Com seu terceiro disco da carreira, “A Milenar Arte de Meter O Louco”, Projota se consolida como um dos maiores rappers do Brasil. O trabalho foi lançado no final de julho e está repleto de participações especiais, como Rashid e Karol Conká.
O músico mostra cada vez mais sua identidade no seu trabalho autoral e nós do Nação da Música tivemos a oportunidade de conversar com ele sobre o novo álbum, as colaborações e até mesmo sobre a carreira de ator!
Entrevista feita por Marina Moia.
————————————————————————————————————— Leia a íntegra
“A Milenar Arte de Meter o Louco” acabou de ser lançado, no final do mês passado. Como está sendo esta semana no geral pra você e a recepção dos fãs?
Projota: To bem feliz com a repercussão! Eu senti que meus fãs gostaram muito. Eu acho que eles sentiram neste disco a mesma coisa que eu senti. Acho que esse disco mostra muito do Projota. É o Projota mesmo. Desde a música mais romântica até a música mais pesada. É muito Projota em tudo. Eu acho que esse disco conta uma história, ele consegue trazer a pessoa pra um lugar. É muito intenso, muito forte, muito verdadeiro. Acho que eles [fãs] sentiram a mesma coisa que eu. To feliz pra caramba de ver a repercussão.
Com esse disco, como você mesmo disse, conseguimos ver mais da sua identidade nas músicas, vemos sua evolução desde os outros trabalhos. Como foi o processo criativo e de gravação desta vez?
Projota: O meu processo criativo é o mesmo. Não tenho ritual pra fazer música… Posso fazer música em qualquer hora. Isso não vai mudar nunca. Faço no avião, no aeroporto, no estúdio… se tiver que fazer agora no estúdio, eu faço na hora. A “Pique Pablo” mesmo a gente escreveu no dia, gravando a música com o Haikaiss. A gente escreveu junto lá no estúdio sob pressão total. Isso é muito louco.
O processo de produção também, eu acho que isso mudou um pouco porque tem batidas de mais outros caras. Tem batida do Renan Samam, Skeeter… Ficou um pouco mais democrático. Uma coisa que fez muita diferença é que tem muita música que tem influência do trap, que é um estilo que tá bombando lá fora hoje. Tem vários caras que tão fazendo isso, como o próprio Drake que bebe dessa fonte também. Eu acho que tem muita influência do trap nesse disco, que acaba dando uma diferenciada dos outros também.
Além do pessoal que trabalhou com você nos bastidores e na produção, você teve também a colaboração de diversas vozes. Mano Brown, Karol Conká, Haikaiss, Anavitória, Rashid… Como surgiram essas parcerias e como foi trabalhar com tanta gente talentosa em estúdio?
Projota: Eu tinha muita vontade que esse disco tivesse bastante coisa do rap. Eu já tinha isso e comecei a desenhar na minha cabeça como seria. O Rashid é meu amigo de infância, o cara que eu mais admiro em todos os sentidos. Musicalmente, pessoalmente, ele é sensacional. Queria muito ele neste disco, neste momento.
Haikaiss é da Zona Norte, assim como eu, conheço eles há vários anos também. Tenho uma baita admiração ao ver tudo que eles construíram. Levaram o rap underground longe pra caramba. O rap deles é bem pesado, bem “golden era”. Tem muito do que eu ouvia quando era adolescente. Então, queria muito eles no disco também e tá bombando!
Karol Conká, pra mim, é mais do que o rap, é mais do que a música, é uma pessoa que a representatividade dela vai muito além disso. A representatividade dela não cabe nessa ligação. Eu acho isso foda. Tudo que ela tem feito, tudo que ela tem promovido, as barreiras que ela tem quebrado e ela mesma, que musicalmente, a gente não precisa nem falar de como ela é incrível também. Já tinha até uma música com ela nas antigas e eu queria muito ter ela nesse disco.
O Brown é aquilo que fecha a tampa nisso que falei do rap. Agora tenho todas as gerações do rap aqui dentro deste disco. Eu quero muito ainda fazer uma música com ele, mas como não tinha essa música nesse disco, não surgiu, eu não quis forçar isso. Fazer uma música forçada só pra ter uma música com o Brown. A gente convidou ele pra deixar um depoimento pra colocar no final de uma música. Só que a gente ficou tanto tempo lá gravando, tive uma hora e meia de entrevista com ele, que eu falei “não dá, vou ter que fazer uma faixa, um interlúdio com ele”. Fiz o interlúdio e sintetizei a ideia do disco na voz do Mano Brown. Ele explica, antes de todo mundo. Faz o prefácio e explica o que é a “Arte de Meter o Louco”.
E aí, Anavitória, que é a parceria mais inusitada do disco. Muita gente falou “nossa, como assim?”. O resultado veio pra mostrar que foi uma aposta perfeita. Levamos meses fazendo essa batida da música, compus esse refrão no quarto de hotel um dia e não tinha violão, não tinha nada. A gente entrou no estúdio e a dificuldade foi imensa pra conseguir chegar num resultado que a gente realmente se agradasse. Aí deu uma mistura de influências nessa batida que eu sinto um samba rock, quase um forrózinho, sabe, eu gosto. É uma batida gostosa de dançar, de ouvir.
A Vitória era uma amiga já e a Ana eu passei a conhecer realmente mais por causa da parceria, mas a identificação foi imediata. A gente já tinha se encontrado em alguns camarins, backstage de show, eu já assisti show delas, e admiro muito a correria delas e o talento que elas têm. Convidei e elas vieram no dia seguinte gravar. Foi sucesso, sucesso total.
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Em questão de parcerias, você vai de Anitta a Mano Brown. Tem alguma que você sonha e planeja realizar no futuro?
Projota: Tenho muita vontade de cantar com Seu Jorge, por exemplo. Eu admiro muito o trabalho dele. Nando Reis, sou muito fã. Maria Rita. Tenho alguns objetivos, alguns sonhos pra realizar ainda.
Seu último disco foi lançado em 2014 e você já está nesta carreira há bons anos. Pra você, o que mais mudou no seu jeito de ver a música, no processo criativo, e também na cena do rap brasileiro?
Projota: Acho que essa mudança no meu processo criativo é o que fica mais claro, o que diferencia esse disco. Não tenho mais medo de nada. Não tenho medo de sentir como vou ser julgado pelas pessoas. Eu, o Tiago, o que vou colocar na minha letra e o que as pessoas vão pensar de mim, sabe? Eu tinha um pouco de medo assim. Acho que nesse disco não. Eu falo mesmo! Não tenho mais problemas com isso.
Tudo que eu fiz, tudo que eu conquistei, todas as portas que eu abri, todas as pessoas com quem eu colaborei e todas as coisas que eu consegui construir e fazer pelo hip hop no Brasil me dão uma coragem, uma bagagem que me dá coragem falar o que eu quiser falar. Fazer minha música ficar o mais próximo do que quando eu comecei. Porque nessa época eu não tinha nada a perder, então eu falava qualquer coisa. Depois que eu comecei a ter o que perder, acho que naturalmente veio um receio pelo que eu vou dizer. Agora chegou um ponto em que eu meti o “foda-se”. E aí nesse disco eu falo mesmo, boto o dedo na cara e falo na cara.
Seus vídeos já passam dos milhões de visualizações no YouTube. O mais recente, da faixa título do álbum, foi dirigido pela Gabi Brites. Como foi fazer esse clipe, já que é uma produção bem maior?
Projota: Eu fiz uma participação na série da Globo “Carcereiros” e eu fiz o teste, entrei, e eu fui fazer a preparação de elenco. Nesse processo de preparação de elenco, que é um curso intensivo de teatro com o [José Eduardo] Belmonte, que é o diretor da série, eu comecei a visualizar novos horizontes. Eu percebi que poderia fazer novas coisas e foi ali que surgiu esse clipe. Foi quando eu fiz “Carcereiros”, que eu me vi ator, que eu me permiti construir um roteiro onde eu iria atuar. O roteiro é meu, eu o fiz na minha cabeça, construí a ideia toda já pensando que eu iria atuar.
Se eu não tivesse feito “Carcereiros”, não teria surgido esse clipe. Esse vídeo foi animal. Acho que a gente conseguiu subir de nível no trabalho. Demos um grande videoclipe pra galera, que merecia ter um trabalho visual tão perfeito, tão bem dirigido, tão bem fotografado. Eu pago pau pra fotografia desse clipe. O casting é incrível, é surreal! Tanto pra parte do hospício como pra parte da rua, o casting fica muito marcante. A galera vê e fala “Meu Deus, o que é isso? Quem são essas pessoas? Onde acharam essa galera?”. Como a galera é talentosa! Eu tenho orgulho de ter feito esse clipe.
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Você falou um pouco de “Carcereiros” e sei que também participou do filme “Sequestro Relâmpago”. É uma área que você quer explorar mais? Tem planos?
Projota: Tudo rolou muito naturalmente. Fui convidado pra fazer a minissérie, na real fui convidado pra fazer um teste. Fiz o teste e entrei. Fiz a minissérie. Uma pessoa que trabalhava junto na seleção de elenco da minissérie gostou de mim e me chamou pra fazer o filme. Foi muito natural.
Conforme as coisas forem acontecendo de forma natural, eu estou aberto. Mas, hoje, eu quero me preparar mais. Eu assisto e sou muito crítico, já enxergo os defeitos que tem e fico “poderia ser melhor nisso”. Hoje to no processo de melhorar esses testes. Quando eu fui fazer o videoclipe mesmo, já foi tudo muito mais fácil, já fiquei mais à vontade pra fazer. É uma experiência aquilo, você não perde. O que vier, é lucro! Me convidem! [risos].
Gostaria de deixar um recado para os seus fãs que acompanham você pela Nação da Música?
Projota: Quero agradecer por tudo que meus fãs me dão até hoje. Devo tudo a eles. Devo música a eles. Esse disco vem pra provar isso e eu acredito que fiz meu melhor trabalho. Se depois de 16 anos eu fiz o meu melhor trabalho, isso significa que a gente não vai parar tão cedo. Vamo pra cima, vamo pra cima! Agradeço também o espaço a vocês e tamo junto!
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