No último dia 13 de julho, a drag queen e cantora Aretuza Lovi lançou para o mundo seu primeiro álbum, intitulado “Mercadinho”. O projeto é repleto de participações especiais, algumas já eram conhecidas do público, como Pabllo Vittar e Gloria Groove na faixa de abertura, “Joga Bunda”, mas os nomes de Solange Almeida, Valesca Popozuda e Iza também marcam presença.
O Nação da Música teve a oportunidade de conversar com Aretuza Lovi sobre o significado desse trabalho, as mensagens, sonoridades e inspirações. Além disso, falamos também sobre a presença drag no mainstream brasileiro e vimos a dificuldade da cantora em escolher apenas uma música preferida.
Entrevista feita por Giovana Romania.
——————————————————————————————————————— Leia a íntegra
Antes de falar sobre qualquer outra coisa, vamos direto ao ponto: “Mercadinho”. Como é lançar esse primeiro trabalho para todo mundo ver e ouvir?
Aretuza Lovi: Lançar esse trabalho para todo mundo ver e ouvir é um prazer enorme. Esse álbum nada mais é do que o meu sonho realizado. Estou muito feliz com a repercussão do disco e da maneira que ele foi lançado. Foi um ano de um projeto lindo, com profissionais incríveis envolvidos, e nós fizemos com muito amor e carinho. Receber essa energia da repercussão está sendo maravilhoso.
Tanto em mensagem quanto em sonoridade, qual a essência que o álbum quer transmitir?
Aretuza Lovi: O álbum quer transmitir muita alegria, swing, muito ‘Batcu’ [risos]. Quando eu pensei no disco, eu queria algo que passasse a minha verdade, a minha felicidade para as pessoas. Então, eu tentei inspirar ele nos nossos ritmos brasileiros e mensagens de rotina das pessoas ou histórias que eu já vivi. A galera está se identificando muito. É um disco totalmente brasileiro, que vai do funk à música romântica em uma mistura muito gostosa.
O disco traz algumas colaborações, até as que já haviam sido lançadas como single antes. Como foi trabalhar com esses outros artistas?
Aretuza Lovi: Foi um prazer enorme! Eu busquei para o meu álbum pessoas que fazem parte da minha verdade, que tinham histórias comigo muito antes da música, então, teve a Solange Almeida, Valesca, Pabllo e Gloria, Iza. Tem muita gente que faz feat por causa do comercial, né, eu busquei realmente pessoas que fazem parte da minha história, da minha verdade, para participarem de um momento muito lindo da minha vida.
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Agora uma pergunta bem difícil: você tem uma faixa preferida? Qual e por quê?
Aretuza Lovi: Olha, eu tenho um carinho grande por todas as faixas, porque são histórias muito diferentes, muitas são histórias que eu vivi. Uma em especial é “Movimento”. Ela me passa uma energia muito boa, o clipe também tem essa vibe, uma referência para mim. Gosto de “Bambolê”, porque lembra minha infância no churrasco, dançando É O Tchan, então eu quis fazer essa brincadeira. Gosto de “Amor Mutante” também, que é uma música que conta uma história minha de amor mal sucedido, [eu senti] que poderia transformar aquilo em ajuda para as pessoas.
Os seus clipes têm visuais muito bem trabalhados. Como se desenha o processo criativo deles? Qual sua participação nisso?
Aretuza Lovi: Minha participação é total na criação dos clipes. Eu tenho uma equipe muito legal de vídeo, minha gravadora também me dá abertura para trabalhar os temas que eu quero. O Felipe Sassi é o diretor de “Joga Bunda” e “Movimento”, os dois últimos clipes que eu lancei, e a gente viaja muito nesse universo lúdico, de magia, para trazer sempre o melhor. O que eu gostaria de assistir? O que minha equipe gostaria de assistir? Então, nós queremos fazer produções ainda maiores para os próximos clipes. Eu tenho o meu dedo em tudo, a gente discute muito para chegar em um resultado muito legal.
Como fã, eu consigo ver muito da Lady Gaga no vídeo de “Joga Bunda”. Quais suas inspirações? Em qualquer meio, mas principalmente no que diz respeito à direção criativa e musical.
Aretuza Lovi: Eu busco realmente inspirações no Brasil, que é muito rico cultural e musicalmente. Esse negócio do exagero é a minha cara, eu amo Lady Gaga, eu amo Katy Perry, e, em “Joga Bunda”, eu quis trazer essas referências lúdicas e exageradas, que, até então, eu não tinha visto no Brasil. É muito bom causar um impacto dessa forma, porque você atinge todos os tipos de público. Hoje, por exemplo, eu tenho um público muito grande infantil devido à fotografia de “Joga Bunda”, que encanta as crianças, é divertido e colorido. Eu gosto muito de fugir [do comum], porque eu sou drag e cantora, então eu posso usar isso ao meu favor.
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Em 2017, a Pabllo Vittar abriu uma grande porta para a arte drag queen no mainstream brasileiro. Como você enxerga isso? Você se sentiu afetada diretamente?
Aretuza Lovi: A Pabllo não somente abriu portas, ela rompeu barreiras e quebrou, está quebrando, preconceitos. E ela nunca limitou isso, ela sempre puxou as amigas, as manas, as pessoas que acreditam nessa verdade. Eu acho maravilhoso, nós estamos em um momento muito revolucionário no Brasil, musicalmente falando, assim como outros movimento que surgiram anos atrás, Jovem Guarda e Tropicália, por exemplo, o “drag music” também surgiu. Nós queremos nos colocar além de drags e cantoras, isso está em uma crescente incrível. Que venham muito mais artistas do nosso meio para fortalecer essa corrente.
E como você acha que o Bruno virar Aretuza e ganhar um espaço tão grande afeta as pessoas? A responsabilidade é grande? Você já recebeu alguma mensagem de fã falando que isso mudou a vida dele?
Aretuza Lovi: A responsabilidade é muito grande, porque você acaba afetando a vida das pessoas de uma forma muito legal. Eu recebo muitas mensagens de pessoas dizendo que ouviram minha história e tiveram força para contar para os pais [sobre a orientação sexual], sair do armário e ser quem realmente [são]. Eu também recebo muitos vídeos de crianças apaixonadas pelo trabalho, e elas são os seres mais sensíveis e verdadeiros, então, elas falam ‘te amo’ e isso me motiva muito. Também quando me mandam mensagens dizendo ‘nossa, sua música me faz mais feliz, me faz acreditar mais em mim’ ou ‘se eu estou em um dia ruim, eu escuto sua música e tudo melhora’, isso é muito importante. Saber que eu faço diferença na vida dessas pessoas e que eu tenho uma pontinha [de colaboração] em um mundo melhor e mais feliz.
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Para finalizar, gostaria de mandar um recado para os leitores do Nação da Música?
Aretuza Lovi: Galera do Nação da Música, primeiro eu quero agradecer pela oportunidade e pelo espaço para falar sobre a minha música e a minha arte, muito obrigado. Eu estou em uma fase muito feliz da minha vida e eu quero levar essa felicidade, esse meu “Mercadinho”, para todo mundo. Que nunca falte amor na vida de cada um! Um beijo!
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