O cantor e ator Barroso lançou nesta quarta-feira (20) o videoclipe da música “The Big Bang Theory e Coisas Mais”. A data não foi escolhida ao acaso: dia 20 de novembro é mais conhecido como Dia da Consciência Negra.
A Nação da Música conversou com o músico sobre a produção e criação do videoclipe e também do disco de estreia, “Vendo Sonhos”, além dos projetos futuros na televisão e cinema.
Entrevista por Marina Moia.
————————————— Leia a íntegra:
Oi, Barroso! Obrigada por falar com a Nação da Música! A música já foi lançada e agora é hora do videoclipe de “The Big Bang Theory e Coisas Mais” chegar ao público. Como estão as expectativas pra esse lançamento?
Barroso: Salve! Eu quem agradeço a oportunidade. É um prazer! Olha, eu diria que o que eu mais quero com essa música é fazer as pessoas pensarem nas semânticas. Quero que a música faça com que as pessoas se questionem sobre a origem das coisas. Por exemplo: você já parou pra pensar pq as pessoas ainda chamam uma estante de criado mudo? Ou que os palavrões mais densos da nossa língua são misóginos, homofóbicos e machistas? Precisamos mergulhar nas causas. O mar é lindo quando visto da areia, mas enxergá-lo lá do meio dele pode não ser tão gostosinho assim e é aí que as mágicas acontecem. Precisamos desintoxicar o nosso povo e dar um basta no preconceito.
Como foi trabalhar com o diretor Alois Di Leo neste projeto? E como foram as gravações em si, com um elenco tão diverso?
Barroso: Trabalhar com o Alois tem sido um processo de se tornar algo melhor e mais belo do que a gente é. Ele é um humano muito sensível, respeitoso e generoso. Acredita em mim assim como eu acredito nele e isso potencializa tudo. Ele é extremamente cuidadoso, calmo dentro e fora do set. Me sinto muito privilegiado em poder trabalhar com ele. A equipe e o elenco se sentiram muito seguros e respeitados por conta da maneira em que ele conduziu todo o processo.
São mais de 2500 desenhos e pinturas feitos à mão que estão incorporados no clipe, certo? Como funcionou essa produção toda?
Barroso: Exato. O Alois é um grande animador e pintor, além de tudo. Eu não sabia nada sobre um processo de animação de um filme e ele viu que a pluralidade que Barroso Eus traz poderia ser impressa mais ainda em cada frame. Foi então que ele sugeriu de convocarmos uma força tarefa com pizza e brejas para pintarmos esses frames a mão em uma só noite. Foram quatorze pessoas na função.
O disco “Vendo Sonhos”, o primeiro da sua carreira, vai ser lançado logo mais. Pode nos contar sobre o processo de produção e criação deste trabalho, já que ele é descrito como uma grande narrativa, dividida em quatro atos?
Barroso: Eu escrevo poesia desde adolescente e até o momento de começar a gravar o disco eu tinha algumas músicas, mas eu sentia falta de sensações/palavras. Barroso Eus é a pluralidade do indivíduo, sua divindade e desconstrução. Na época das gravações, eu vendia sonhos em uma Sonheria (doceira) de São Paulo. Foi quando eu decidi ir no Fluxo (Cracolândia) no bairro da Luz/Bom Retiro e trocar livros por histórias ouvidas dos moradores e passantes de lá. O que é o amor? O que é ser livre? O que é sonhar? Tudo mudou depois desses dias em que fui com muita licença e cuidado, trocar com àquelas pessoas.
O álbum “Vendo Sonhos”, fala sobre marginalidades, cotidiano, questionamentos existenciais, amor, machismo, xenofobia, misoginia, distopias e possíveis. O “Vendo Sonhos” é uma grande narrativa, levando tom poético e bem-humorado para cada faixa. “Vendo Sonhos” será lançado com 13 faixas divididas em quatro atos que traçam um caminho distópico passando pela origem das coisas e pelas palavras amar, coragem e sabedoria. Tenho objetivo de encontrar um ponto de união entre todxs. Eu quero falar para todas as pessoas. Não é sobre mim, não é sobre um núcleo específico de pessoas, é sobre nós.
Cada música do “Vendo Sonhos” tem uma referência diferente, que vai de Led Zeppelin e Beatles até Sabotage, Tom Zé, Liniker e Baiana System. Além disso, uma das maiores influências literárias do álbum é o poema “Morte e Vida Severina” de João Cabral de Melo Neto.
Nele teremos várias participações especiais, mas acredito que nenhuma tão especial como a de sua mãe e a suas avós. Como foram esses momentos com elas?
Barroso: Muito emocionante. Eu cresci com a referência dessas grandes mulheres, que sempre trabalharam muito para levar o melhor para a família. Chorei algumas vezes [risos].
Agora sobre sua carreira de ator, você recentemente gravou o filme “Vale Night”, do diretor Luís Pinheiro. O que podemos esperar deste longa e do seu personagem? Pode nos contar algo?
Barroso: Bem, o que eu posso dizer é que é um filme sobre o povo brasileiro preto. Que apesar do genocídio e invisibilização constante, continua sorrindo e sonhando com uma vida mais digna e saudável. A minha personagem se chama Rico e trabalha na organização da balada Batekoo em São Paulo. Ela tem uma função e uma passagem importante na trama, mas acho que só posso desenvolver até aqui. O longa tem um elenco de peso. Só chave mestra. O 2020 será maior.
“Aruanas” vai para a segunda temporada, com gravações que começam no ano que vem. O que pode nos falar sobre o seu personagem nessa nova fase? E como foi trabalhar neste projeto nesta primeira temporada?
Barroso: A minha personagem se chama Allan e ela acompanha na primeira temporada a personagem Natalie, de Débora Falabella. Na trama, nós trabalhamos em um mesmo programa de jornalismo e tudo o que eu faço é basicamente acompanhá-la juntamente com as pessoas da ONG Aruanas da qual ela faz parte. A primeira temporada foi com enfoque nos garimpos da Amazônia e de como aquilo contamina e destrói os povos nativos, a fauna e a flora. Agora na segunda temporada, a ideia é tocar no tema Petróleo. Não posso desenvolver mais sobre, mas promete mais atritos ainda com a atual conjuntura política do Brasil.
O que podemos esperar de Barroso para 2020? Pretende fazer turnê do disco, engatilhar outros projetos como ator…?
Barroso: Em 2020 vão vir mais alguns clipes e singles antes do lançamento do nosso disco. Além das parcerias em discos de outros hermanxs ainda no primeiro semestre. E como ator existem projetos firmados, mas a gente tá vivendo algo tão estranho nesse país que prefiro fazer acontece-los antes de partilhar agora. Mas, sério, tem muita coisa chave pra 2020 e eu não vejo a hora de poder divulgá-las.
Com quem você gostaria de trabalhar no futuro? Tanto musicalmente como atuando.
Barroso: Pergunta difícil de responder [risos]. Mas musicalmente eu gostaria de gravar algo com a Elza Soares, Mano Brown, Anitta, Liniker e Baiana System (sou desses). Agora, seja na música ou como ator, eu adoraria trabalhar com o Seu Jorge. Eu aprendi a cantar e tocar violão escutando as suas músicas. Sou fã da sua história e sei que isso vai acontecer em breve.
Gostaria de deixar um recado aos leitores da Nação da Música?
Barroso: Aceita, sente e reage. Aceita, sente e reage. Não tenhamos medo, isso é o que eles querem. Vamos dar àquilo que eles não querem: consciência e reação. A gente é muito e eles sabem disso, falta só a gente despertar isso em todxs. Chavosidades!
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