Nesta quinta-feira (21), chegou às plataformas digitais o novo disco da cantora Marcia Castro, intitulado “AXÉ”. O trabalho apresenta repertório inédito que se inspira na fase de ouro do gênero mais pop da música baiana.
“AXÉ” possui canções escritas por nomes como Carlinhos Brown, Russo Passapusso, Emicida e Nando Reis, e tem participações especiais de Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Margareth Menezes e Hiran.
A Nação da Música teve a oportunidade de conversar com Marcia Castro sobre como foram as colaborações do disco, a produção com Letieres Leite e Lucas Santtana e também sobre a evolução musical dela mesma.
Entrevista por Marina Moia.
—————————————— Leia a íntegra:
Obrigada por falar com a Nação da Música, Marcia! No dia 21 de outubro, você coloca no mundo o álbum “AXÉ”. Como está o coração com este lançamento e quão especial ele é para você?
Marcia Castro: Nossa, eu estou com a expectativa muito boa, muito alegre de lançar esse disco, que já está pronto há bastante tempo. A gente no final das contas interrompeu o processo por causa da pandemia, então retomar esse disco que tem uma mensagem super solar, positiva, otimista, é muito gratificante. É muito leve, muito feliz, poder lançar esse trabalho neste momento em que a gente está vivendo.
Poderia nos contar sobre o processo criativo de “AXÉ”, com produção de Letieres Leite e Lucas Santtana?
Marcia Castro: O processo criativo do disco foi uma delícia. Eu queria muito que a produção do trabalho fosse feita por Letieres Leite e Lucas Santtana. Consegui reunir esses dois nomes! Letieres que é uma figura importante em toda história, em toda a gênese dessa nossa música baiana. Ele esteve presente em várias fases, vários momentos, como figura central. Lucas também vivenciou a música baiana, não só essa parte do Axé Music, mas lá no início ele chegou a tocar com pessoas como Gerônimo, etc e tal, mas ele também começou a desenvolver um trabalho influenciado por essa história, mas indo já numa outra direção. Ter essas duas pessoas com características que se aproximam, mas que também são diferentes, trouxe uma riqueza musical muito grande pro trabalho. Eu acompanhei o processo de produção, a gente se reuniu com os músicos em estúdio e fomos construindo juntos as músicas. Foi um processo muito rico pra mim como cantora entender e aprender com eles sobre os nossos ritmos baianos, como são construídos, como são pensados, as relações entre todos os instrumentos, até chegar a construção total da música. Para mim, foi um processo muito rico.
Inscreva-se no canal da Nação da Música no YouTube, e siga no Instagram e Twitter.
Além de você mesma, o álbum conta com muitos colaboradores nas composições, como Carlinhos Brown, Russo Passapusso, Emicida e Nando Reis, e também nas vozes, como Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Margareth Menezes e Hiran. Como foi trabalhar com esse time de artistas renomados?
Marcia Castro: É sempre bom trabalhar com quem a gente admira, com quem a gente acredita ser competente, acredita fazer as coisas com maestria. Por isso, pra mim, é uma honra ter todas essas pessoas, tanto o time de compositores, como o time de convidados do disco. Quando a gente começou a pensar nas composições, a gente sabia que queria que existissem esses compositores ali no trabalho. Por exemplo, como o Carlinhos Brown, que é figura central, o Russo Passapusso, que hoje representa esse frescor da nossa música baiana com o BaianaSystem. O Emicida, que é um nome nacional que, dentro dessa atmosfera de uma música que tem referências completamente ligadas à nossa tradição afro, e ele ta ali também complementando com uma novidade pra gente porque ele não é na verdade baiano, mas tem ali pedaços e fragmentos da nossa história, da nossa Bahia também. Pra mim, esse time de compositores é um time super campeão.
As cantoras foram as pessoas que edificaram nossa música baiana. Foram as cantoras que trouxeram destaque para nossa música, que nacionalizaram e internacionalizaram a nossa música. São três pilares: Margareth Menezes, a primeira cantora negra de trio elétrico, primeira mulher que lá na década de 80 começou a fazer isso, rompendo barreiras sendo mulher e negra naquele momento. Aí tem Daniela que, a partir do show no MASP, nacionalizou aquele movimento que tava ali pulsando na Bahia já tinha um tempo. Ela conseguiu nacionalizar aquilo e trazer de fato a força do Axé Music pro Brasil todo. E você tem Ivete Sangalo que é a nossa grande figura pop, nossa musa pop do Axé Music, da nossa música baiana. Eu consegui reunir três pilares muito importantes que trazem essa representação, essa força e importância das vozes femininas na construção do Axé Music. Além de tudo, o Hiran, que é um amigo, traz também um frescor muito grande. Um rapper que também lida com as questões da diversidade, que pra mim é um tema que me toca bastante. Eu sou uma cantora das diversidades e Hiran também agencia isso. Além do que, é um artista que eu admiro muito, admiro as composições dele, o jeito que ele faz rap e eu queria trazer esse elemento novo, misturar com as coisas que a gente já estava fazendo, de tradição da nossa música. Acredito que foi uma mistura muito interessante.
Com quem mais você gostaria de colaborar no futuro?
Marcia Castro: Nossa, tem muitos artistas com quem eu quero colaborar no futuro! E fazer essas misturas que eu acho que são características do meu trabalho. Artistas desde a nossa música baiana, mais ancestral, como Mateus Aleluia, Lazzo, até compositores de destaque no cenário nacional, como Gilberto Gil, Caetano Veloso, meu amigo Tiganá Santana. Tem as novas vozes da Bahia, como Luedji Luna, Larissa Luz. Enfim, dentro desse universo da música baiana, tem uma infinidade de artistas que eu admiro, que eu desejo construir coisas juntos por uma afinidade mesmo de lugar, musical, por uma admiração.
Este é o seu quinto álbum da carreira. Como você enxerga a Marcia Castro de hoje, lançando “AXÉ” e a do começo da carreira musical? O que mudou na sua forma de criar e cantar?
Marcia Castro: Nossa, Marcia Castro é uma pessoa muito mais amadurecida, tanto em termos musicais como vocais. A música é um exercício que quanto mais a gente faz, quanto mais a gente pratica, mais a gente amadurece de fato, mais a gente fica melhor! Eu acredito que fui me aperfeiçoando, não só musicalmente e vocalmente, mas entendendo melhor o que a minha música quer comunicar para o mundo, em qual lugar eu me encaixo, qual discurso eu quero passar pras pessoas com a minha música, quais sentimentos eu quero fazer com que as pessoas sintam a partir das minhas músicas. Esse lugar está muito mais assentado em mim. O “AXÉ” é como se fosse um novo portal que se abre nisso.
Eu sou uma pessoa que me entendo como solar. Sempre fui, mas hoje tenho muito mais consciência. Eu quero que o meu trabalho revele essa solaridade para as pessoas, que possa trazer otimismo, que possa trazer esperança, que possa trazer afeto, que isso sejam as nossas armas políticas, nossas armas de estar no mundo. Eu acho um mundo feliz, um mundo no qual as pessoas tenham autocuidado, é muito poderoso. É um mundo difícil de ser rompido, corrompido, influenciado negativamente, sabe? Essa Marcia que se abre com esse “AXÉ” é uma Marcia que eu acho que vai perdurar por muito, muito tempo, porque é uma Marcia consciente do seu lugar no mundo e é uma Marcia também da diversidade. É uma Marcia que quer inclusão, que quer abarcar pessoas das mais diversas formas, visibilizar causas e afetos, isso me toca profundamente. Isso, esse disco abre e revela de uma maneira muito mais consistente.
Com a vacinação já rolando, muitos artistas já estão com planos para shows e turnês ao vivo, presenciais, para o ano de 2022. O que podemos esperar de Marcia Castro neste quesito? Você já está fazendo planos?
Marcia Castro: Bom, a gente ainda está entendendo como vai ser essa retomada, a gente está lançando disco agora e eu estou há uns quatro anos sem lançar nenhum trabalho. A partir do lançamento do disco, muitas coisas vão se desenhar em relação a shows. Já estamos conversando coisas de Carnaval, de Réveillon, mas nada ainda muito certo. Acho que o mercado ainda está entendendo como vai ser essa reabertura pra dai a gente confirmar mesmo uma agenda. Mas existem planos sim, estamos esperando algumas respostas, mas eu prefiro falar quando elas estiverem mais concretas pra gente não ter que voltar atrás neste momento.
Gostaria de deixar um recado aos seus fãs leitores da Nação da Música?
Marcia Castro: Nossa, quero deixar um recado para que as pessoas escutem com muito amor e muito carinho esse disco novo. Um disco feito com esses sentimentos, com muito amor e muita entrega. Não só minha, mas de todas as pessoas envolvidas. Eu tive a sorte de ter a colaboração de profissionais incríveis, de produtores maravilhosos, de músicos sensacionais, de participação de compositores, todos se envolveram e nenhuma relação desse disco foi fria ou relação de toma lá, dá cá. Foi uma relação de conversa, de convite de próximo, de entender o que eu queria falar nesse disco. Eu desejo muito que as pessoas entendam essa mensagem, que entendam isso, e que isso se revele em sentimentos, que esse disco desperte bons sentimentos em todas as pessoas e leitores da Nação da Música. É isso que eu espero pra gente voltando deste novo mundo pós pandêmico mais firme, mais sóbrio, reconstruído das nossas feridas desse período que foi difícil.
Muito obrigado pela sua visita e por ler essa matéria! Compartilhe com seus amigos e pessoas que conheça que também curtam Marcia Castro, e acompanhe a Nação da Música através do Google Notícias, Instagram, Twitter, YouTube, e Spotify. Você também pode receber nossas atualizações diárias através do email - cadastre-se. Caso encontre algum erro de digitação ou informação, por favor nos avise clicando aqui.
Caso este player não carregue, por favor, tente acessa-lo diretamente no player do Spotify. Siga a NM no Instagram e Twitter