Nesta sexta-feira (05), a cantora Mariana Degani divulga o álbum autoral “OPERA VENUS”, sucessor de “Furtacor”. Ele foi produzido em parceria com Remi Chatain e possui total de 08 faixas, que foi pode ouvir antes do lançamento oficial no final do post!
A Nação da Música conversou com Mariana sobre o processo de produção e criação do disco, o gênero “trop-hop” e também sobre o período de quarentena.
Entrevista por Marina Moia.
—————————————– Leia a íntegra:
Oi, Mariana! Obrigada por falar com a Nação da Música. Você está prestes a lançar mais um disco da sua carreira, o “OPERA VENUS”. Como está se sentindo com este trabalho quase vindo ao mundo?
Mariana: Olá! Obrigada pelo convite. Pra mim, o lançamento de um disco sempre é um misto de emoções. Um trabalho que leva tempo para ser construído, que envolve diferentes pessoas, músicas sobre diferentes momentos. Tem um pouco de ansiedade, um tantinho de expectativa e muita satisfação em finalmente trazer aos olhos e ouvidos do público um trabalho gestado com prazer.
Quão diferente foi a criação deste álbum em relação ao anterior, “Furtacor”? Pode nos contar sobre o seu processo criativo nesta obra?
Mariana: “Furtacor” foi um disco criado a partir de uma coletânea de músicas de amigues e parcerias minhas com elas e eles. Atmosferas diferentes que foram costuradas com o “fio Furtacor”.
“Opera Venus” começou a ser construído como um álbum. Uma sequência de músicas que orbitam nessa temática das simbologias venusianas. O planeta, a mitologia, o feminino, o prazer, a beleza… Ele é um universo mais definido. Furtacor é dia. Opera Venus é noite.
Ele começa com a produção da primeira música, “Horda Mulheril” que também foi das últimas a ser finalizadas. Justamente porque foi uma espécie de laboratório musical para entender a sonoridade do disco, que tem a voz como elemento não só melódico, mas também percussivo, gravados e picotados para a criação de beats. Em “Opera Venus” me arrisquei mais como compositora na criação das letras e melodias. Tirando “Cantos às Vadias”, que é um remix do disco Furtacor (parceria minha com Thiago Bandeira e Remi Chatain), todas as músicas são minhas. Tem música que levou meses pra ser composta. Tem música que fiz em 10 minutos. Gosto da ideia de criar um roteiro pro disco, e dessa forma levar o público pra uma viagem, que se amplifica quando se transforma em show. “A música que abre”, “a música que fecha”. O “gráfico sonoro” dessa narrativa. As imagens que o som traz, ou que son que pedem uma imagem.
Como é trabalhar com seu parceiro Remi Chatain na produção e também com Alejandra Luciani na mixagem?
Mariana: Remi Chatain é meu parceiro de vida e criações audiovisuais. E essa parceria se constrói há tempos, paralela a outras coisas que fazemos sozinhes. A intimidade facilita os processos. E é muito bom ir construindo esse trabalho com ele, que é um músico e produtor que admiro muito. Ainda mais quando temos ainda nossa casa/estúdio pra ir tecendo o disco aos poucos, experimentando coisas sem medo de ser feliz e de acabar o tempo de estúdio.
A Ale foi uma ótima surpresa. Na verdade já vinha acompanhando alguns trabalhos dela, e aí entrei em contato pra falar do disco. A gente não se conhecia ainda, e desde o primeiro contato já saquei que seria ótimo ter ela colaborando com esse trabalho. Além de muito talentosa e criativa, entendeu muito rápido o que o disco pedia, trouxe ótimas ideias, e é também uma querida.
Você descreve o som como “trop-hop”. Pode nos falar mais sobre este novo gênero?
Mariana: Quando comecei a pensar no que seria a sonoridade do “Opera Venus”, tive o desejo de revisitar o trip-hop que tanto escutei nos anos 2000. Mas queria muito imprimir a sonoridade brasileira que tanto gosto. E aí vem a “tropicália”, que é até hoje referência para música brasileira. Essa ideia de misturar cultura brasileira tradicional com inovações estéticas, em 2020. O trop-hop é um trip hop tropicalista.
As letras do álbum trazem muito simbolismo e significado. Qual a mensagem que você almeja trazer com esse disco? O que espera que as pessoas absorvam do trabalho?
Mariana: “Opera” além da ópera enquanto espetáculo cênico e musical, vem também de “obra” e “operação”. Venus está ligado ao feminino, ao prazer, a beleza, o acolhimento. Acho que o mundo na forma como opera hoje não está muito bem. Penso que um mundo mais alinhado às simbologias em torno de Vênus pode ser um belo caminho. Quero trazer essa reflexão para o público, para que sejam operadoras e operadores destas mudanças.
Como tem sido este período da quarentena pra você, criativamente falando?
Mariana: Já tinha um calendário de lançamentos programado antes da pandemia chegar. Num primeiro momento repensei se esse seria um bom momento para lançá-lo. E então me dei conta que sim, este disco tinha uma urgência em nascer. No momento estou trabalhando nisso. Repensando em formas de existir enquanto artista, já que o mercado de espetáculos será um dos últimos a se reestabelecer, ainda mais num Brasil (des)governado por um presidente que não só não vê a cultura como indústria e patrimônio, como busca formas de dificultar e calar ainda mais a produção que é feita com muito trabalho e luta.
Ando colaborando com Remi numa trilha sonora para um projeto que ele foi convidado a produzir e também me dedicando em produções visuais, que é da onde eu venho. Inclusive estou produzindo também o material de lançamento de uma coleção de roupas com a estampa “Opera Venus” que produzi para a marca Psicotrópica e será lançada na próxima semana.
Gostaria de deixar um recado aos leitores da Nação da Música?
Mariana: Respirem tranquilamente, especialmente quando o coração aperta. Estamos vivendo um momento difícil e incerto. “Viver um dia de cada vez” está sendo meu mantra de todo dia. Perceber-se. Perceber o entorno. Operar mudanças necessárias em si é, de certa forma operar no todo. E o todo também precisa de nossa atenção de forma mais macro. Prazer, beleza, solidariedade. Sejam bem vindes ao “Opera Venus”. Desejo a todas e todos uma ótima viagem.
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