Entrevistamos Hate Moss sobre novo disco, influências e shows no Brasil

hate moss por eleonora rossi
Foto: Eleonora Rossi

A banda Hate Moss, formada por Tina e Ian Carvalho, acaba de lançar o seu primeiro disco da carreira, intitulado “Live Twothousandhatein”. O trabalho foi gravado numa sessão ao vivo de duas horas em Florença, na Itália.

Tina e Ian são radicados em Londres e, nas letras, usam diversos idiomas, como inglês, italiano, espanhol e português! A Nação da Música conversou com eles sobre como funciona o processo de composição deles, como foi gravar o álbum numa tomada só e também sobre as bandas brasileiras que eles mais gostam.

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Entrevista por Marina Moia.

—————————– Leia a íntegra:
Olá, tudo bem com vocês? Obrigada por falarem com nós da Nação da Música! Hate Moss acaba de lançar o primeiro disco da carreira e a minha primeira pergunta é: qual o significado do nome “Live Twothousandhatein”?
Ian: Olá, é um prazer ter a oportunidade de falar e divulgar nosso projeto com vocês. O jogo de palavras criado entre two thousand eighteen (2018)  – ano em que o projeto nasceu – e twothousand HATE IN, aconteceu de um jeito natural e satírico. O ano passado viu surgir uma predominância de uma nova onda política construída sobre o ódio entre classes sociais. A ignorância leva a desconfiar, a desconfiança leva ao medo, o medo leva à raiva, que leva ao ódio. O ano passado foi um “switch in” (como se fosse um aplicativo na modalidade “on”) que nós, de um jeito “artístico”, criticamos e denunciamos com esse título.

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O álbum foi gravado numa tomada só em Florença, uma decisão bem ousada. Como foi realizar o trabalho desta maneira? Era algo que vocês sempre quiseram fazer ou aconteceu espontaneamente?
Tina: Esse álbum foi gravado em 2 horas. Isso foi possível porque nós queríamos fixar no tempo o formato ao vivo que propusemos durante nossa primeira tour no Brasil (agosto e setembro 2018). Sendo acostumados a montar os instrumentos e tocar – tudo feito com um tempo bem curto – não tivemos dificuldades em realizar essa gravação. Aliás, os amigos do estúdio nos deixaram à vontade, criando um clima familiar, o que ajudou a captar uma boa energia. 

Nossa proposta musical é formada por bateria, duas vozes e loops e partes pré-produzidas, que eu mando e mix ao vivo. Essas partes foram gravadas por amigos, colegas, músicos brasileiros, italianos e ingleses que participaram da gravação das pré-produções. Então quero dizer, o nosso live foi gravado em uma tomada só, mas utilizando gravações feitas anteriormente também. 

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Como funciona o processo criativo da banda? Como é a dinâmica entre vocês dois?
Tina: Falando do álbum que acabamos de lançar, o processo criativo chegou mais pela cabeça do Ian, porque esse álbum é na realidade o álbum do projeto solo dele, Ian Carvalho Project, que decidimos lançar juntos como Hate Moss. Viajando e trabalhando juntos, estamos criando uma afinidade que nos está levando a criar novas músicas bem diferentes. Acho que o próximo álbum vai ser bem mais experimental.

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Vocês misturam diversos idiomas nas músicas e acho isso bem interessante e algo que tem crescido na indústria. Essa mescla de idiomas acontece naturalmente na hora de criar as faixas?
Ian: Tenho a sorte de ser meio italiano e meio brasileiro, vivo em Londres já faz uns 8 anos, além de ter estudado línguas e literaturas na faculdade. Os meus textos são parecidos a sonhos, em termos de estrutura, e comigo acontece que sonho misturando as línguas e às vezes nem lembro em que idioma sonhei. Acho isso muito interessante porque quando acordo, a mensagem chegou e está na minha cabeça aquele sonho, com aqueles discursos e frases, só que quando chego a reescrever o sonho… não consigo, daí nasce essa mistura. 

Comecei anos atrás a escrever misturando os idiomas que falo, se não gosto de uma palavra, busco a mesma palavra em outro idioma. Claro, nem sempre faço isso, temos também letras que estão escritas todas em italiano ou todas em inglês, por exemplo.

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Quais são as maiores influências da banda atualmente? O que vocês mais ouvem?
Tina: Nesse momento, estamos escutando muita música de bandas underground (ainda), muitas dessas bandas estão nas nossas playlist do Spotify. São bandas que conhecemos e dividimos o palco e noites. 

Ian: Tivemos a possibilidade de fazer uma turnê na Turquia no mês passado e lá descobri várias bandas muito interessantes que estão também nas playlists, só procurar no site do nosso selo.

Logo vocês farão novos shows no Brasil, inclusive em festivais como o Locomotiva. O que os fãs podem esperar das apresentações?
Tina: Essa tour vai ser muito interessante também, porque vamos ter outro membro na banda, Iury, que nos acompanhará nos sintetizadores e baixo, criando assim uma pegada mais electro e dando a possibilidade de experimentar mais com as improvisações. Dito isso, acho que o público vai dançar, gritar e pular muito!

Quais artistas e bandas brasileiras vocês mais curtem? Gostariam de fazer parceria com alguém no futuro?
Ian: Gostamos muito de Odradek, Rakta, Boogarins, Carne Doce, Almirante Shiva, E a terra nunca me pareceu tão distante e muitos outros… E gostaríamos de fazer parceria com todos, estamos sempre disponíveis para gravar material junto a outras bandas, além de dividir o palco. 

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Gostariam de deixar um recado para os leitores da Nação da Música?
Tina: Agradecemos ao Nação da Música e seus leitores. Estamos esperando vocês nos shows e queremos aproveitar para divulgar nosso site, onde podem encontrar todas as informações e datas. Queremos também lembrar a todos o quanto é importante o apoio da galera pela divulgação da cultura e subcultura. Apoiem sempre a cena independente! Um grande abraço!

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Marina Moia
Marina Moia
Jornalista e apaixonada por música desde que se conhece por gente.