Tukum e Flaira Ferro divulgam parceria com “Asas N’alma”

Com exclusividade para a Nação da Música, nesta quinta-feira (10), a banda Tukum divulgou a faixa “Asas N’alma”, em parceria com a cantora, compositora e dançarina Flaira Ferro.

Produzida por Guilherme Kastrup, a canção tem como eu lírico a voz interior de uma mulher em pleno estado de busca e transformação, embarcando na travessia rumo ao encontro consigo. A novidade chega em todas as plataformas digitais nesta sexta (11) acompanhada por vídeo estrelado pela atriz Aline Borges, a Zuleica da novela Pantanal.

A música surge do encontro de suas compositoras com a obra de Clarissa Pinkola Estés, autora dos livros Ciranda das Mulheres Sábias e Mulheres que Correm com os Lobos. Tanto as criações literárias quanto a canção procuram conectar a natureza instintiva e intuitiva da mulher com o seu espaço consciente, promovendo um estado de potência interna e impulsionando a capacidade de guiar seus caminhos ao encontro mais profundo de si.

Para compor o clima de insubordinação e movimento invocado por “Asas N’alma”, a multiartista pernambucana Flaira Ferro, que vem se destacando no cenário da música autoral brasileira como figura criativa e combativa, faz uma participação especial na faixa, adicionando sua interpretação única à narrativa da canção.

O clipe, que teve sua equipe de criação e produção predominantemente composta por mulheres, introduz uma personagem diante de um relacionamento abusivo que, assim como o eu lírico da canção, busca forças para realizar uma transformação e mergulhar nas águas profundas da liberdade. Além de Aline Borges, cuja personagem na novela Pantanal viveu, justamente, as consequências de um relacionamento abusivo, o filme conta com as atrizes Nilcéia Vicente e Dani D´eon.

“Asas N’alma” integra o álbum inédito “Estradas Dentro”. No novo projeto, Tukum mantém sua identidade autoral com canções poéticas e reflexivas, e junto com Kastrup cria uma sonoridade enérgica e contemporânea, usando guitarra, baixo, bateria e percussões.

A banda Tukum respondeu perguntas exclusivas da NM sobre o lançamento:

Olá! Poderiam nos contar mais sobre a influência da autora Clarissa Pinkola Estés na composição da faixa “Asas N’alma”? Como foi o processo criativo desta música?
Tukum: Além do clássico Mulheres que correm com os Lobos, estivemos, eu e Bruno, imersos na obra Ciranda das Mulheres Sábias, por alguns meses de nossas vidas. Líamos todos os dias à noite, às vezes pequenos trechos, às vezes maiores, repetíamos outros trechos, e assim fomos saboreando esta obra e todo o fantástico material simbólico que ela possui. Estarmos imersos em Clarissa nos fez transbordar esta letra, com uma narrativa em que o eu lírico de uma mulher convida a si mesma para um vôo, já que possui dentro de si uma mulher selvagem carregada de sabedoria, como nos ensina Clarissa.

O processo criativo, como a maior parte dos processos do Tukum, aconteceu de maneira muito fluida, iniciando a partir de uma frase e se desenrolando em um processo de criação sem barreiras e entraves, que aos poucos foi tomando a forma que hoje tem a canção. Letra e música nasceram juntas, nesta troca entre dois compositores embebedados pela obra de Clarissa Pínkola Estés: Uma cantautora e um músico compositor profundamente interessados em processos de autoconhecimento, transformação e cura.

O videoclipe foi estrelado pela atriz Aline Borges. Como surgiu a ideia de trabalhar com ela e como foram os bastidores do vídeo, que contou com uma equipe composta predominantemente por mulheres?
Tukum: A Aline é uma grande atriz e uma mulher incrível. Uma pessoa atenta às contradições, desafios e violências estruturais nas quais estamos inseridos. Uma força sempre atenta para se posicionar e colocar energia na construção de um outro mundo possível. Nutrimos profunda admiração pela artista que ela é. Além disso, Aline é amiga pessoal dos integrantes, o que sempre a manteve por perto em nossa caminhada. Uma mulher fantástica, que além de tudo sempre foi admiradora do nosso trabalho. Então, ao pensar em quem poderia ser a mulher que realiza sua trajetória de transformação no videoclipe, não tivemos dúvida.

Trabalhar com a Aline foi uma dádiva. Durante as gravações ela exalava alegria, gargalhadas e prazer ao estar ali. Mesmo tendo sido desafiada em alguns quesitos como exposição ao frio e corridas exaustivas, manteve sua conexão com o trabalho, esteve entregue e profundamente disponível ao que as cenas pediam. Se doou de forma linda à proposta e sua presença no videoclipe fez toda a diferença.

Ela, assim como as outras atrizes que integraram o elenco, Dani D`eon e Nilcéia Vicente, e todas as mulheres da equipe de produção do filme, foram verdadeiros presentes, tornando o set um lugar delicioso de se trabalhar e criando uma atmosfera que transbordou estado de invenção coletiva. Uma canção como essa só poderia ter uma equipe formada majoritariamente por mulheres, pois todas compreendem do que a obra fala de uma maneira muito profunda, cada uma a partir da sua realidade pessoal e com os desafios específicos marcados por esta sociedade profundamente racista e transfóbica.

Acredito que formar coletivos majoritariamente femininos auxilia profundamente na construção de novas perspectivas para o mundo em que vivemos, ainda tão imerso na lógica patriarcal. Nascem novas maneiras de ação, abordagem e criação que vão desde o campo mais sutil ao mais prático e objetivo.

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