ouvia a versão do Caetano aos prantos. O amor livre de ego, tão puro e tão desafiador; a fé inabalável na generosidade da vida… tudo isso me arrebatava. A ressonância que ela tinha com os meus sentimentos e processos era absurda; eu cantei-a junto ao meu repertório autoral em todos os nossos shows. Achamos prudente colocá-la no “Alphaleonis”; e quisemos criar algo completamente diferente de todas as versões já feitas, que sempre puxaram para a melancolia uma música que fala de um m com tanta leveza. Queríamos recriar “Sonhos” em celebração, em festa. Esse foi o resultado.
Uma série de vídeos está rolando no seu canal, de pessoas contando sobre a relação com as composições de “Alphaleonis”. Como é trabalhar com a Renata Reis e como funcionou a seleção dessas pessoas?
Malú: A Renata é minha irmã de alma; ela é tão mãe desse projeto quanto eu. Ela que pegou na minha mão e disse: “eu acredito em você, trate de compor, vamos fazer um álbum e eu vou te produzir”. E nesse processo todo do meu desabrochar como cantora e compositora, ela foi desabrochando também seu talento para direção audiovisual, e foi natural que ela assumisse essa parte no projeto. O talento dela fica nítido na série: ela mesma teve a ideia, dirigiu os depoimentos e a equipe.
A seleção dxs convidadxs foi muito orgânica pra nós, porque eram todxs pessoas que realmente foram em shows do “Alphaleonis” e se conectaram intensamente com o trabalho, mesmo com histórias completamente diferentes da minha: mortes de entes queridos, uma transição de carreira, de gênero e até o diagnóstico de uma doença crônica. Nosso objetivo com a série é complementar a narrativa do álbum, mostrando o potencial vasto de conexão que ele tem por falar dessas dores tão humanas da finitude, trazendo essas pessoas e suas histórias para esse protagonismo, dando voz à elas em sua diversidade de experiências, de gênero, etária, étnica e etc. Foi muito catártico pra nós e pra todxs que participaram da série.
Gostaria de deixar um recado aos leitores da Nação da Música?
Malú: Queridxs leitorxs: se cuidem, fiquem em casa, lavem as mãos, bebam água. E, se sentirem o chamado, escutem o Alphaleonis, me escrevam, me contem o que sentiram, o que acharam. Quero muito trocar com vocês, sobretudo nesse momento, é muito importante olhar pra dentro e buscar fortalecer a conexão humana. Beijos e muito obrigada mais uma vez pela oportunidade, Nação da Música!
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