Depois de alguns anos de espera, a banda canadense Arcade Fire finalmente lançou o disco “Everything Now”, em julho deste ano. O trabalho é sucessor de “Reflektor”, de 2013.
Ainda em 2017, mais especificamente nos dias 08 e 09 de dezembro, o grupo fará shows no Rio de Janeiro e em São Paulo, respectivamente. A última vez que Arcade Fire esteve no país foi na edição de 2014 do Lollapalooza.
A Nação da Música conversou com Richard Reed Parry sobre o mais recente trabalho em estúdio e sobre o amor que a banda tem pelo Brasil e pelos seus fãs.
Entrevista feita por Marina Moia.
————————————————————————————————————— Leia a íntegra
Daqui algumas semanas, Arcade Fire retorna ao Brasil! Estão animados? O que os fãs podem esperar dos shows?
Richard: Uau… bom, não posso dar tudo de bandeja. Mas sei que os shows no Brasil serão super energéticos e divertidos. Nós realmente amamos tocar aí. Brasil foi um dos lugares que ficamos surpresos pela resposta do público e quão bem eles cantavam as músicas. Acho que foi também o único lugar que tocamos o “Funeral” [disco de 2004] e, desde a primeira vez que nos apresentamos no país, realmente nos surpreendeu muito o fato de que vocês são muito musicais e que você se envolvem bastante na performance. Nós realmente sentimos isso, essa energia que retorna para nós do público. Ir para o Brasil sempre é louco, lindo, divertido, musical e com muita energia que volta para a gente. As pessoas são muito musicais aí.
A última vez que vocês estiveram aqui foi durante o Lollapalooza, em 2014. Vocês preferem tocar em grandes festivais ou na sua própria turnê?
Richard: Eu prefiro as turnês, mas tocar em enormes festivais pode ser muito divertido porque você acaba tocando para mais pessoas do que está acostumado num show normal. Mas há coisas muito mais importantes do que o número de pessoas para quem você está tocando. É muito legal quando apresentamos nossos próprios shows porque são apenas pessoas que estão lá por nós e não pessoas que querem apenas festejar ou ficar bêbadas num festival. É muito mais focado quando tocamos nossos shows próprios. É realmente sobre nossa música e nossa energia em particular. Não é uma miscelânea de diferentes bandas e sons tocando num mesmo local.
Você conhece e gosta de música brasileira?
Richard: Claro, sim! Sou um grande fãs dos clássicos como Caetano Veloso e Os Mutantes. Tem um cara que eu amo e que começou nos anos 70, mas que ainda escreve música atualmente, e que eu sempre esqueço o nome. Enfim, gosto de todos os estilos de música mais tradicionais, com muito ritmo, e não precisa ser um artista específico. Eu amo sons com muita percussão, tudo neste estilo é muito incrível para mim.
Vamos falar sobre “Everything Now”! Junto com vocês, na produção, estavam Thomas Bangalter [Daft Punk] e Steve Mackey [Pulp]. Como foi trabalhar com eles em estúdio e produzir esse disco?
Richard: Assim como sempre tentamos fazer quando temos um produtor, é meio como se a pessoa fosse um membro extra da nossa banda e não como se a gente tivesse um chefe. Algumas bandas, quando trabalham com um produtor, ele fica no comando de tudo. Para nós, nunca foi assim e sim como se eles fossem novos membros no grupo.
Foi bom ter esses músicos que são muito legais e talentosos e que vêm de diferentes lugares, possuem diferentes influências musicais, produzindo nosso disco. Nós confiamos na opinião deles e nós sempre estamos dispostos a confiar em novas ideias e tentar o que esses caras sugerem, por termos tanto respeito por eles.
Não foi como se eles estivessem trazendo algo totalmente aleatório à banda e, mesmo sendo algo diferente ou que não pensaríamos em fazer sozinhos, nós confiamos neles o bastante para tentarmos. Foi uma experiência especial poder trabalhar com pessoas como eles, com tanta capacidade e que conhecem as partes íntimas de se fazer um álbum.
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Ao fazer o disco e escrever as letras, vocês tinham alguma mensagem em mente para ele? O que influenciou vocês?
Richard: Acho que a mensagem em si está nas letras e na arte, até mesmo nos títulos das músicas. Não é uma mensagem que existe como uma frase e sim mais como uma emoção. Por isso transformamos num disco. Você tem essas ideias, essas emoções e esses sentimentos e o único jeito de articula-los é transforma-los em música, sons, melodias. Para dar vida ao que você está tentando dizer, isso vai além de uma mensagem ou ideia banal e do dia a dia.
A carreira do Arcade Fire já completou 15 anos. Para você, o que mais mudou na banda, desde o começo, e o que permanece igual?
Richard: Acredito que o estilo energético e intenso das nossas apresentações ao vivo sempre foi o mesmo. Sempre tocamos como se estivéssemos tocando pela primeira vez e também como se fosse a última vez que iremos tocar. Nós damos tudo o que temos dentro de nós nestes momentos, no palco. Isso continuou o mesmo, acredito, o jeito que nos apresentamos. Só que antes a gente tocava para poucas pessoas e agora o número aumentou muito. Mas a intenção continua sempre a mesma, assim como a pureza do que tentamos fazer, sempre tentando capturar tudo da forma mais direta. Capturar toda a felicidade, a tristeza, raiva, alegria, energia e caos, tentando reunir tudo isso e colocar num disco e nas performances.
Muitas coisas mudaram, é claro. Principalmente individualmente. Todos estamos mais velhos e tomamos perspectivas diferentes da vida. A vida se desdobra e você muda, mas certas influências continuam as mesmas. Nós não vivemos todos mais na mesma cidade [risos]. Essa foi uma das mudanças. Essa é a vida sendo a vida.
Gostaria de deixar uma mensagem aos fãs brasileiros?
Richard: Que nós estamos muito animados para voltar e que nós absolutamente amamos tocar no Brasil. Não há outro lugar que preferimos tocar! [risos]. Vocês tem uma cultura muito musical e nós podemos realmente ver e sentir e enxergar isso. Não há público mais divertido para tocar do que o brasileiro.
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