Nando Reis anuncia álbum triplo “Uma Estrela Misteriosa”, com disco bônus e mega turnê pelo Brasil

Na madrugada desta terça-feira (23), Nando Reis deu início ao projeto “mais ambicioso de sua carreira até então” (assim definido pelo próprio), com o lançamento da primeira parte de “Uma Estrela Misteriosa”, álbum triplo que será ainda complementado pelo disco bônus “Revelará o Segredo”, e é composto por 26 músicas inéditas e 4 regravações.

Se a ideia de um álbum quádruplo em si já parece bastante ousada por nunca ter sido feita antes, a estratégia para o lançamento pode soar até mesmo revolucionária diante do atual momento da indústria musical. Ao invés de disponibilizar cada uma das partes nas plataformas de streaming, o cantor resolveu ir contra a maré e fazer uma divulgação à moda antiga. Aqueles que comprarem o box com os quatro discos (cujas vendas começam a partir do dia 27 de julho) serão os primeiros a ouvir todas as músicas de uma vez. Já os ouvintes digitais, terão acesso às faixas de forma segmentada: cada disco lançado terá algumas faixas indisponíveis, que serão desbloqueadas apenas quando a versão física começar a ser vendida.

“O que eu mais aprecio na minha profissão é fazer disco. E, antes de tudo, eu sou fascinado pelo disco. Eu me criei comprando e ouvindo discos e tudo isso me fascina porque sou colecionador: gosto da capa, do som, de colocar na vitrola. Sou de uma geração onde isso era o habitual e que, felizmente, voltou a ser. Esse disco não é só audacioso pela sua empreitada musical, mas também pela sua realização física“, disse Nando Reis durante coletiva de imprensa realizada na manhã desta terça, em São Paulo.

Para este primeiro capítulo, o disco “Uma” teve dentre suas 9 faixas (das quais apenas 5 estão disponíveis) “Azul Febril” como escolhida para o lead single. Fazendo analogias a cores e sensações para falar sobre o encontro com a pessoa amada, a música é marcada pelo violão acústico que torna o som de Nando Reis tão característico e único. “Essa música foi escolhida porque eu julgo muito bonita. Quando toquei pra banda, causou uma emoção muito forte, e eu já tinha sacado isso quando compus. É uma música clássica num formatozinho pop estrofe-refrão-estrofe-refrão-especial-refrão. Eu sou um artista pop, sei jogar esse jogo (risos), mas sou muito mais do que isso. Não sou apenas um hitmaker ou um cantor romântico porque isso tudo é muito pobre”, comentou o cantor.

A temática mais romântica não é, porém, a única a permear “Uma Estrela Misteriosa”. Assim como “A Tulha” reflete sobre o passar do tempo aborda, as músicas do projeto como um todo mostram a versatilidade de Nando Reis como um dos maiores compositores dos últimos tempos, inclusive em sentido quantitativo. Tanto que, a proposta inicial de um único disco com 10 faixas que seria registrado pelo músico e produtor Barrett Martin no programa “Singing Earth” foi rapidamente deixada de lado. Ainda durante as gravações, o artista escreveu 10 outras músicas, o fez ainda com que os registros de “Uma Estrela Misteriosa” se transformassem num documentário, que conta com participações de membros de sua banda – como Barrett (da Screaming Trees), Peter Buck (do R.E.M.) e seu próprio filho, Sebastião Reis – e outros parceiros de longa data, como os produtores Felipe Cambraia e Diogo Damascena, e os também artistas Samuel Rosa, Gilberto Gil, Arnaldo Antunes e Marisa Monte.

Em contrapartida às inspirações nos pormenores de suas vivências (como uma simples viagem para o Macapá, que originou a faixa homônima ao município do Norte do Brasil), Nando Reis comentou também sobre como a chamada Síndrome do Papel em Branco ainda pode ser uma pedra no sapato de suas criações, mesmo com um saldo de 600 composições feitas em mais de 40 anos de carreira. “Quando sento pra escrever, fico horas e dias envolvido com aquilo, e passo por todos os estágios, tomando o cuidado de não ser auto condescendente, porque a paixão nos cega: imediatamente fico encantado, mas, por outro lado, depois vivo uma onda de enjôo e descrença daquilo, tendo que dar um tempo e deixar dormir. Eu gosto desse desafio, porque ele me mantém vivo”, constatou.

Além disso, o fato deste ser o primeiro álbum feito pelo cantor completamente sóbrio e livre dos vícios em álcool e drogas, fortalece a declaração dada por Marisa Monte no documentário sobre a autenticidade artística de Nando e sua “música ruiva”. “Já usei muitos estimulantes em uso excessivo, mas nunca publiquei nada que não tivesse checado duas, três, quatro, cinco vezes sóbrio, porque é fácil se iludir. O álcool e as drogas não têm nada a ver com criatividade; eu usei muito tempo por conta de uma insegurança para me desinibir, porque a minha autocrítica é muito severa e às vezes até paralisante. É uma conquista parar com isso porque a melhor coisa na vida é você ter autonomia e não depender de nada. Mas o fato desse disco ter sido feito com sobriedade não mostra uma outra pessoa”.

Para além dos streams e rotações, “Uma Estrela Misteriosa” também ganhará uma mega turnê a partir de setembro, passando por cerca de 25 cidades do Brasil. Com a presença de tradutores de libras em todos os shows e trazendo a missão de cumprir ao menos 5 dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU, a experiência ao vivo do projeto proporcionará ao público uma viagem pela carreira musical de Nando Reis através de um repertório que dosa as novidades de sua fase atual com os sucessos que marcaram gerações. “Nessa turnê quero fazer algo que tenha começo, meio e fim. Não vai ser um show só de músicas inéditas porque não sou louco (risos). Quero que as pessoas saiam satisfeitas, então vou tentar colocar uns 60% de música nova, mas, pra isso, preciso tocar em espaços adequados”, finalizou o artista.