No último dia de março (31), Teco Martins liberou o disco “Solar”. O trabalho, que foi gravado metade em Indaiatuba e metade na Alemanha, traz nove faixas e é o primeiro de seu projeto solo.
Teco já participou de projetos como Luz Ametista, Sala Espacial e, o mais conhecido, o grupo Rancore, que voltou no começo de 2017 para uma turnê especial, mas que agora continua em hiato. O artista agora voa solo e traz mostra em “Solar” um lado diferente de sua musicalidade, ainda em parceria com Henrique Uba, o Candinho.
A Nação da Música conversou com Teco Martins sobre a produção do disco, o financiamento coletivo e também os planos para 2018 (você pode conferir a agenda de shows do músico aqui).
Entrevista feita por Marina Moia.
——————————————————————————————————————— Leia a íntegra
Olá, Teco! Parabéns pelo lançamento do “Solar”! Como tem sido essa semana pós-lançamento, depois de colocar esse “filho” no mundo?
Teco: Salve Nação da Música, agradeço o espaço e a atenção que estão dando a esse projeto. A semana pós-nascimento de “SOLAR” está sendo bem gratificante, tenho recebido muitas mensagens de pessoas me agradecendo pelo disco, ou me contando sobre as experiências que as músicas propiciam, e isso é muito interessante e valioso para mim. Na medida do possível estou lendo e respondendo tudo!
O disco despertou interesse em gente de fora do Brasil (já recebi mensagens de pessoas do Chile, Japão, EUA, Argentina, México, África do Sul e França), algo novo na minha carreira. Depois que a gente solta um “filho” desses, perdemos totalmente o controle e a noção de até onde essas músicas vão chegar. Em paralelo a isso, estou ensaiando para começar a turnê e cuidando da minha horta e dos meus bichos aqui na roça, pois com a tour vou ter que ficar um tempo longe. Então está sendo uma semana bem corrida!
Você gravou no interior de São Paulo e em Berlim, em dois lugares completamente diferentes. Como cada cidade influenciou no processo criativo e de produção?
Teco: Acredito que o ambiente onde estamos inseridos muda muito nossa forma de pensar e de agir. O ar, a água, o clima, as cores, os alimentos, as influências culturais etc. agem de forma direta e indireta em nós.
Metade do disco foi gravado na roça, na primavera, ouvindo os pássaros, ao lado de cavalos, vacas, cachorros, serpentes, grilos, cigarras (inclusive o som de muitos desses animais acabaram sendo captados enquanto gravávamos e ficaram no álbum). A outra metade foi gravada em Berlim, no inverno, na neve (nunca senti tanto frio), onde eu e o Candinho nos internamos num porão-estúdio (bem caseiro porém cheio de modernidades) e a partir do som que eu tinha gravado anteriormente somamos timbres, melodias, e samples.
Na Alemanha, enquanto produzíamos, também pudemos mostrar as músicas para pessoas que não entendiam a letra que eu cantava, que apenas sentiam o som e davam suas opiniões com sinceridade.
Aqui no Brasil, a gente tem muito essa cultura de não criticar o trabalho dos outros (na frente deles, né?), e lá esses músicos nos fizeram críticas severas que agregaram muito no processo. Foi maravilhoso ter a oportunidade de receber críticas e poder abrir nossos olhos para corrigir detalhes que até então não tínhamos percebido, ainda mais por essas sugestões virem de pessoas com sabedorias e repertórios tão diferentes dos nossos.
Creio que fazer metade do disco na primavera da roça e outra metade na neve de uma megalópole hiper moderna foi essencial pra chegarmos nesse som tão único e universal. Berlim é uma cidade muito conectada com a música eletrônica (no sentido mais amplo possível desse termo), e isso foi somado às raízes brasileiras com as quais venho me alimentando há anos, então temos violas caipira com sintetizadores, atabaques com samples, zabumba com microfonias etc.
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O disco conta com a parceria de Candinho, com quem você tocava junto na Rancore. Quão diferente (e/ou similar) foi trabalhar com ele na banda e agora no projeto solo?
Teco: No fundo continuamos as mesmas pessoas que começaram o Rancore em 2001, apenas um pouco mais maduros e entendendo mais sobre o processo de fazer música. Entre tapas e beijos sempre nos entendemos bem e sempre foi bem produtiva nossa parceria. Admiro muito a fera, e adoro compor com ele. É um músico muito criativo e dedicado, que odeia o “lugar comum” na arte, assim como eu; somos grandes amigos, praticamente irmãos, unidos pela mesma obsessão que é fazer música… para mim, se eu puder, todos os discos que eu fizer terão o Henrique Uba comigo! E ouçam AEMONG, a banda nova dele lá na Alemanha, acabaram de lançar um disco muito bom!
Aliás, os projetos anteriores Luz Ametista, Sala Espacial e, claro, a Rancore influenciaram você para chegar até aqui?
Teco: Claro. “SOLAR” e o resultado de todas essas experiências. Tem um pouco de cada um desses projetos no álbum. Sem cada um deles eu nunca teria chego até aqui!
“Solar” teve auxílio do financiamento coletivo. Como surgiu a ideia de utilizar esse recurso e como foi o processo como um todo?
Teco: Na verdade quem me influenciou a acreditar e a fazer isso foi o próprio público. Por diversas vezes nos meus shows de rua alguém me sugeriu essa ferramenta. Um amigo de longa data está trabalhando no Catarse e me ajudou com bastante paciência a desenvolver o projeto (valeu, Digo). Confesso que não acreditava que seria tão bem sucedido, chegamos a 121% da meta e isso mudou bastante minha forma de ver meu trabalho.
Aumentou minha responsabilidade e minha vontade de fazer o melhor disco possível. Receber essa confiança, essa benção de tanta gente mexeu bastante comigo, e influenciou demais no resultado final. Tem um pouquinho de cada uma dessas pessoas no “SOLAR”, o que faz ele ficar com a genética mais fortalecida ainda.
Com que artista ou banda gostaria de trabalhar no futuro?
Teco: Com o Candinho (Henrique Uba) sempre! Além dele, adoro os discos da Serena Assumpção e da Renata Rosa, seria uma honra fazer um som com elas também. E tenho muita vontade de me aprofundar na musicalidade e gravar com as nações indígenas brasileiras.
Agora que “Solar” está no mundo, quais são os planos para o ano de 2018?
Teco: Fazer a tour “Do Oiapoque ao Chuí”, literalmente percorrendo por terra, fazendo arte, de um extremo a outro do Brasil. Estou preparando um EP para agosto também, que será o complemento de “SOLAR”, e através da minha arte pregar a paz no máximo de corações possíveis, porque a chapa tá quente, estamos precisando nos unir, nos entender e nos amar mais, e acredito que a música é um poderoso elo de ligação entre os corações.
Gostaria de mandar um recado para os leitores da Nação da Música?
Teco: Agradeço muito por ter dedicado um pouquinho do seu valioso tempo para ler essa entrevista. O álbum “SOLAR” está disponível pra download e também em todas as plataformas digitais possíveis, você pode encontrar tudo aqui! Se você gostar peço que ajude a divulgar, sou um artista 100% independente e a única forma desse disco chegar a novos ouvidos é através da ancestral divulgação boca-a-boca. Mas só se quiser também, amo vocês do mesmo jeito, beijos, PAZ!
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