O músico Rafael Bittencourt, fundador e guitarrista da banda brasileira de metal, internacionalmente conhecida, ANGRA, convocou amigos artistas para integrarem o Exército da Esperança, um projeto que visa propagar uma mensagem de união, fé, resiliência e confiança à população durante a pandemia do coronavírus.
O resultado desta parceria é a faixa “Dar As Mãos”, composta por Rafael Bittencourt e Mc Guimê. Lançada pela gravadora Atração Fonográfica, a música foi a maneira encontrada pelo artista para transmitir esperança e união. Você pode ouvir a faixa nas plataformas digitais aqui ou então assistir ao videoclipe oficial no final da matéria.
O “Exército da Esperança” é composto por nomes como Carlinhos Brown, Luana Camarah, Toni Garrido, Família Lima, entre muitos outros talentos da música. A Nação da Música teve a oportunidade de conversar com Rafael Bittencourt e Luana Camarah sobre o lançamento de “Dar As Mãos”.
Entrevista por Marina Moia.
——————————————-Assista ao vídeo da entrevista:
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——————————————- Leia a íntegra:
Obrigada por falarem com a gente. Rafael, você criou o projeto Exército da Esperança para levar uma mensagem positiva neste período tão difícil que o mundo inteiro está passando. Principalmente no Brasil, onde a situação está muito crítica. Como surgiu a ideia de fazer o projeto desta maneira?
Rafael Bittencourt: Logo que começou a pandemia, eu tive um primeiro momento de ficar meio em choque. Eu acho que as pessoas todas ficaram muito em choque. A gente vê por aí pessoas da área da saúde dizendo que o momento que vivemos agora é pior do que o do ano passado. Porém as pessoas meio que acostumaram a viver com isso. Mas eu me lembro que no começo a gente mal saía de casa. Eu passei uns cinco meses sem encontrar a minha mãe, que mora no mesmo bairro que eu, pra preservá-la porque é idosa. Eu percebi também que os artistas estavam fazendo muita diferença na vida das pessoas que estavam confinadas. As pessoas passaram a assistir mais lives, mais shows, os artistas tocavam nas sacadas. O pessoal da área da saúde acolhia quem estava no hospital e os artistas acolhiam quem estava em casa.
Eu entendi que o artista renovou o seu voto de confiança com a sociedade porque ele voltou a ter importância. O artista de vez em quando é colocado de lado, como uma coisa meio supérflua na sociedade, de importância secundária. Primeiro de tudo, eu quis acolher as pessoas, eu senti essa responsabilidade e também de unir os artistas para mostrar essa nossa importância social. A importância de falar de problemas culturais e de educação em relação ao preconceito e a violência verbal, que os haters têm por aí. Quanto mais a gente une os artistas, a gente enfrenta esses desafios que são de cultura, educação, etc. Eu achei uma grande oportunidade de mostrar a nossa importância, acolher as pessoas e mostrar para que o artista serve, que ele tem uma responsabilidade social muito grande.
Como foi para você, Luana, o período inicial da pandemia? Tanto como pessoa física, como artista também.
Luana Camarah: Acho que todo mundo sofreu esse choque. Diferente de ninguém, eu também fiquei em casa, eu também fiquei longe dos meus pais e das pessoas que eu amo. Até hoje tem sido um período de apreensão. Por mais que de alguma forma as coisas estejam começando a ficar mais flexíveis, a gente fica apreensivo porque esse vírus não tem cara e ele leva as pessoas que estavam do lado da gente. Pessoas que a gente ama, família, e a gente não sabe se está com o vírus, se vai transmitir para alguém. É um negócio muito estranho. É uma parada invisível. Fiquei realmente apreensiva. Fiz a mesma coisa que todo mundo fez no início e até hoje eu tento ficar mais reclusa até todo mundo estar seguro.
O que o Rafa falou é muito importante. As pessoas ficam reclusas em casa, às vezes ficam meio tristes, e a nossa classe tem a responsabilidade de levar esse pingo de esperança para as pessoas através das lives, através dos materiais que a gente vai soltando na internet. É um braço que a gente está usando agora, mas eu particularmente gosto mais de estar no meio da galera. Quem não gosta?! Aqui a gente está se doando, mas a gente gosta de receber também.
Como foi o processo criativo da faixa “Dar As Mãos”? O que te incentivou a escrever essa música em particular?
Rafael Bittencourt: Eu fui contatado por uma gravadora que estava querendo uma música que fosse levar esperança. E eu já estava escrevendo essa música. Eu pensei “acho que a ideia é forte”. No fim, essa gravadora não endossou o projeto e eu resolvi levar o projeto sozinho. Era uma oportunidade de me mostrar artisticamente porque eu gosto de misturar estilos, de misturar diferentes vertentes, dentro do rock que é a minha especialidade, mas eu fiz uma música que tem um refrão que é meio Queen, um refrão épico, inspirado em “We Are The World”, mas também com uma pegada mais sertaneja, passeando pelo hip hop, explorando vários caminhos e mostrando como esses diferentes estilos se conectam e como esses diferentes artistas se conectam também quando a gente tem um propósito comum.
Luana, como você se sentiu com o convite e como foi participar desta música, deste lançamento?
Luana Camarah: Eu fiquei muito feliz e honrada de participar disso porque é o que eu acabei de falar, é o momento da gente se unir. Participar de um som com o Rafa, que é um ícone do rock’n’roll, Guimê, Toni Garrido, Carlinhos Brown que já meu parceiro, só fico honrada e feliz de poder passar essa mensagem através dessa música do Rafael que ficou linda e que me tocou muito. É só alegria mesmo.
Além de vocês, tem muita gente de peso em “Dar As Mãos”, como Carlinhos Brown, Toni Garrido, Família Lima, entre outros. Como foi o processo de gravação das participações por conta da quarentena?
Rafael Bittencourt: Fomos contatando as pessoas. Eu criei uma guia. Eu escrevi os arranjos de cordas, mandei pro Amon Lima e ele distribuiu para todos eles. Eu escrevi todas as vozes do coro e fui mandando para as pessoas gravarem todas um pedaço. Praticamente eu produzi a música toda, todas as guias e fui mandando para as pessoas. Tenho os parceiros de banda, que é o Bittencourt Project, que são os músicos que me acompanham. Fernando Nunes, o próprio Amon (Lima), Marcell Cardoso, Wellington Sancho, Nei Medeiros… cada um fez na sua casa e eu juntei tudo aqui. Eu tenho um produtor parceiro também que é o Oscar Gonzalez, que estava ajudando a coordenar todo esse material de áudio, editar e sincronizar da melhor maneira possível.
Eu escrevi essa música logo no começo da pandemia, em abril. Eu queria lançar em maio. E tô lançando em maio do outro ano. O mais difícil foi controlar a ansiedade porque é um projeto que foi tomando uma proporção que começou a ser complexo de organizar tudo, de esperar o áudio, as respostas das pessoas. Lidar com a ansiedade de ver que o ritmo era mais lento do que eu esperava foi o mais difícil.
Por volta de julho, o Carlinhos já tinha gravado o áudio e eu queria que ele já tivesse filmado porque eu já começava a fazer o vídeo, mas não, ele esqueceu de filmar. Mais uma novela pra conseguir o vídeo [risos]. No meio disso, o Carlinhos tinha acabado de gravar, estava super feliz, o produtor que é meu parceiro, Oscar Gonzalez, sofreu um infarto. E ele, que estava em pânico por causa do coronavírus, ficou 45 dias na UTI por causa do infarto. Eu não queria mudar o produtor, ele é meu parceiro, meu irmão, eu decidi rezar e esperar a saída dele do hospital. Ele demorou 45 dias para sair do hospital, mais um mês pra poder voltar a trabalhar, então o projeto ficou uns três, quatro meses parado só por conta disso. Um dos outros parceiros, que inclusive foi quem convidou o Guimê, descobriu um câncer que havia voltado e começou a fazer quimioterapia duas, três vezes por semana. Eu passei a rezar por ele também. Os dois com problema de saúde e todo mundo em casa com medo de pegar covid. Achei até que o projeto talvez fosse um sonho em vão. Eles escaparam do covid, sobreviveram, estão bem e voltamos a fazer o projeto.
Quando eu estava com o áudio bem finalizado, eu comecei a ir atrás dos vídeos. Eu vi então que eu tinha mandado letra errada, parte errada, esqueci de pedir pra Luana gravar um pedaço, depois ela até gravou, mas não tinha o vídeo pra parte do áudio. É um quebra cabeça mesmo. Falei com os pais das crianças do The Voice, os dois super ansiosos. Agora deu tudo certo, mas o difícil mesmo foi juntar todo mundo e controlar a ansiedade porque a gente quer mostrar as coisas pras pessoas. Você quer que o mundo saiba o que você está fazendo.
Gostariam de deixar um recado aos leitores da Nação da Música?
Luana Camarah: Só tenho a agradecer o espaço. Aproveitem, desfrutem dessa música, ouçam com todo carinho. É uma mensagem muito boa pra você, pra toda sua família e é isso. Acho que o Rafael tem a responsabilidade de passar essa mensagem pra galera porque saiu direto do coração dele.
Rafael Bittencourt: Eu faço minhas as palavras da Luana. Quero que as pessoas desfrutem, que elas gostem, que aproveitem. É para elas que a gente fez, é para elas que a gente preparou, a ideia é a gente aproveitar o momento de reclusão, de se olhar e de olhar o mundo. Porque quando a gente sair de casa, prontos, que a gente tenha na mente, uma concepção de um mundo melhor. Que a gente saiba o que podemos fazer para o mundo ser melhor. Esse período é como se fosse o pit stop de uma corrida. A vida de todo mundo estava intensa, todo mundo a milhão com seus carros, mas fomos todos forçados a parar para dar uma olhada nas nossas vidas, nos nossos recursos. Para quando a gente voltar para a vida, a gente tenha uma noção do que fazer para termos um mundo melhor.
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