Recentemente, o artista Paulo Novaes se uniu ao português Janeiro e juntos lançaram o EP “Protocolar”, que conta com 4 faixas e está disponível nas plataformas digitais.
A Nação da Música teve a oportunidade de conversar com Paulo sobre o processo de criação e produção do novo trabalho, a vida em Portugal e também sobre os planos para 2020.
Entrevista por Marina Moia.
——————————————–Leia a íntegra:
Oi, Paulo! Obrigada por conversar com a gente! Parabéns pelo lançamento do EP “Protocolar Vol. 1”. Como surgiu a ideia de trabalhar neste projeto com o músico Janeiro?
Paulo: Janeiro foi um dos primeiros músicos portugueses com quem eu me envolvi desde que eu cheguei em Portugal e a gente teve uma conexão muito profunda, bonita, sincera, e desde que a gente se conheceu basicamente a gente fala “temos que fazer um EP”, ficamos jogando isso pro universo muito tempo. Isso já desde o fim de 2018. Então fizemos uma primeira parceria no segundo semestre de 2018 e teve um outro dia que fizemos outra e resolvemos gravar esse EP então é um desejo profundo, que parece que nos conhecemos há muito mais tempo.
E como foram os momentos em estúdio, já que vocês colaboraram 100% juntos nas composições, gravações e produção?
Paulo: 100% do EP é misturado. Isso eu acho interessante na questão união Brasil Portugal porque as letras são dos dois, a gente foi escrevendo juntos, a melodia são dos dois, a produção dos dois,tudo dos dois. tanto que se pega a letra tem expressões em português de Portugal, Brasil…. tanto que cantamos 100% do EP juntos, nenhuma parte nenhum sola. É uma união do trabalho dos dois.
Este projeto aborda tanto a quebra de paradigmas como critica o conservadorismo vigente. Janeiro é português e você vive em Portugal, mas é brasileiro. Sabemos que o Brasil vive uma situação muito delicada com a ascensão desse conservadorismo e a perda de direitos, inclusive. Portugal vive a mesma situação? Como foi vai essa correlação entre os países e registrar isso em música?
Paulo: Em relação à correlação desses dois países, a questão do conservadorismo é sim algo mundial. Apesar de que, em Portugal, é um governo de esquerda, que tem as portas super abertas. É um país que tem muitos avanços em vários sentidos, porém acho que isso não tem muito a ver com o conservadorismo. Até porque vimos agora recentemente, num jogo de futebol, mais um caso de racismo e existem muitos casos de xenofobia, eu mesmo sendo homem e branco já sofri por ser brasileiro.
Acho que é o momento da gente tentar quebrar isso. Dá pra perceber que isso está vivo em todos os lugares, não é só no Brasil ou só em Portugal. É um recado que a gente está dando pro mundo mesmo porque é uma coisa que a gente sente em todos os lugares. A política do mundo está migrando pra um lado totalmente conservador, porém, até existe essa discussão no EP, que tem uma visão mais otimista do futuro porque acredito que essa onda conservadora tem hora pra acabar. Acho que hoje em dia, a conscientização e a resistência é muito maior. O Janeiro e eu, no fim, concordamos. Mas eu sou mais otimista e ele acha que vai demorar, que tem muitas pessoas conservadoras. Como o Criolo diz, eu acho que as pessoas estão perdidas: “As pessoas não são más, elas só estão perdidas”. Acho que essa onda vai passar e o mundo vai tomar um rumo colorido.
Falando sobre você viver em Portugal, você sente diferença no fazer da música entre lá e aqui? Ou podemos dizer que é tudo universal?
Paulo: Fazer música aqui e lá tem diferença sim. No geral, é o público. Enquanto o público brasileiro é um público muito intenso e muito caloroso, o público português é mais atento, mais respeitoso, mais apreciador. Eu diria que é mais conhecedor até da nossa herança cultural, de música popular brasileira, do que nosso próprio povo. Eles têm um respeito e uma admiração profunda pela música brasileira. Foi muito bom pra mim [sentir isso]. Abrir portas em outro continente, outro país de mesma língua, que não são tantos assim de língua portuguesa.
Também foi bom para o meu público no Brasil. Tem alguma síndrome aqui no Brasil, que não sei como se explica, que você sai do país e muita gente passa a dar valor. Eu senti isso muito nitidamente das vezes que voltei e eu estou num processo de volta pro Brasil, por uma questão de demanda mesmo. Como eu vou lançar meu terceiro disco, eu vou ter uma demanda muito maior pelo tamanho.
Acho que Portugal é uma porta de entrada para a Europa, tem esse “problema” de ser pequeno e chega uma hora que ou você explora fora de Portugal ou vai ficar rodando por ali. E o Brasil tem muito mais demanda. Então estarei num processo de migração pro Brasil no segundo semestre pra fazer o disco, mas vou manter o plano de voltar para Portugal pelo menos uma vez ao ano para passar um tempo e fomentar todas essas portas que eu abri.
Este é o volume 1 do EP. O que podemos esperar do próximo volume? Pode nos contar algo já?
Paulo: O volume 2 ainda não foi gravado, mas a maneira que foi feita a gravação e o projeto, é uma maneira que a gente já teve a ideia de repetir o mesmo processo em outros lugares. Primeiro foi em Portugal, agora queremos repetir no Brasil esse ano, com certeza. É um processo muito livre, que depende pouco de estrutura, depende muito mais de tempo e disposição. Vamos ter muitos volumes do “Protocolar” ao longo da vida, com certeza, e espero lançar mais uns dois neste ano pelo menos.
Se pudesse escolher algum artista ou banda para colaborar, quem escolheria?
Paulo: Vish Maria, tem vários, mas acho que minha artista do momento é Luiza Lian. Acho fantástica. E ouço muito. Foi a minha artista mais ouvida de 2019 e continua sendo muito ouvida em 2020. Sou muito fã.
O que mais podemos esperar de Paulo Novaes em 2020?
Paulo: Muitas coisas! Com certeza vai ser produtivo, no sentido de lançamentos. Já teve o de “Protocolar”. Em março vou lançar o primeiro single do meu disco, em abril o segundo, em maio já lanço o meu terceiro álbum, “Minha Cabeça”, que vai ter muitas facetas e que vai gerar muita coisa durante o ano todo.
Esse ano também terá mais três canções do projeto Primo, que é meu, da Bruna Caram e Lucas Caram. Nós somos primos e temos esse projeto familiar que é muito bacana. Já lançamos um EP e vamos lançar o segundo neste ano, estamos no processo de edição e mixagem.
Vou lançar também um outro projeto chamado Músicas Perdidas, que é de arquivo, digamos assim. junto com Bianca Godoi e João Nhoque, que são dois grandes amigos e músicos incríveis. A gente resgatou algumas músicas minhas antigas e fizemos arranjos bem simples, pra eu mostrar essas músicas pra pessoas também, já que tenho muitas esquecidas no tempo.
E muitas outras coisas! Muitos shows pelo Brasil, alguns pela Europa também. Do “Protocolar” vamos fazer uma turnê que estamos fechando as últimas datas e que vai ser em lugares curiosos, não óbvios, digamos assim. Vai ter “Protocolar Vol. 2”, enfim, vai ser um ano super intenso, que já começou super intenso e vamos conversar bastante ainda!
Gostaria de deixar um recado aos leitores da Nação da Música?
Paulo: Aos leitores da Nação da Música, fiquem ligados! Tem muitos projetos pra sair, projetos que estou ligado com pessoas incríveis e, inclusive, meu terceiro disco vai ser extremamente colaborativo, com muitas pessoas talentosíssimas envolvidas. Peço que fiquem ligados porque 2020 vai ser massa!
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