Entrevista: Paralamas do Sucesso falam sobre novo disco “Sinais do Sim”

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Foto: Mauricio Valladares

Depois de 8 anos sem lançar nenhum disco, a banda brasileira Paralamas do Sucesso está de volta! “Sinais do Sim”, o 21º disco da carreira deles, foi lançado na semana passada e conta com 11 faixas.

A Nação da Música teve a oportunidade de conversar com o baixista Bi Ribeiro sobre o novo trabalho, a turnê que está chegando e também sobre o tempo que a banda ficou sem lançamentos.

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Entrevista por Marina Moia.

————————————————————————————————————— Leia a íntegra

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Como está sendo a semana pós-lançamento do “Sinais do Sim”?
Bi: 
Está sendo muito bom! A gente teve uma repercussão muito boa, tudo que a gente já viu que saiu na imprensa e em termos de aceitação do disco pelo streaming e redes sociais… A gente está tendo uma aceitação muito boa e estamos muito felizes com tudo que está acontecendo!

Os Paralamas ficaram 8 anos sem lançar nada em estúdio. Como esse período influenciou tanto a banda como o álbum?
Bi: 
É um bom tempo, realmente… Mas é que a gente lançou o disco anterior [“Brasil Afora” – 2009], fizemos a turnê com ele por uns dois anos e logo em seguida veio os 30 anos [de banda]. A gente quase que perdeu essa data por causa dos outros shows. Mas a gente viu outros fazendo, como Kid Abelha, Barão [Vermelho], Titãs, todo mundo que fez comemorações de 30 anos e dai a gente falou “vamos fazer também!”. Não queríamos deixar essa data passar porque é uma data marcante e sei lá qual vai ser a próxima [risos].

A gente bolou o show de 30 anos, que foi uma coisa que deu um trabalho grande e ficou muito bom. Nosso conceito ficou muito bom. A gente não conseguia mais parar com ele. Era visualmente muito interessante porque passavam imagens de toda a nossa carreira e a gente percorria músicas de todos os discos e era um show muito interessante. A demanda foi muito grande e a gente não conseguia parar com ele. Mesmo assim, a gente começou a se encontrar aqui onde estamos agora, na casa do João Barone, pra já ir trazendo ideias porque o Herbert vai escrevendo, escrevendo, escrevendo, e a gente decidiu pensar em algo mais centrado.

Nós continuamos fazendo os shows e de uns dois anos pra cá, a gente começou a se reunir mais aqui e começou a juntar as músicas, somando à outras, até que achamos que era o momento que já tinha um material bastante bom pra fazermos uma gravação.

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Nesse tempo todo, então, o que se passou foi isso aí. Esse momento comemorativo, o outro disco que a gente tava tocando… Depois a gente acabou se encontrando aqui umas duas vezes por semana e reunimos esse material que acabou sendo o disco.

Pela primeira vez, vocês trabalharam com o produtor Mario Caldato Jr.. Como foi a experiência?
Bi:
 Foi maravilhoso ter trabalhado com ele! O objetivo de chamar uma pessoa diferente do maior convívio foi porque os últimos a gente vinha fazendo com só dois, o Liminha e o Bartolini, que são pessoas que a gente conhece há muitos anos e temos liberdade, interação e uma amizade mesmo com eles. Mas a gente queria trazer um oxigênio diferente pro nosso núcleo pequeno de nós três. Nós estávamos bastante avançados nas composições e quisemos chamar alguém pra ter um olhar de fora, participar com uma outra identidade e trazer uma coisa diferente e não o que a gente já está acostumado.

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Foi uma provocação mesmo pra gente. Ele foi maravilhoso! A gente já se conhecia um pouco, mas passamos a conhece-lo melhor ao longo do trabalho. Ele veio aqui um tempo antes da gravação e durante a gravação ele foi maravilhoso com o Herbert, muito atencioso. Ele deu muitas asas a tudo que a gente tava pensando e também demos muita força a ele para imprimir tudo que ele quisesse da personalidade dele, que ele interferisse bastante artisticamente. Foi muito feliz, muito bacana, foi maravilhoso 100%.

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Sei que pode ser difícil escolher, mas já tem alguma música favorita do disco?
Bi: 
Não, ainda não! [risos] Isso acontece, às vezes, mais tarde, quando estamos tocando. Muitas delas nós vamos tocar no show novo e aí você acaba pegando uma como “xodó”. Mas por enquanto é bem difícil, realmente está muito próximo da conclusão do disco. Não posso dizer que tenho uma favorita não. Sou pai de todas!

Poderia nos dizer quais bandas e artistas influenciaram vocês em “Sinais do Sim”?
Bi: 
Este disco é um pouco diferente dos nossos últimos trabalhos e até de quase tudo que a gente já fez. Sem querer, a gente começou a tocar aqui, só nós três mesmo, e veio à tona o lado musical que nos trouxe pra música, que é o lado do rock dos anos 70. Como nós terminávamos as músicas aqui, naturalmente, o que saiu aqui desse período foram essas músicas com tom mais de anos 70, mais rock. O que influenciou a gente foram nossas primeiras influências, como Eric Clapton, Jimi Hendrix, Led Zeppelin…

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Nos primeiros discos, a gente já estava ouvindo outro tipo de música, com uma influência mais moderna. Esse último disco, que é mais novo, remete às nossas influências mais antigas.

Além das músicas autorais, o álbum conta com três músicas escritas por outros compositores. Primeiro, gostaria de saber como e o porquê de terem escolhido “Medo do Medo” e “Cuando Pase el Temblor” pra regravar.
Bi: 
“Medo do Medo” foi uma música que o irmão do Herbert mostrou pra gente como curiosidade, que ele tinha ouvido e achado muito interessante. A gente falou “poxa, podíamos fazer uma versão dessa música!”. A música é um rap de uma portuguesa [Capicua], então é um rap mais tradicional, com uma batida de funk. A gente pegou isso e fez numa levada mais rock, em algo que achamos mais condizente com a letra e com o nosso estilo daqui.

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A letra adaptou ligeiramente também porque em Portugal eles falam ligeiramente diferente da gente, então se você pega a letra original, tem algumas coisas regionais de Portugal que ficam estranhas pra gente falar. O Herbert deu uma adaptada também no jeito que ele canta, então ele deu uma editada e adaptamos pro nosso jeito de tocar. Ficamos muito satisfeitos e resolvemos incluir ela no disco.

A outra música, “Cuando Pase el Temblor”, é uma música da maior banda argentina [Soda Stereo] que teve na história do rock, não só na Argentina como na América Latina toda, incluindo a parte latina dos Estados Unidos. Foi uma banda dos anos 80, 90. Essa música foi uma das músicas mais conhecidas deles. A gente ouviu e já gostava dela, mas a versão original deles é uma coisa mais andina, tem uma flautinha, e a gente deu uma roupagem mais “paralâmica”. É uma música que a gente gostava, que traz muitas lembranças boas da época que a gente começou a ir pra Argentina e a conhecer o trabalho dos argentinos e a ser querido por eles. Foi por isso que a gente resolveu botar essa música.

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Vocês também ganharam uma música do Nando Reis, chamada “Não Posso Mais”. Fizeram alguma adaptação, mudanças, ou deixaram ela como ela veio?
Bi: 
O Nando é um amigo muito antigo, um grande amigo nosso, e a gente já gravou outras coisas dele. Ele soube que a gente estava compondo e ofereceu pra gente. Foi a última música a entrar. A gente pegou a versão que ouvimos, de voz e violão, e fizemos esse arranjo. Mas saiu muito naturalmente, muito rápido. Foi uma coisa que parece que foi a gente que compôs mesmo, por causa da forma fácil de como saiu. Parece que é uma música nossa já e a gente já começou a encara-la assim. Caiu perfeitamente e achamos que ficou muito boa.

Já estão prontos pra turnê? O que os fãs podem esperar dos shows, das setlists? Terão muitas músicas do disco novo?
Bi: 
A gente tem vontade de fazer o show só com música nova, mas não dá pra fazer, a não ser que seja uma coisa extra. Muita gente que vai ao show dos Paralamas, vai para ouvir os clássicos mesmo, como “Meu Erro”, “Alagados”, que são músicas que a gente não pode deixar de tocar e nem vai deixar de tocar. A gente tem que fazer um equilíbrio, então pretendemos tocar mais ou menos metade do disco, umas 5, 6 músicas entremeadas ao longo do show em momentos que a gente tenta achar que é mais apropriado.

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Estamos preparando um show totalmente novo, com cenário diferente, com músicas diferentes, tanto as novas como algumas que a gente não toca há muito tempo também e que o público gosta muito. Estamos quebrando a cabeça aqui pra fazermos um show tão bom quanto era o dos 30 anos.

Gostaria de mandar uma mensagem pros fãs do Paralamas e pros leitores do Nação da Música?
Bi: 
Tudo que a gente faz é decorrente do nosso amor pela música e a gente continua com a mesma intenção de quando começamos, que era tocarmos juntos e tocarmos onde conseguíssemos tocar. A forma da gente perpetuar isso dai é nos sentindo vivos artisticamente. A gente gravou esse disco pra gente mesmo se sentir ativo na arte, na música e não parar de tocar, que é o que a gente gosta de fazer.

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Marina Moia
Marina Moia
Jornalista e apaixonada por música desde que se conhece por gente.