Depois de três anos do lançamento de “If I Should Go Before You”, City and Colour lançou o delicado álbum ao vivo “Guide Me Back Home”. Dallas Green, líder do projeto, é canadense e decidiu percorrer várias cidades do país numa grande turnê.
Desta série de shows, surgiu a ideia de gravar o disco ao vivo, em todas as cidades, durante as sessões intimistas da turnê. Assim, nasceu “Guide Me Back Home”, com 20 faixas gravadas em várias cidades pelo Canadá, ao invés de apenas uma.
A Nação da Música teve a oportunidade de conversar com Dallas Green sobre os desafios de uma produção como essa, o próximo disco de estúdio e também sobre seu amor pelo nosso país.
Entrevista por Nicolli Visconti, com perguntas e tradução por Marina Moia.
————————————————————————————- Leia a íntegra:
Olá, Dallas! Obrigada por falar com a gente! Sobre seu novo disco, “Guide Me Back Home”, o que o levou a gravá-lo?
Dallas: A turnê foi a primeira coisa na qual eu pensei e a ideia de gravá-la veio um pouco depois de agendarmos. Não quero dizer que foi uma reflexão tardia, mas foi de uma certa maneira. A ideia de fazer essa turnê era a parte mais importante para mim. Foi como “ok, se vamos fazer essa longa turnê, nós podemos também aproveitar para gravá-la e documentar tudo isso.
Para ser sincero, não achei que eu fosse ficar feliz com o resultado porque eu não gosto de escutar a mim mesmo, cantando principalmente [risos]. Imagine então ter que ouvir 28 shows em que eu estou cantando. Pensei “não vai ter como eu gostar ou decidir qualquer coisa”.
Mas quando começamos a ouvir os shows, percebemos que algumas realmente soavam muito bem, sabe? Acho que as pessoas que gostam do que eu faço, vão apreciar isso. É assim que tudo aconteceu…
Qual foi o maior desafio do processo de gravação? Viajando e gravando por tantas cidades…
Dallas: É, acho que foi o maior desafio. Cada show era tão… quieto! Escolhemos casas de shows pequenas, para não só tentar captar essa atmosfera leve e documentar a turnê, como também queríamos o melhor áudio que pudéssemos.
Estávamos sempre buscando essa combinação perfeita de tocarmos as músicas bem e a plateia reagir do jeito que queríamos. E também não ter ninguém espirrando ou tossindo ou qualquer coisa do tipo [risos]. O que aconteceu bastante! Teve momentos em que estávamos ouvindo alguma música e pensando “olha, essa está indo bem”, mas dai alguém da plateia tossia ou espirrava e então não podíamos mais usar a gravação daquela faixa.
Tem um espaço de três anos entre seu último disco de estúdio e “Guide Me Back Home”. Como esse período influenciou o novo trabalho?
Dallas: Eu viajei muito em turnê com o último disco de estúdio e eu não componho tanto quando estou na estrada, de qualquer maneira, mas dessa vez parecia que eu não conseguia pensar em nada, nada vinha pra mim. E eu não sou muito bom em fazer pausas, então eu simplesmente continuei em turnê, então ela foi parte disso. Eu não tinha ideias novas, mas dai pensei comigo mesmo: “eu tenho muitas canções e eu posso entrar em turnê para cantar essas músicas e me virar com isso”. E foi o que aconteceu.
Depois de ouvir as gravações e perceber que iria virar um disco, não sei, acho que me fez com que eu me sentisse mais confortável? Mas consegui escrever muitas novas canções depois disso! Realmente me ajudou a seguir em frente com as novas músicas, que eu acabei de gravar e vou lançar no ano que vem, em algum momento.
Essa era minha próxima pergunta! Se você tem planos de lançar um disco de estúdio em breve?
Dallas: Sim, sim! Eu meio que passei esse ano inteiro trabalhando em diferentes coisas, claro que o disco ao vivo era uma delas, mas eu também estava no estúdio gravando o novo disco.
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Quais são suas inspirações? O que mais tem ouvido atualmente?
Dallas: Muitas coisas! Eu ainda ouço muitos discos que eu comprei quando era mais novo. Recentemente, tenho ouvido uma garota chamada Emma Ruth Rundle, que eu realmente amo. Ela é uma cantora e compositora e ela tem uma música com uma atmosfera mais pesada e acho que ela é ótima. O que mais eu ando ouvindo? [pensando]
A Emma é do Canadá? Nunca havia ouvido falar dela…
Dallas: Não, ela é dos Estados Unidos! E, bom, tem alguns novos discos que tenho ouvido, como o novo do High on Fire, que é muito bom. Então, estou sempre ouvindo uma mistura de diversas coisas que eu já gostava, mas também procurando novos artistas.
City and Colours já fez alguns shows no Brasil! Possuem planos para voltar?
Dallas: Com certeza! Definitivamente! Assim que eu puder, estarei de volta. É um dos meu lugares favoritos.
Você conhece e ouve algum artista ou banda brasileiros?
Dallas: Acho que voltamos naquela coisa de ouvir o que eu ouvia quando era mais novo, então tem o Sepultura, obviamente. Mas acho que tem coisas também que eu ouço e nem percebo que são brasileiras. Sei que Sepultura pode ser uma resposta óbvia, mas tendo a minha idade, vindo de música mais pesada, eles fizeram parte desse começo da minha vida, onde esse estilo tomou conta de mim.
O que você mais se recorda dessas passagens pelo Brasil?
Dallas: Acho que o que eu mais me lembro é o quão apaixonadas por música as pessoas parecem ser. Eu sou sortudo de ter viajado para vários lugares, ao invés de apenas tocar no meu porão, mas sempre tem um sentimento especial quando você vai para algum lugar pela primeira vez.
Acho que o momento bonito de verdade para mim é que eu estou cantando música sobre coisas que aconteceram comigo e estou cantando em inglês, mas me lembro de estar no Brasil pela primeira vez, onde obviamente falam português, e ouvir as pessoas cantando essas palavras de volta para mim numa língua que não falam, necessariamente. Ter esse sentimento de que estão se conectando com qualquer coisa que eu estiver cantando, a melodia, as palavras, ou simplesmente o sentimento, isso é algo que eu sempre vou apreciar.
É isso que penso sempre que ouço City and Colour! É sobre a emoção, sem se importar tanto com a barreira da linguagem. Sobre conectar com essas emoções.
Dallas: Sim, é isso que eu quis dizer. É um sentimento tão lindo saber que é simplesmente isso! Emoções. Porque eu sinto que quando estou lá tocando, estou sentindo aquela emoção. É algo indescritível. Você se sente de certa maneira e precisa reagir a isso, e é assim que me sinto quando estou lá [Brasil] cantando.
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