Entrevistamos Eva Figueiredo sobre álbum de estreia “Cria”

eva figueiredo
Foto: Letícia Ichnaz

Em junho deste ano, a cantora e musicista Eva Figueiredo divulgou o disco de estreia da carreira, chamado “Cria”, pelo selo YB Music. Antes do lançamento, a artista já havia revelado os singles “Torvelina” e “Samba de Utopia”.

A Nação da Música conversou com Eva sobre o processo criativo do debut, a mudança de Florianópolis para São Paulo e também sobre planos para uma turnê.

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Entrevista por Marina Moia.
————————————— Leia a íntegra:
Obrigada por falar com a Nação da Música! Eva, recentemente você divulgou o seu álbum de estreia, “Cria”. Como foi o processo criativo deste trabalho, seu debut?
Eva Figueiredo: O processo criativo desse meu primeiro álbum foi todo realizado no modo “depois que o Luba dormir eu posso”. Comecei esse trabalho logo depois de parir meu filho e por isso o álbum tem esse nome. Cria tem a ver com criar meu menino, mas também com criar as canções que criei nesse período, com as utopias que insisto em criar sempre e com os amores que crio a cada esquina. Então depois que Luba dormia o Guilherme Kafé, que é diretor musical do disco, aparecia lá em casa e íamos experimentando os arranjos, primeiro para violão e guitarra acompanhando minha voz e clarineta, só depois, mais pra frente, adicionei essa formação a que está no do disco, com baixo e bateria, por isso sempre tem essa costura interessante e super rítmica entre as cordas, porque num primeiro momento tinha que “funcionar” em trio. Além das minhas canções, o disco tem outras canções onde eu ataco de intérprete, as quais a curadoria vieram muito para responder a pergunta: quem é Eva Figueiredo na fila do pão? Então teve esse processo também, de escolher as canções para me contar ao público, já que, apesar da minha estrada na música já ter mais de quinze anos, como clarinetista e cantora em outros projetos esse é o meu primeiro trabalho.

Já que é seu primeiro álbum completo, o que você achou mais importante colocar nele para se apresentar ao mundo como artista?
Eva Figueiredo: Cantar e Contar são palavras que mudam só uma letra. O mais importante nesse disco é isso, me conto, vou me despindo faixa a faixa e debaixo da roupa tem eu, minha poesia, meu olhar para as questões do mundo, meus desejos, minha relação com a maternidade, mas também com o futebol, com o carnaval. Um primeiro disco tem sempre um duplo, cara de ponto de partida, mas também ponto de chegada, tem cara de fim e começo. Fim no sentido do acúmulo, de quem já cantou e tocou em muitos contextos, já toquei clarineta na Orquestra Sinfônica do Estado de Santa Catarina, mas também na Filarmônica de Passargada (risos), então tem uma estrada que se apresenta, é um ponto de chegada. Ao mesmo tempo, é só o primeiro passo, (desenhado em forma de convite/cartão de visita nesse disco) para essa carreira de cantautora, que para além de apresentar minhas músicas, apresenta minha relação afetiva com o mundo.

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Você passou a maior parte da vida em Floripa e agora mora em São Paulo. Como essas cidades influenciaram o seu som e a sua criatividade? Muitas mudanças entre elas?
Eva Figueiredo: Essa questão Floripa/São Paulo é tema de minha análise sempre (risos). Na verdade, cresci em Floripa, onde estou agora. Olho pela janela e o sol se põe no mar com cor de “laranja amargo” segundo meu filho. Esses cenários daqui sempre me propuseram os timbres mais acústicos, o violão, a clarineta, tudo com mais cara de “o barquinho vai, a tardinha cai”. Chegando em São Paulo entendi completamente como Chico Bento se sentia naqueles gibis quando ele visitava a cidade e estranhava tudo, eu tinha a impressão que tive que aprender até a atravessar a rua. Eu atravessava a rua, mas também a rua me atravessava, seu ritmo, seus sons, suas tristezas. Enfim, esse pacote de céu e inferno que São Paulo nos dá. O violão virou guitarra e a MPB clássica cedeu lugar a novas escutas que me ajudassem a processar e responder “onde o pé pisa?”. Um amigo de infância, aqui de Floripa, depois de escutar meu disco me revelou uma instância de CRIA que eu não havia pensado. “Evinha, CRIA é também a Eva cria de São Paulo”, e ele tem razão, é. Esse disco é muito Paulistinha na concepção geral, quanto a essa estética eu quem escolhi esse rumo, esse pertencimento com a cena musical de São Paulo. Assim vou gastando meu dinheiro na terapia, porque em São Paulo tenho minhas interlocuções poéticas e em Floripa tenho o “laranja amargo” que quando se junta com o mar rouba as palavras dos poetas.

Para quem está conhecendo o seu som ainda, como você definiria a sua música? Quais as suas maiores influências?
Eva Figueiredo: Boa e velha MPB com roupas boas e novas. Tem essas pitadas de vanguarda Paulista, tem esse pertencimento a esse gênero que estão nomeando como “nova MPB”, tem esse duplo potencial de escuta: ouvir como que está inteiro na poesia (e na poesia musical) ou ouvir com o corpo (tem esse potencial do balanço) e também uma coisa não exclui a outra. Agora isso das definições é sempre tarefa difícil, pois isso que tem de singular nos trabalhos autorais sempre transbordam as caixinhas.
Sobre as influências divido em partes, as do disco são: Elza Soares, Ná Ozetti, Patrícia Bastos, Criolo, Anelis Assumpção, Jonathan Silva e vários outros. Essas são as estéticas que passeio hoje na primeira CRIA. Mas escutei também muito Elis Regina, Gal Costa, Bethânia, Gil, Caetano e essa turma de vovôs e vovós que pariram e criaram muitas das sonoridades vanguardistas do nosso cancioneiro. Aí na clarineta escutei muito Paulo Moura, Proveta e Gabriele Mirabassi, hoje em dia estou fã de Anat Cohen. E ainda me sinto influenciada pelos próprios artistas da minha geração, que escuto muito e amo: Maria Ò, Guilherme Kafé, Paulo Ohana, Luísa Toller, Paulinho Brandão, Maria Beraldo, Josyara, entre tantos outros.

Planeja entrar em turnê agora que lançou o disco? Quais são os planos para a estrada?
Eva Figueiredo: Sim! A minha ideia é circular por algumas capitais. Dia 3 de setembro vou fazer o lançamento em Florianópolis, espero em breve lançar também em São Paulo e depois com certeza Curitiba e Belo Horizonte.

Gostaria de deixar um recado aos leitores da Nação da Música?
Eva Figueiredo: Gostaria ao contrário, que eles me deixassem recado (risos), me contando do disco, eu super respondo pelo insta @eva_figueiredo_

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Marina Moia
Marina Moia
Jornalista e apaixonada por música desde que se conhece por gente.