O cantor Bryan Behr lançou na quinta-feira (28) o seu novo álbum “Todas as coisas do coração”, com 5 faixas inéditas adicionadas aos dois capítulos iniciais desse trabalho.
O catarinense, que se deparou com seu nome artístico ainda na infância quando uma colega disse ler sua mão, aproveitou o dia do lançamento para retornar ao palco após três anos e gravar seu primeiro DVD ao vivo.
A Nação da Música conversou com Bryan na quarta-feira (27) para falar sobre o novo álbum, sua história e expectativa para ver a reação do público.
Entrevista por Mariana Rossi.
————————————– Leia a íntegra:
Olá, Bryan! Primeiramente, muito obrigada por conversar com a Nação da Música. Amanhã é o lançamento do seu novo álbum “Todas as coisas do coração”, você está muito ansioso para ver a reação dos fãs?
Bryan Behr: Então, eu sou um cara que geralmente fica muito ansioso, até por coisas muito pequenas. Até durante a pandemia foi uma coisa que cresceu muito em mim, essa coisa de internalizar e não poder se expressar com as pessoas. Sofro muito com ansiedade, mas hoje eu acordei muito tranquilo, meu coração está muito em paz porque todo o trabalho que se tem na construção de um disco já foi feito. Já virei noites escrevendo as músicas, a gente já ficou lá “acho que esse violão pode ser um pouquinho mais baixo, não acho que pode ser um pouquinho mais alto”. A gente já fez todo esse trabalho, que às vezes é um pouco mais cansativo e gostoso ao mesmo tempo.
As músicas são como filhos, a gente cria e cuida, mas chega uma hora que você não tem mais o que fazer, já decidiu o que vai ser da vida dele. Acho que as músicas têm isso, você não sabe o que vai acontecer. Quando vou lançar um disco, gosto de curtir o processo dessas músicas estarem indo para o mundo e deixar o resto ser, não tenho mais controle. Tenho uma felicidade grande no coração por ter pessoas muito incríveis me acompanhando e me dando muito suporte, vibrando com as minhas conquistas e as músicas que lanço.
Acho que lançar um disco é isso, não tem que ter nenhum tipo de sentimento estranho nem ruim, porque eu acho que se você sentir isso, talvez tenha alguma coisinha errada ou você não está se conectando com aquela música. Eu falo porque já passei por isso. Quando você coloca alguma coisa no mundo que é genuinamente você, você fala “É isso, esse sou eu. Vocês vão ouvir o que eu vivi porque essas músicas também contam histórias da minha vida”. Por si só, isso já é ficar nu na frente dessas milhares de pessoas que estão ouvindo, é você se despir de tudo. Chega um momento que você não está mais no controle. A gente fez uma audição ontem com um grupo de fãs que temos no Telegram e foi super legal, eles adoraram as músicas. Já fiquei muito feliz.
Bom, o título do disco já entrega um pouco que falará sobre sentimentos e amor, mas você poderia contar um pouco mais sobre as inspirações para as composições?
Bryan: Dividimos o disco em capítulos, a gente lançou o capítulo 1 com 5 faixas, depois o capítulo 2 e agora vem o disco completo com essas cinco faixas inéditas. O disco, não só nos arranjos, se comunica de diversas formas. Tem “mensageiro” no mesmo disco de “nada vale o preço”, sabe? São músicas que têm arranjos muito diferentes umas das outras e ao mesmo tempo falam sobre muitas coisas, falam sobre as coisas que a gente sente e vive. Acho que não existia título melhor para ele do que “Todas as coisas que vem do coração”, porque não é um disco que fala só sobre amor, não é um disco romântico, também fala vida, desafio, carinho e amorosidade e essas são todas as coisas do coração.
Geralmente quando vou dar nome para os discos, o nome já está dado, eu só não vi ainda. Por exemplo, o “A Vida É Boa” foi assim, eu já tinha isso na minha cabeça e tinha uma faixa também que se chamava “A Vida É Boa Com Você”. Eu sempre falava “Poxa, vou pintar alguns quadros hoje”, porque eu também pinto, e às vezes falava “Pintar todas as coisas do coração” ou “Ouvir todas as coisas do coração”. Quando vi, o nome do disco já estava lá, só faltava eu ver. Acho que não existia nome melhor para ele, para representar o que ele é.
Você também vai gravar o seu DVD ao vivo em São Paulo amanhã e depois vai fazer alguns shows pelo Brasil. Como está a emoção e expectativa de retornar aos palcos? Tem alguma música que você está mais ansioso para os fãs ouvirem ao vivo?
Bryan: Acho que as novas, porque esse disco inteiro foi muito pensado para o palco e estamos a muito sem viver isso. Desde lá de trás com o “A Vida É Boa”, essas músicas não ganharam um show sequer. Já são mais de três anos que não subo no palco para tocar e cantar minhas próprias músicas, então está sendo desafiador e mágico ao mesmo tempo, sabe? E pensar que agora eu vou ter pela primeira vez a oportunidade de levar a minha música não só de forma digital para o mundo, porque hoje em dia você consegue isso, dar play em um artista lá da Alemanha assim que sai o lançamento dele.
Eu vou ter a oportunidade, além de fazer isso que estamos fazendo e que já está sendo maravilhoso, de visitar a cidade dessas pessoas que estão gostando dessa música e cantar junto com elas. Acho que esse é o pilar mais importante de um artista, é estar na rua se comunicando e olhando olho no olho das pessoas e eu só vou começar a viver isso agora. É muito maluco observar tudo que a gente construiu até aqui sem ter pisado no palco praticamente ainda. Encarei isso durante muito tempo de uma forma “Nossa, que ruim”, sabe? E eu acho que não. Gravar um DVD no mesmo dia que a gente vai voltar para o palcos é a melhor coisa que poderíamos fazer. E lançar o disco no mesmo dia também, já para fazer o teste cardíaco para ver se está tudo certo. Tudo caminhou para acontecer dessa forma e não é à toa. A gente realmente quer que seja um marco, um retorno muito bonito para todo mundo.
Sim, e você já ganhou um presente ontem, não? Sua música tocou na final do BBB, como foi isso para você?
Bryan: Tomei um susto! Fiquei muito surpreso e feliz porque, numa final de programa como o Big Brother Brasil, existem esses VTs que passam sobre as coisas que acontecem na casa e fiquei muito feliz porque “A Vida É Boa Com Você” foi a trilha sonora do VT mais bonito. Foi o dos casais que se formaram ali dentro, o que é um reflexo do que acontecia aqui fora, com todas essas milhares pessoas fazendo vídeos e usando “A Vida É Boa Com Você” como trilha sonora. Tomei um susto e não sabia o que fazer, foi muit especial. Hoje já vi umas três vezes, achei muito bonitinho.
Tem que curtir mesmo, parabéns! Neste ano também você lançou um pack de remixes, como surgiu essa ideia diferente?
Bryan: Confesso que cresci sempre com muita trava a respeito de músicas de outros gêneros e a música eletrônica sempre esteve em um lugar que eu considerava meio que o contrário do que eu fazia. Aquela coisa do violão e da canção, sabe? Enquanto os caras estão lá em uma pista de dança com o volume no máximo e dançando. Em algum momento eu olhei para música e falei “Cara, quero que a minha mensagem, a coisa que eu crio, caminhe para todos os lados. Que todas as pessoas possam consumir isso aqui”. E aí eu pensei “Por que não fazer também com que as minhas músicas estejam nesses lugares?”.
Fiquei surpreso, porque entramos em contato com alguns artistas da cena eletrônica e tivemos a felicidade de conseguir colaboração com três caras que são muito, muito, muito talentosos e especiais, o Dre [Guazzelli], Liu e Ruxell. Cada um pegou uma música para fazer, das minhas três mais remixáveis. Ficou fantástico! Vestiu a minha música de um jeito que eu não conseguiria fazer se fosse só eu. A gente está vivendo um período em que nunca se mostrou tão forte a necessidade de colaborar uns com os outros, artisticamente falando, e os três quebraram tudo. Ficou lindo, fiquei encantado! Lançamos no nosso catálogo para as pessoas poderem ouvir, de tão fantástico que ficou.
Acho que é isso, existe música igual roupa, é para o momento. Tem momentos que você vai usar um biquini e tem momentos que você não vai usar um porque não faz sentido. Acho que música é isso. Imagina tocar “A Vida É Boa Com Você” com voz e violão na balada? O DJ ia levar uma cadeirada provavelmente. Agora existe possibilidade dessa música caminhar nesses lugares também. Acho isso muito fantástico, porque vai ter um momento que você vai querer fazer um chá e escutar um passarinho cantar, beber seu chá ouvindo uma canção. Tem outras horas que você vai querer entrar no carro com seus amigos e vai querer ouvir um rock’n’roll. Tem outra hora você vai estar na festinha, vai querer beijar na boca ouvindo outra música. Acho que tem músicas para cada momento e fiquei muito feliz de levar as minhas músicas que já existiam para outros lugares também.
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Agora eu queria saber um pouco mais da sua história. Você nasceu em Brusque-SC, aqui pertinho, porque sou de Joinville-SC.
Bryan: Ah é? É pertinho!
Sim, bem do lado! Então, essa sua vontade de ser artista e trabalhar com música veio desde cedo?
Bryan: A gente sempre tem a música presente na nossa vida, acho que para quem trabalha com música a diferença é que percebe em algum momento quando aquilo te toma de um jeito diferente. Quando eu era mais novo eu percebi… não, eu percebo hoje depois de muitos anos de terapia olhando para trás. Percebi que eu era uma criança muito sensível, muito chorão e emotivo. Sempre precisei muito me expressar e falar sobre as coisas que sentia e vivia. Sempre tinha aquela coisa no peito como se tivesse faltando alguma coisa. Quando eu encontrei música, encontrei uma porta, um jeito de me sentir vivo e pertencendo a esse mundo que para mim já não fazia mais muito sentido.
Quando eu peguei meu violão e não sabia tocar as músicas dos artistas que eu gostava na época, comecei a escrever as minhas próprias músicas. E o que eu ia escrever nas minhas músicas? O que eu sentia e aí encontrei um caminho e um jeito de viver que para mim foi a única coisa durante muitos anos. Hoje tenho muitas alegrias na vida que me fazem agradecer por estar vivo e por estar nesse mundo, mas durante muito tempo a música foi a única coisa que me fazia levantar da cama e falar “Cara, vamos tentar, vai fazer sentido”.
Eu gosto de brincar que música é um negócio que você pesca de cima, você joga o anzol e vai capturando ali. Às vezes têm umas músicas que não dão certo, que não era para você ter pescado, era para outro compositor. Acho que tem um momento ali que eu entendi que pela música eu estava me alimentando. Era como uma dose de remédio, eu ficava uma semana bem, tranquilo. Às vezes me afastava disso, de escrever, e ficava mal para caramba. Fisicamente falando, eu adoecia. Chegou um determinado momento que eu falei “É isso! Ou eu trabalho com música ou eu vou adoecer”. E assim foi, as coisas começaram a acontecer. Graças a Deus as pessoas começaram a gostar das músicas.
Quando eu assumi isso para mim, “Vou viver de música, se é isso que vai me manter vivo”, eu estava sem perspectiva. Não sabia o que era Spotify, não sabia nada. Botar um vídeo no YouTube? Não fazia a menor ideia como fazia isso. Tudo foi chegando e se acoplando na minha música como ferramenta, mas eu sempre precisei muito escrever. Várias vezes aconteceu de eu falar para mim mesmo “Eu estou mal, estou triste. Uma ansiedade esquisita, o peito está todo errado e estou triste. O que está acontecendo?”. Eu percebo que trabalhar com música é completamente diferente de fazer música. Às vezes você pode trabalhar com música e não fazer música e o que me faz genuinamente feliz é fazer música. Quando me sinto um pouco assim eu lembro que preciso fazer música.
Às vezes a gente faz música, faz música, faz música, aí grava, grava, grava, lança, toca, faz todas as coisas e acaba não fazendo música, esperando um hiato depois do lançamento para fazer mais um pouco. Não consigo ser assim. Descobri a música dessa forma, quando eu entendi eu precisava dela para me sentir vivo e para me sentir fazendo sentido nesse mundo. Antes dela eu ficava tipo “Nada a ver isso aqui, isso é só para maluco. Só tem doido nesse planeta, as pessoas nem sabem o que elas querem”. Ficava com aquela coisa de adolescente revoltado “Nada disso aqui faz sentido” e era um sentimento genuíno, mas quando eu encontrei música, qualquer outro problema que eu tinha se tornou pequeno.
E aí a menina já tinha lido o seu nome artístico na sua mão?
Bryan: Isso é um assunto muito legal porque, quando ela leu a minha mão e disse que eu seria artista e que meu nome artístico seria Bryan Behr, eu acho que… Na verdade, eu cheguei a essa conclusão anteontem durante uma entrevista. É que eu respondo quase sempre as mesmas perguntas, mas não gosto de responder elas do mesmo jeito, então eu vou cavando e procurando alguma informação. Eu fiquei pensando, ela não leu minha mão, obviamente. Eram duas crianças, ela não meu futuro na minha mão, acho que ela só era uma criança muito mais sensível e talvez ela tenha visto ali no meu olho uma coisa que eu queria e tinha medo de buscar. Acho que de certa forma foi isso, ela olhou para mim e falou “Eu sei o que esse cara precisa fazer para ser feliz, só ele não está vendo”. Aí ela falou isso para mim e foi o que eu tomei como “Poxa, se está escrito na minha mão, talvez seja isso mesmo”.
Ela te deu uma luz.
Bryan: Exatamente.
Para terminar, gostaria de deixar um recado para os seus fãs e leitores da Nação da Música?
Bryan: Quero dizer para vocês não perderem essa oportunidade de quando esse show passar perto ou ir na cidade de vocês, porque estamos preparando tudo com muito carinho. Desde o momento que essas músicas, até o momento que vão para o mundo e sobem no palco, tudo está sendo pensado com muito carinho e muito zelo. Então, não percam essa oportunidade, por favor, está lindo. E por favor, ouçam o disco “Todas As Coisas Do Coração” que vai para o mundo na quinta-feira (28).
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