Entrevistamos Jota Quest sobre “Imprevisível” e próximo disco

Jota Quest
Foto: Divulgação.

No começo do mês de fevereiro, a banda Jota Quest lançou a música inédita “Imprevisível” nas plataformas digitais, acompanhada de videoclipe. A faixa estará no próximo disco de estúdio dos mineiros, que tem previsão de lançamento para junho deste ano.

“Imprevisível” chega depois das canções “Guerra e Paz” e “A Voz do Coração”, que conta com a participação do rapper Rael. A Nação da Música teve a oportunidade de conversar com o vocalista Rogério Flausino sobre o novo single, o que podemos esperar do disco inédito e também sobre as mudanças durante a quarentena.

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Entrevista por Marina Moia.

—————————————– Leia a íntegra:
Oi, Flausino! Vamos começar falando de “Imprevisível”, que foi lançada recentemente! Ela segue um ritmo diferente das duas anteriores que vocês lançaram na pandemia, “Guerra e Paz” e “A Voz do Coração”. Como foi a criação desta música, a partir do poema do Airton Bovo?
Flausino: Na verdade, essa música foi uma das primeiras da demo. Nós estamos fazendo um disco! Desde finalzinho de 2019, nós começamos a trabalhar no disco. E fizemos uma demo com umas 12 músicas e essa “Imprevisível” foi uma das primeiras a serem trabalhadas. Eu conheci o Airton numa situação totalmente… não foi na night [risos]! Ele disse que conhecia a Simone, que fez a arte do primeiro álbum e perguntou se podia me mandar uns poemas. Eu falei que seria um prazer e ele mandou este poema, esta ideia do imprevisível e tal, de forma bem poética. Eu o avisei que “ia dar um tapa” naquilo e ia transformar em letra de música. Fiz a canção, joguei na demo, a galera gostou e ela foi evoluindo. Com o lance da pandemia – esse disco já era pra ter saído em junho ou julho do ano passado – a gente mudou a ideia e decidimos ir de single em single. Resolvemos esperar para ver como tudo ia acontecer porque geralmente a gente lança o disco e saímos em turnê com ele. Como isso não poderia ser feito, fomos lançando uma por uma. Primeiro veio “A Voz do Coração”, depois “Guerra e Paz” e aí a “Imprevisível” foi crescendo neste período. Talvez era pra ele ter sido lançado no final do ano passado, mas decidimos esperar o começo deste ano, para começar com um astral e uma ideia de renovação. Essa ideia de que todo dia é dia de um novo amor. É amor de casal, mas pode ser amor pela vida, amor pelo futuro positivo… Ela traz essa carga e achei que era melhor começar o ano com ela, do que terminar aquele ano que foi tão difícil.

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Musicalmente falando, em termos de arranjo, foi uma evolução incrível também porque ela começou de um jeito mais lento, mais suave, e foi ganhando esse groove, essa coisa meio disco. Por último, entrou essa guitarra bem futurista, que tem delay, que tem esse ar moderno, olhando pro futuro e uma sonoridade nova. Ela tem o Jota, que é o groove e o alto astral, mas ela tem uma pegada sonora futurista. Não que o disco seja todo assim, mas acho que ela tá mais próxima de “Guerra e Paz” do que “A Voz do Coração”. O disco tem mais uma ou outra deste tipo, mas também canções mais leves, baladas românticas. O disco está muito gostoso e ele chega aí até junho, se Deus quiser a gente acaba de fechar tudo. Eu acho que “Imprevisível” está sendo uma peça fundamental de apontamento do disco.

O clipe também tem essa vibe futurista, com as luzes e imagens. Ficou muito bonito.
Flausino: O Conrado [Almada], que é nosso parceiro de outros carnavais, a gente fez “La Plata” e “Vem Andar Comigo” juntos, que são dois clipes grandes da nossa carreira. Mas eu acho que nesse ele arregaçou [risos]. Claro que a gente trabalha com essas coisas gráficas, mas o time lapse das coisas acontecendo rapidamente e também em câmera lenta, é a coisa do tempo passando, que a imprevisibilidade está ligada a isso. Ele arrebentou. Tem flor se abrindo, o carnaval, aquela coisa das lâmpadas, uma coisa das estrelas, algo que ficou meio místico. Ficou algo moderno, bem astral mesmo. Eu ainda to absorvendo tudo também. Cada dia que eu assisto, sinto uma coisa, sempre boa. A gente tá muito feliz com o resultado.

Quero saber deste novo álbum do Jota Quest, que já está sendo preparado, produzido pelo Paul Ralphes. O que pode nos contar sobre ele? Algum spoiler?
Flausino: Está sendo muito legal trabalhar com o Paul. É a nossa primeira vez. Ele é inglês, mas mora no Brasil há uns 25 anos. Já trabalhei com muita gente do Brasil e da gringa também. Ele é muito bom de trabalhar e de conviver e isso pra uma banda é muito importante. Nós já somos cinco e o pau já quebra, então precisa entrar alguém que seja pra unir, não para colocar um contra os outros. Ele sabe a presença de cada um ali. Ele é um cara muito sutil, é minucioso. Está sendo muito bacana. O resultado das três canções que lançamos até agora são excelentes dentro da história da banda. Todos nós estamos muito felizes.

Eu acho que esse lance de fazer de pouquinho em pouquinho está sendo muito bom. Geralmente você junta a galera, passa seis meses trabalhando nas músicas, faz a mixagem, fecha o pacotão e lança. Só depois você vai ver onde você acertou e onde você errou. Poder fazer de pouquinho está muito bom. Fizemos “A Voz do Coração” e ficamos nela, depois veio “Guerra e Paz”, mesma coisa. Agora chega “Imprevisível”. Quem dera se a gente pudesse fazer o disco inteiro assim [risos]. Mais cedo ou mais tarde a gente tem que colocar esse disco inteiro no mundo.

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Como eu te falei, ele tem mais umas duas canções moderninhas e tem também aquela coisa de “canção do Jota Quest” que a galera gosta muito também. Tem alguns experimentos também, música para ouvir na praia e tem um pouco de cada coisa. Como a gente deu um tempo, existem canções novas. A gente compôs algumas músicas no segundo semestre pra cá e a nossa expectativa agora depois do Carnaval é entrar no estúdio e dar uma geral. Acredito que a gente vá trabalhar em mais umas seis músicas que não estavam na demo ainda e a gente pode ter boas surpresas. Essa reta final do disco vai ser isso: pegar essas canções novas e colocar pra competir com as que já estavam ali.

Voltando um pouquinho em “A Voz do Coração” contou com a participação do rapper Rael! Como foi trabalhar com ele, principalmente nesse contexto da pandemia? Gostaria de saber se tem mais alguma parceria no disco também!
Flausino: A gente está olhando para algumas canções e pensando que podemos ter algumas participações especiais, como foi com o Rael. Ainda não fechamos isso. O lance da pandemia mexeu demais com essa dinâmica, que como te falei no começo, a gente prepara um álbum, lança e daí vai pra estrada, vai pra rua. Fazemos shows, fazemos programas de TV, tocando com a plateia ali, você vai pra rua! O momento em que estamos vivendo não permite que as coisas sejam feitas desta forma. O disco vai sair quase com um ano de atraso, como te falei. A gente achou que logo voltava ao normal, fomos empurrando, esperando, na expectativa de que possa ter melhores veículos para conversar e divulgar esse trabalho. É o que a gente está fazendo. A música vai estrear no rádio nesta semana e geralmente a gente faz essa turnê de rádios, vai pra São Paulo, passa dias nisso, gravando programas. E isto está complicado. A gente faz por telefone, algumas instalives da vida. Vai fazer um ano que estamos assim. Nos dias 15, 16, 17 de março foi quando fizemos os últimos shows presenciais. É um negócio muito doido [risos]

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Nestes 25 anos de carreira do Jota Quest, vocês obviamente nunca iriam imaginar que estaríamos vivendo uma pandemia. Fora a questão da saúde, é algo que alterou completamente o estilo de trabalho dos músicos e das bandas. Como vocês estão se adaptando nesse novo estilo de vida, como músicos, e como está sendo agora depois de quase um ano de pandemia?
Flausino: Não que a gente não esteja trabalhando, tudo é trabalho, a gente fez as lives da banda abertas ao público, fizemos algumas lives fechadas, que chamamos de lives corporativas, aconteceu tudo isso e foi bacana. Mas o Jota Quest nunca tinha ficado mais de 3 meses sem fazer um show na vida e de repente vai bater agora um ano sem fazer show. Antes de tudo isso eu até tinha falado pra gente tirar umas férias, dar uma paradinha, mas agora foi demais [risos]!

Nossa categoria dos artistas, músicos, promotores de evento, estamos sofrendo demais, economicamente falando, psicologicamente falando, e nós seremos os últimos a voltar. [Pelo menos] quem faz o trampo com responsabilidade e quer cuidar de si e dos outros, porque tem muita gente que não está respeitando porra nenhuma. Eu até entendo, mas preciso que a gente respeite algo que é maior do que a gente. Tanto que os grandes festivais, corporações, casas, têm respeitado os protocolos de verdade. Houve uma pequena abertura no final do ano, alguns eventos começaram a acontecer de forma mais controlada, mas depois teve que fechar de novo porque a onda aumentou. Isso é uma coisa mundial, não só no Brasil. Os grandes festivais não estão acontecendo. Temos expectativa por exemplo com o Rock in Rio que está marcado para setembro/outubro, mas não sei se vai realmente acontecer. Mas não podendo, assim que puder, vai acontecer. Assim como todos os outros festivais e eventos. Até lá, a gente precisa… no nosso caso, estamos produzindo, lançando [músicas]. Temos uma posição privilegiada, o Jota é uma banda grande e temos como nos virar. O que me preocupa são os pequenos, quem está começando, que ainda não desenvolveram muitas coisas, dos shows. A galera é fundamental. A gente tem que aguardar mais um pouquinho e daqui a pouco estamos curtindo e aglomerando novamente. Do jeito que é bom.

A gente estava pra fazer nossa turnê Jota Quest 25 anos em julho, agosto, setembro e outubro de 2020. Íamos fazer em 2021, mas já conversamos aqui e vai ser em 2022. A turnê já vai ser comemorativa de 27 anos [risos]. Até lá a gente vai decidir exatamente como vamos chamar. O fato é que será uma grande celebração de retorno, de celebrar a carreira, o futuro, a vida, as coisas que são importantes. Fazer um show bem legal, construir um negócio bacana, novo, diferente de tudo que a gente já fez. Já fizemos várias reuniões com nossos diretores e parceiros sobre esse grande show que vem por aí. Mas pro ano que vem. Pra não montar o lance sem a perspectiva de que você e todo mundo realmente vai estar seguro. Enquanto isso não acontecer, não tem condição. Não dá pra ficar tranquilo sabendo que as pessoas podem correr algum risco.

Falando sobre os 25 anos de carreira, que logo chegam nos 27, eu tenho 28 anos e cresci ouvindo Jota Quest, fez parte da minha geração também, assim como meus pais ouvem também.
Flausino: [risos] Que ano você nasceu?

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Eu nasci em 1993! Faço 28 em março.
Flausino: Na verdade, o Jota tem dois aniversários. Em 1993, em outubro, eu entrei na banda e aí a gente gravou a primeira demo. Mas quando falamos dos 25 anos que a gente comemora é o lançamento do primeiro disco, aquele da peruca, o “J. Quest”. Quando falamos 25 anos, fica no meio do caminho [risos]. Eu já to achando que em 2022 a gente vai ter é que comemorar 30 anos! [risos].

Vocês são um encontro de gerações, assim como Paralamas, Titãs, Capital Inicial, entre outras. Como é pra vocês ver nos shows tanto as pessoas que têm a mesma idade do Jota Quest, como pessoas bem mais velhas e também jovens de 13, 14, 15 anos?
Flausino: É uma coisa tão legal. Porque quando você está começando, você não pensa nisso, de que quando passar 30 anos você vai estar fazendo show pra gente de tudo quanto é idade. Você não pensa nisso. Você está fazendo seu primeiro disco, depois o segundo, a vida vai acontecendo. E tem a ver também com a nossa música nova, “Imprevisível”. Quando é que você ia imaginar o tanto de coisas que poderiam ter acontecido nesses quase 30 anos e a gente poderia não estar aqui. A banda poderia ter brigado, separado, alguém poderia ter sido atropelado, sei lá! Mas estamos aqui. Estamos felizes, unidos, continuamos fazendo música juntos, cheios de ideias e planos.

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A gente sobe no palco pra cantar e tem música de 10 anos, 20 anos, por aí vai. Isso de alguma forma fez parte da vida de alguém. Da nossa, é indiscutível. Quando você canta a música, você lembra do que aconteceu quando gravou, como foi lançá-la. É a nossa vida. Agora, quando isso passa a ser a vida dos outros, é bacana demais. A gente tem que agradecer muito essa oportunidade de poder fazer isso.

O John Lennon morreu em 1980. Fazia 10 anos que os Beatles não faziam show, estavam separados. A banda durou 8 anos e fizeram tudo aquilo que fizeram. Deram uma separada e fazia 10 anos que não tocavam. Em 1982, os Stones fizeram a primeira turnê em estádio de uma banda. E quando os Beatles pararam de tocar, é porque não tinha como mais. Não tinha estrutura pra fazer show pro tanto de gente que queria vê-los. Ficaram no estúdio, fizeram aquele monte de disco foda. Eu falo o seguinte, que os Beatles iam ver aquela turnê dos Stones e iam falar assim: “galera, acho melhor a gente voltar!”. Eu tenho certeza que eles iam voltar [risos]. Mas por que estou falando isso? O John morreu. Não tem jeito de voltar. E isso é uma merda.

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Então a gente tem que acordar e agradecer todo dia que a gente está vivo, com saúde, cantando essas músicas pra galera. Agora não tá podendo? Beleza, mas logo vai poder de novo. Ver filho, tio, pai, avô, cantando junto. É fantástico. Eu agradeço da gente ser uma banda popular, de todo mundo. A gente se formou e ficou assim, não foi programado. Não somos uma banda alternativa que só um tipo de galera curte. E isso é muito bom. Eu sou e estou muito feliz.

É muito importante que bandas como vocês continuem fazendo música, afinal com a pandemia e a quarentena, é um momento que estamos ouvindo muita música em casa também. É uma válvula de escape e eu fico muito feliz quando converso com músicos e vejo que eles não pararam. Porque é difícil continuar neste contexto em que estamos vivendo, mas um ajuda o outro. Ainda mais o Jota Quest, que é uma banda tão solar e alto astral.
Flausino: Pô, eu agradeço os elogios e a energia. Fico muito feliz!

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Para finalizar, gostaria de mandar um recado aos fãs do Jota Quest que são leitores da Nação da Música?
Flausino: Quero agradecer a Nação da Música que está sempre divulgando as coisas da gente e do mundo pop, da música, da cultura pop. Agradeço vocês demais. É legal que a gente possa ter esse papo aqui porque a gente fica trocando stories [risos]. É um prazer falar com vocês pela primeira vez numa entrevista. Contem sempre com a gente aqui. Manda um abraço pra galera toda da Nação e dos leitores. Vamos ter um pouco mais de paciência porque logo acaba tudo isso e vamos poder aglomerar geral!

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Marina Moia
Marina Moia
Jornalista e apaixonada por música desde que se conhece por gente.