Entrevista: The Wonder Years fala sobre suas influências e show no Brasil

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Nos dias 20 e 21 de agosto, a banda The Wonders Years passará por São Paulo e Curitiba, respectivamente, para seus primeiros shows no Brasil. O Nação da Música entrevistou o vocalista do grupo, Dan Campbell, que é mais conhecido como Soupy, e ele contou sobre suas expectativas para os shows no país e também sobre os fãs brasileiros. Além disso, conversamos também sobre o último álbum lançado pela banda, “No Closer To Heaven” e sobre o processo criativo e artístico dele.

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A entrevista foi feita e traduzida por Veronica Stodolnik.

—————————————————————————————— Leia a íntegra

Me parece que, em questão de letras, o álbum No Closer To Heaven é um pouco mais maduro. Como foi o processo criativo dele? Eu ouvi dizer que você enfrentou um bloqueio criativo enquanto o escrevia.

Soupy: Eu passei mesmo. Eu tive o que venho chamando de “vantagem injusta” versus outras pessoas que tem bloqueio criativo porque eu pude ligar para amigos que escrevem coisas as quais eu respeito e admiro. Então, conversei com eles e pedi opinião nas letras que eu vinha escrevendo para saber em que eu podia melhorar, o que eles julgavam como meus pontos fortes e os fracos também. Foi como se eles tivessem me treinando, me ensinando. Conversei com Jason [Aalon Butler] do letlive., Ace [Enders] do The Early November, Chris [Mojan] de Fireworks, e com o Chris [Martin] da Hostage Calm. Eles estiveram meio que à minha disposição nesse período, o que me ajudou a poder superar esse bloqueio.

Uma das músicas, “I Don’t Like Who I Was Then”, toca um pouco nesse processo de amadurecimento. Você estava se referindo a algum momento específico da sua vida ou quis dizer de modo geral?

Soupy: Foi de um modo geral, de quando às vezes alguém fala “nossa, lembra aquela vez 10 anos atrás que você fez tal coisa?”, e aí você fica envergonhado por ter feito aquilo, e eu sempre fico pensando “mas por que eu fiz aquilo? Eu queria tanto não ter feito e que você não tivesse conhecido essa versão de mim. Eu estou orgulhoso por não agir mais dessa maneira”. Foi pensando nisso a proposta da música.

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Tem duas músicas que me chamaram a atenção nesse CD, pois elas incluem o nome de ícones tanto da música como da literatura, Patsy Cline e Ernest Hemingway. Qual foi a ideia por trás dessas letras?

Soupy: Eu estava pensando no fato de que muitas vezes pessoas criativas acabam por se auto-destruir, e como muitas vezes elas se tornam muito depressivas também. Eu estava tentando entender porque isso estava acontecendo comigo e passei a tentar a ver porque isso tinha acontecido com outras pessoas. Depois de pesquisar um pouco sobre a vida dos dois, eu achei algumas semelhanças e então resolvi fazer uma certa homenagem a eles.

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Vocês fazem o uso de muitas imagens estratégicas nos videoclipes e capas de CDs da banda; é tudo muito artístico e simbólico. Tem um pássaro dando de cara em uma janela, uma capa onde parece um mosaico de Jesus Cristo… Como que vocês chegam nessas ideias?

Soupy: Todas elas foram meio que puxadas das músicas. Nós sabíamos como queríamos a capa do CD—a gente queria um santo tradicional, mas que estivesse fumando um cigarro; o estilo tinha que ser de um mosaico, com os vidros coloridos e o efeito da auréola, mas ele tinha que estar fumando. A gente sabia que a capa do CD ia ser desse jeito e assim que decidimos o estilo em que ela seria feita, eu cheguei para o designer e disse: “esse é o estilo que queremos a arte e aqui estão algumas imagens do CD. Essas são as coisas que mais se destacam nas letras, as que realmente consideramos importantes. Queremos que você as ilustre do jeito que você achar melhor dentro do estilo que queremos”. Ele fez um trabalho fenomenal e, desde então, ele também tem feito as ilustrações da série de posters da nossa turnê mundial inteira. A gente escolheu um animal diferente para cada lugar que vamos, e pedimos para ele os ilustrar no mesmo estilo. Eu não sei se você viu o jaguar que ele fez para o pôster da turnê da América Latina, mas ele fez esse, a raposa para a Inglaterra, um coala para a Austrália e um baiacu para o Japão. Estamos continuando com esse tema, tentando puxar o design do CD e trazê-lo também para a turnê.

E das turnês e pelas redes sociais, como tem sido a reação dos fãs perante ao álbum? Você acha que já estão prontos para seguirem para o próximo?

Soupy: Nós sentimos que esse foi o maior retorno que tivemos até hoje. Esses dias eu tava dando uma olhada nos números só por curiosidade, e esse álbum tem ultrapassado todos os outros em termos de vendas e streaming.

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Acontece muito de quando você está no seu quarto ou quinto álbum, quando você entra em turnê— eu já vi bandas, acho que não devia dizer pra você, e sim que eu já vi bandas começarem shows onde as pessoas não querem ouvir as músicas novas; eles querem ouvir as primeiras canções que ouviram da banda, as músicas que fizeram com que eles se apaixonassem pelo som em primeiro lugar, e aí as músicas novas acabam meio que sendo atacadas. Eu estava meio nervoso quanto a isso porque pela primeira vez nós decidimos que íamos abrir os shows dessa turnê com uma música nova, algo que nunca fizemos antes; nós sempre abrimos com uma música antiga, com um hit, e depois passamos para as novas. Mas dessa vez abrimos com “Brothers &”, e todo mundo começou cantar a parte “We’re are no saviors if we can’t save our brothers” antes mesmo de nós cantarmos, o que nos deu um alívio enorme. Eu fiquei “ok, tudo bem, eles amaram. Vai ficar tudo bem, vai dar tudo certo”. (risos)

The Wonder Years já está na estrada por praticamente 10 anos. Como tem sido essa jornada? Vocês acham que já conseguiram alcançar muitas coisas ou é mais um sentimento do tipo “isso é só o começo”?

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Soupy: Eu posso dizer com 100% de razão que nós estamos muito, mais muito mais longe do que jamais sonhamos que iríamos chegar. Quando a banda começou, nosso objetivo era só poder ter a oportunidade de tocar fora da nossa cidade natal. Ir para a América do Sul, América Latina, é um feito enorme que estamos realizando da lista de coisas que sempre quisermos fazer. Bem, não que sempre quisermos, mas que queremos desde que isso se tornou viável. Nós estamos muito empolgados com a oportunidade, é certamente uma realização muito grande pra gente.

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> Leia também nossas entrevistas com Simple Plan, Pierce The Veil e outros, aqui.
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Que demais! Essa é a primeira vez de vocês no Brasil, certo?

Soupy: Sim, primeira vez em qualquer lugar na América Latina e América do Sul. O mais longe que tocamos até hoje perto daí foi o México.

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Vocês estão empolgados com a vinda?

Soupy: Muito; mais do que eu poderia expressar em palavras. Tem uma coisa que sempre me vem em mente quando estamos viajando e eu me lembro que minha mãe nunca saiu dos Estados Unidos. Ela tirou seu primeiro passaporte ano passado, mas ela ainda não o usou. Muita gente da minha família nunca deixou a nossa cidade, ou nunca foi mais longe do que uma hora daqui. Depois que terminarmos essa turnê, a gente vai ter tocado em praticamente 30 países diferentes, e isso é inacreditável; você se sente sortudo, que todo trabalho e esforço realmente valeu pena.

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Os fãs brasileiros são conhecidos por serem bastante intensos. O que eles podem esperar do show de vocês?

Soupy: A gente tenta dar o nosso melhor todas as noites. O quão mais pudermos nos esforçar fisicamente, nós vamos nos esforçar. A gente quer fazer um show onde as pessoas possam ver que nós acreditamos nas músicas que estamos cantando e também a paixão com a qual nós tocamos. E quanto mais o público está interessado, mais você consegue ter uma troca de energia com ele, entende? Então nós damos o que temos de melhor, e quando vemos o público nos devolvendo esse sentimento, isso recarrega nossas energias para continuar seguindo a diante e nos dedicar ainda mais.

Vocês também são famosos por terem estar presente em várias edições da Vans Warped Tour. O que vocês preferem, tocar em festivais ou shows menores em suas própria turnês?

Soupy: Nossos próprios shows, com certeza.

Você pode nos contar o que vem pela frente para o The Wonder Years?

Soupy: Bom, obviamente a turnê na América Latina, e depois disso vamos fazer o Riot Fest nos Estados Unidos, que vai ser em Chicago e Denver. Eu me caso dia primeiro de outubro, o que é a maior coisa que eu tenho alinhada na minha vida; é só nisso que eu consigo pensar.

Parabéns!

Soupy: Muito obrigado, nós estamos muito empolgados. Depois disso nós provavelmente vamos estar em turnê pelo resto do ano. Nós ainda estamos resolvendo alguns detalhes, por isso que não anunciamos nada, mas assim que soubermos de tudo vamos contar o que faremos pelo resto do ano. Depois eu imagino que devemos começar a escrever nosso próximo álbum em meados do ano que vem.

Por último, você quer deixar um recado para os fãs brasileiros?

Soupy: Minha mãe me deu um mapa para eu colocar na parede, que veio com um monte de pinos. Isso foi há tipo dois anos; você coloca um pino em todos os lugares que você quer ir, e depois coloca outro de cor especial… Não, todo lugar que você já foi você coloca um pino normal, desculpa. Aí então você coloca outro de cor especial nós lugares que você mais deseja visitar. Meu pino está no Brasil pelos dois últimos anos, e eu não vejo a hora de poder tirar o colorido para repor com um normal. Eu estou muito empolgado com a oportunidade.

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Veronica Stodolnik
Veronica Stodolnik
Veronica Stodolnik: Paulista que mora nos Estados Unidos desde 2011, e colabora no Nação da Música com entrevistas e cobertura de eventos internacionais. Amante de música e literatura, atualmente cursa um mestrado de comunicações, não vive sem seu PS4 e assiste muitas séries de TV nas horas vagas.