Os franceses da banda Phoenix estão prestes a lançar seu mais novo álbum de estúdio, intitulado “Ti Amo”, no dia 09 de junho. O trabalho é sucessor de “Bankrupt”, de 2013, e promete trazer otimismo, mesmo tendo sido produzido durante épocas turbulentas em Paris, como o ataque terrorista de Bataclan.
A Nação da Música conversou com o baixista e tecladista da Phoenix, Deck d’Arcy, que falou tudo sobre o novo disco e revelou seu amor pelo nosso país.
Entrevista feita por Marina Moia, com perguntas por Maria Victoria Pera Mazza e tradução feita por Marina Moia e Veronica Stodolnik
————————————————————————————————————— Leia a íntegra
Já fazem alguns anos desde que Phoenix lançou um álbum de estúdio. Como foi o processo criativo e no estúdio desta vez? A cidade de Paris estava passando por momentos turbulentos durante as gravações, então gostaria de saber se esta situação influenciou o disco de alguma maneira.
Deck: Sim, com certeza teve [influência]! Quando esses eventos aconteceram, nós estávamos no meio da mixagem do álbum. Nós tivemos que nos questionar o que o álbum seria e qual caminho nós escolheríamos, se faríamos músicas felizes… Nós não vimos motivos para mudar, sabe, era meio óbvio seguir esse caminho. Acho que é um contraste do que aconteceu, algumas pessoas acham que é uma forma de escape, algo do tipo. E ele pode ser! Esse álbum é mais sobre celebrar, de certa forma. Nós nunca pensamos muito sobre isso quando fazemos música.
Dois singles já foram lançados até agora, “Ti Amo” and “J-Boy”, e podemos notar realmente notar uma vibe mais alegre, com influência dos anos 80… Estas músicas refletem o disco como um todo? O que os fãs podem esperar?
Deck: Sim, sim, tem essa vibe. É feliz, mas um pouco melancólico e nostálgico ao mesmo tempo. Da última vez foi algo mais complicado, complexo. E neste disco temos algo mais direto ao ponto, bem simples, com um estilo de conversa. Então, sim, acredito que o álbum tenha esse som. Nós descartamos muitas músicas nesse processo e apenas mantivemos as que tinham essa vibe.
Tanto uma das músicas como o álbum levam o nome “Ti Amo”. Essa inspiração veio de algo ou alguém em específico? E por que vocês escolheram essa música e este nome para o título do disco?
Deck: Nós queríamos dar o nome “Je T’Aime” para nosso último álbum, “Bankrupt”, que tem o mesmo significado de “Ti Amo”, mas achamos que não combinava em nada com as músicas [risos]. Por isso achamos que o título seria totalmente errado. Mas desta vez, estávamos muito mais próximos deste sentimento. E, em relação aos eventos que conversamos no começo da entrevista, acho que era algo que precisávamos no momento. Na verdade, foi bem tranquilo escolher [o título]. Não tivemos que discutir ou nada do tipo, já que era muito óbvio e nós apenas abraçamos a ideia.
Como é para vocês mudar musicalmente? Nem todos as pessoas, nem todos os fãs, reagem de uma maneira boa quando uma banda muda seu estilo musical. Vocês ligam pra isso ou, depois de tantos anos, simplesmente vão e fazer o que querem ouvir?
Deck: Quando começamos um álbum, nós não temos nenhum conceito, nenhuma ideia. A única coisa que tentamos fazer é ir para um lugar novo, onde nunca estivemos antes, e criar uma nova estética, um novo som usando novos instrumentos e até mesmo umas configurações novas; isso é muito importante. Nós não temos uma ideia fixa do que vamos fazer, então vamos improvisando e seguimos o fluxo [risos]. O que for pra ser, será.
Nós sempre conversamos sobre isso; a gente tenta rever nossa química porque estar em sintonia é o melhor jeito para criar. O novo saiu desta maneira, simplesmente. Provavelmente muito mais otimista do que o último que fizemos. Acho que nossos discos talvez sejam sempre uma reação ao disco anterior. “Bankrupt” é muito diferente de “Wolfgang Amadeus Phoenix”, que era meio dark, e o álbum anterior a ele era mais puxado pro R&B. Tentamos sempre fazer algo diferente do que veio antes. E isso é difícil porque temos um DNA, algo que não podemos simplesmente descartar [risos]. Somos a mesma banda, mas o legal tentar sempre ir o mais longe possível.
Sobre as inspirações para “Ti Amo”, poderia me falar quais artistas e músicas vocês mais ouviam durante a criação dele?
Deck: Na verdade, nós não ouvimos muita música quando estamos fazendo um álbum. Ouvimos mais quando estamos em turnê, viajando. Nós não conseguimos largar os clássicos italianos [risos]. Temos dois caras italianos na banda, dois irmãos que são metade italianos, e que me iniciaram nessa cultura. Nós ouvimos muito Lucio Battisti, que eu não conhecia e ele na verdade é super famoso na Itália. Franco Battiato, Lucio Dalla, artistas do tipo. É, eles provavelmente nos influenciaram também. Notamos muitas similaridades, como a estrutura do refrão, a melancolia das melodias.
Phoenix já existe há quase 20 anos. Qual o segredo para estarem juntos há tanto tempo? E como se enxergam daqui 10, 20 anos?
Deck: Daqui 20 anos? Ai, ai, ai. Não gosto dessa pergunta [risos].
Poxa, daqui uns 5 anos então…
Deck: [risos] Sendo honesto, nós todos ficamos bem surpresos por sermos uma banda. Tudo aconteceu muito rápido. A realidade é que começamos quando éramos muito mais novos. É verdade que oficialmente é provável que sejam 20 anos, mas nós nos conhecemos desde que éramos muito jovens. Nós nos conhecemos na escola e começamos a banda nessa época, então já faz muito, muito tempo.
Não sei [o segredo], acho que por sermos amigo, sabe? [risos]. Somos amigos antes de sermos colegas de trabalho, então talvez isso é o que faz a diferença. Nós não achamos um ao outro num anúncio ou num jornal, nós simplesmente somos amigos e crescemos com a mesma educação. Essa pergunta sempre é feita para nós e honestamente, não sei dizer… Nós simplesmente aproveitamos nosso tempo juntos, nos conhecemos há muitos anos. A única coisa que posso dizer, e que nós estamos completamente conscientes sobre, é que separados somos indivíduos fracos, mas juntos com certeza nos tornamos músicos complexos. Nós dependemos disso as vezes, e acho que isso é o que mantém a banda unida.
Vocês já estiveram no Brasil algumas vezes e há boatos que irão voltar no final do ano. É verdade?
Deck: Não sei, mas com certeza queremos voltar. É tão bom tocar no Brasil! Eu acho que a última vez foi… [pensando]
2014, certo?
Deck: Sim, sim! E foi num festival, acho que em Interlagos?
Sim, no Lollapalooza!
Deck: Isso, no Lollapalooza! Foi um dos nossos melhores shows e temos ótimas memórias daquela apresentação. Sabe, seu país é muito famoso por ter uma plateia incrível. Não sou eu que falo isso, não estou apenas querendo ser legal porque estou falando com você, mas é que toda a banda acha isso. Todo mundo sabe disso! Então, sim, queremos voltar.
O que vocês mais se recorda aqui do Brasil? Os lugares, os fãs, a comida?
Deck: Bom, todas as vezes que nós fomos, foram viagens muito curtas. Um dos meus melhores amigos estava morando em Belo Horizonte e nós passamos um dia lá, ele me mostrou um pouco da cidade, um pouco da vida noturna. Para ser honesto, o destaque da viagem foi o show e espero passar mais tempo no país da próxima vez que voltarmos, porque foi muito frustrante ficar tão pouco.
Gostaria de mandar uma mensagem para os fãs brasileiros, que estão ansiosos para o novo álbum e para o retorno da Phoenix ao Brasil?
Deck: Como eu te disse, esperamos muito voltar com este novo disco. Fiquem ligados! Fiquem ligados, pessoal. Nós sentimos muita falta, não estou apenas tentando ser legal, é realmente a verdade [risos].
Que bom! Fico muito feliz que você se sinta desta maneira!
Deck: [risos] É a verdade, é a verdade…
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