A Daparte é uma das bandas que vem fortalecendo a cena musical mineira. Com um álbum de estúdio, um EP lançado na pandemia e seu segundo álbum a ser lançado em breve, os músicos se juntaram à Lagum, seus conterrâneos de Belo Horizonte, para lançar o novo single “Nunca Fui Desse Lugar” nessa sexta-feira (26).
A Nação da Música conversou com o vocalista Juliano Alvarenga por telefone para falar sobre a parceria, o novo álbum e os planos futuros da Daparte. Confira a entrevista na íntegra.*
Entrevista por Gabriela Marqueti.
*Alguns trechos exatos da conversa se perderam por conta de uma falha na captação de áudio, portanto o contexto da fala é descrito em alguns pontos.
———————— Leia a íntegra:
Oi Juliano, tudo bem? Obrigada por falar com a Nação da Música!
Juliano: E ai, Gabriela? Tudo bem? Eu que agradeço!
Você tá animado pro lançamento?
Juliano: Nossa, eu tô muito animado! Eu tô aqui no escritório com o baterista e o Fernando, a gente tá assim… Nem café tá dando pra tomar por conta da ansiedade [risos].
Amanhã a Daparte vai lançar “Nunca Fui Desse Lugar” com a Lagum e a junção das duas bandas resultou em algo bem legal, combinou muito com as duas. Como foi que surgiu essa parceria?
Juliano: Essa ideia já existe há um tempo. […] A gente tem uma amizade que já tem 4, 5 anos. A gente é muito amigo. [Juliano menciona que as pessoas de Belo Horizonte sempre pediam uma parceria entre as duas bandas] E a Daparte ia lançar o disco há um ano atrás, decidimos lançar esse ano, e esse disco já tinha o feat, foi até gravado no ano passado, e na hora de pensar o feat. que a gente ia fazer, a gente virou um pra cara do outro e falou “não dá pra deixar o Lagum de fora”. Fizemos o convite, eles toparam e a gente fez uma faixa que meio que uniu a nossa amizade, especialmente a minha amizade com o Pedro e com o João, que também participou.
O que aconteceu é que esse amigo nosso tinha uma música, a gente entrou no estúdio de outro amigo pra gravar uma demo dessa música e essa demo foi gravada uns quatro anos atrás, então foi meio que nesse momento do estúdio que a gente ficou muito amigo e a partir disso a gente só foi ficando mais amigo, se encontrando nos bares de Belo Horizonte, saindo junto, falando de música… A gente tem um gosto musical bem em comum entre as duas bandas, temos referências parecidas, e acabou que tudo isso culminou na gente gravar essa faixa “Nunca Fui Desse Lugar”, do nosso amigo.
O clipe ficou bem bonito, parabéns! E ele tem várias pequenas simbologias, como as gaiolas, os pássaros e os tabuleiros de xadrez, que vocês estão até usando emojis nas redes sociais. Você pode falar um pouquinho mais sobre ele?
Juliano: A gente quis priorizar a mensagem das duas bandas. [Juliano menciona que a figura do artista solo ocupa muitos espaços, como headliners de festivais] A gente tem muita fé que banda é uma coisa muito legal, especialmente em Belo Horizonte. O público aqui tem muito carinho pelas duas bandas, a gente viu o crescimento meio que junto também; bandas novas tocando músicas das duas bandas em escolas, em universidades, e a gente meio que quis priorizar essa coisa de banda.
Então, no vídeo aparece o pessoal todo tocando, das duas bandas, e paralelo a isso a gente tem que falar também sobre a letra da música, que fala do sentimento de prisão que às vezes a gente sente quando tá num relacionamento, de que é uma pessoa que a gente não se resolve, é um conflito que vem e vai a todo momento e enquanto isso não se resolve a gente se sente meio sufocado. Então, começa com uma cena eu e o Pedro amarrados em um laço que é pra representar esse sentimento de estar preso e o ator vai aparecendo também de uma forma meio enigmática, ninguém sabe quem é aquele cara que tá ali escorado no canto e tal, e é esse cara que a gente tá representando. Tem uma gaiola, um pássaro preto, e ao longo do clipe mostra o desentendimento do casal, eles brigando, eles felizes na cozinha e nisso também mostra alguns momentos bons que eles viveram e acaba com um beijo, que é eles voltando, eles se entendendo, e que a parada é que eles têm que ficar junto mesmo.
Sobre as peças de xadrez, elas incorporam de certa maneira como um jogo porque o relacionamento, de certa forma, é um jogo também, é uma guerra. O xadrez é um jogo de guerra. E acho que esse clipe tem essa coisa. Eu acho que as pessoas podem interpretar como quiserem o xadrez. Eu interpreto como isso; as pessoas estão jogando, o que vai acontecer? Mexe uma peça pra um lado, mexe uma peça pro outro… E isso despertou uma curiosidade muito grande nos fãs. O pessoal acha que é uma referência àquela série da Netflix [O Gambito da Rainha]. Cada um interpreta como quer, mas a verdade é que a gente criou aquilo ali viajando numa coisa de ritmo porque a bateria faz um ritmo e a gente quis fazer o ritmo das peças junto com o ritmo da bateria, e acabou que criou um conceito. Eu acho que isso é interessante, mas eu acho que o grande lance do clipe ali é as bandas tocando. Acho que a energia ficou muito legal. Aquela quebração de pau acontecendo na cozinha e a gente ali, as duas coisas acontecendo em paralelo.
Vocês disseram que esse é o primeiro single do álbum da Daparte que vai ser lançado em 2021. Ele chega nesse primeiro semestre ainda?
Juliano: Ele chega esse semestre! O plano é que ele seja lançado todo esse semestre agora. A gente vai lançar uns formatos compactos, de EPs. Vamos lançar essa faixa sozinha, mas o próximo lançamento já vai ter duas músicas, depois de um mês a gente lança mais duas e depois vai ser o disco todo. A gente entende que hoje, pelo perfil dos fãs, eles consomem música a todo momento, então lançando o álbum em formato de singles e de compactos a galera vai ouvir mais o álbum. A gente despejar 13 músicas do nada agita o público e a galera às vezes não vai ouvir tudo. Muitas músicas se perdem ao longo do disco. Isso já aconteceu com muitas bandas antigas, de lançar um disco e apostar no single errado e o disco ser um fracasso e o single bom ficou no disco e ninguém conhece.
O que nós podemos esperar do novo álbum da Daparte? O que você pode me contar sobre ele?
Juliano: Eu acho que as pessoas podem esperar algo que fala sobre relacionamentos, sobre nossas vidas pessoais, de uma maneira coerente que eu acho que tem a nossa identidade implementada nas músicas. Enquanto letra e melodia, também. Acho que as melodias são muito boas, tem canções que são excelentes, que são tocantes, que fazem refletir e parar pra ouvir mesmo, como também tem músicas mais divertidas, músicas mais zoadas, com um lance praiano, uma energia mais descontraída. Acho que a gente mesclou esses estilos que, afinal de contas, são coisas que a gente gosta de ouvir também, a gente é uma banda que ouve muita coisa versátil e não deixa de experimentar coisas também, então tem música lenta, tem música rápida e é algo que eu acho versátil. Acho surpreendente também, eu gosto muito disso. Tô bem animado pra lançar.
Ele é o mesmo álbum que vocês estavam prontos pra lançar em 2020 ou vocês mudaram algumas coisas?
Juliano: A gente praticamente manteve as músicas que foram gravadas em 2019. Gravamos outras que acabamos de compor no final de 2019 e chegamos a gravar tudo em 2020. E quando a gente finalizou o álbum […] São as nossas músicas novas que a gente fez durante a pandemia. Então não teve tanta coisa que mudou. O álbum tá amarrado e engatilhado meio que desde 2020. A pandemia mexeu com todo o planejamento de todo mundo e o nosso não foi diferente. A gente achava que esse ano seria um ano melhor para lançar o álbum, que teria volta de shows, mas a gente não viu isso ainda, e agora a gente sentiu que não dá pra esperar mais. A gente já tá com essas coisas na mão há muito tempo e a hora de lançar é agora.
Eu sei que é meio difícil pensar nisso agora porque a gente não tem muita certeza de nada, mas vocês têm alguma agenda de shows ou algum outro planejamento para divulgar o álbum novo?
Juliano: A gente conta que no final do ano, talvez os shows possam voltar. A gente sonha, né? Enquanto isso não acontece, o nosso meio de conversar com nossos fãs, de propagar nossas músicas, é através do YouTube, do Spotify e do Instagram mesmo. Acho que é o que muitos artistas vêm fazendo. Eu vejo que alguns deixaram até de lado, ficaram menos ativos, mas a gente vai lançar esse disco e vai ficar a toda no Instagram. A gente vai lançar conteúdos diferentes no YouTube falando pras pessoas como a gente criou as músicas, como a gente toca as músicas. Vamos falar de referências também, coisas que a gente ouve durante a pandemia.
No nosso meio o único jeito de estar ali é no YouTube, é conversar com as pessoas no Instagram. A gente tem uma live com a Lagum na sexta-feira. A gente tentou o drive-in, tinha lives com a banda também, mas agora a gente se sente meio desnorteado. Eu acho que a live deu uma decaída, o drive-in não tem muita gente fazendo também. A gente foi a primeira banda aqui em Belo Horizonte a fazer o drive-in, a gente tá sempre ligado nas coisas novas e nos formatos novos que estão surgindo na pandemia e não vai ser diferente agora. Agora, essa live que a gente vai fazer com o Lagum sexta, é importante frisar que ela não é uma live com banda, é uma live do Instagram mesmo e a gente vai falar da música, do lançamento e tal. Pro pessoal não achar que é uma live tocando.
Nós podemos esperar músicas parecidas com “Nunca Fui Desse Lugar” no álbum da Daparte?
Juliano: A gente é uma banda que gosta de inventar músicas diferentes então eu acho que nada é muito parecido. Ao mesmo tempo, eu acho que essa canção tem uma pegada melódica que tem em vários pontos do disco porque a gente acaba se envolvendo. Não que eu ache que seja muito parecido, mas tem algo em comum, sim. Inclusive tem uma música no disco que eu fiz com o autor dessa música, que é um amigo nosso, o Júlio, e tem uma música no disco que é uma composição minha, dele e do Bernardo Scipriano, que é o tecladista da banda. Então tudo já tá no sangue, todos os amigos lançando, a gente fazendo coisas que envolvem referências parecidas também. Tem sonoridades nessa faixa que vão ser vistas no disco também.
Você gostaria de mandar algum recado pros os fã da Daparte?
Juliano: Pessoal, essa é uma música que eu tenho um carinho enorme, uma música que juntou as duas bandas além da justificativa só dá música, mas também pela amizade que foi construída entre a Daparte e a Lagum. […] Deem bastante views, ouçam bastante! […] A gente tá muito feliz de fazer esse feat com a Lagum, que é uma banda que a gente tem muito carinho, uma banda gigante no cenário nacional. Um abraço pra todo mundo, entrem no nosso canal do YouTube, se inscrevam e compartilhem [a nova música]. Um abraço.
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