Entrevistamos Woodkid sobre novo disco “S16” e memórias do Brasil

woodkid
Foto: Reprodução/Instagram

Na última sexta-feira (16), o músico e cineasta Woodkid liberou o segundo álbum da carreira, chamado “S16”, sucessor de “The Golden Age”, de 2013.

O primeiro single do trabalho é “Goliath”, que ganhou um poderoso videoclipe dirigido pelo próprio artista. Nesta quarta (21), ele também liberou o clipe de “In Your Likeness”, que você confere no decorrer da matéria.

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A Nação da Música teve a oportunidade de conversar com Woodkid via Zoom sobre o processo criativo de “S16”, as memórias que ele tem das vezes que veio ao Brasil e também sobre a criação do clipe de “Goliath”.

Entrevista por Marina Moia.

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——————— Assista à entrevista na íntegra (com legendas!):

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——————— Leia a íntegra:
Vamos falar sobre o novo disco! Como foi o processo criativo deste álbum?
Woodkid: Tem sido longo e às vezes doloroso, mas também complexo. O que eu acho que transparece no álbum. Acho que tem sido sobre plantar sementes das músicas e ideias que eram como fotografias das emoções pelas quais eu estava passando. Semeando essas canções e deixando que elas crescessem com o tempo e com as colaborações que eu fiz nestes últimos 5 anos. Parece que eu fiz 100 músicas e editei e reduzi para as 11 que estão no álbum. Mas na verdade foram essas 11 músicas que de alguma maneira foram se transformando e crescendo com o tempo. E se tornaram “S16”, na verdade.

O processo foi muito diferente do anterior, “The Golden Age”?
Woodkid: É, eu acho que foi um disco com um pouco mais de dúvida. Acredito que fiz meu primeiro disco pensando que eu sabia tudo. Eu tinha esse sentimento poderoso porque era tudo muito empolgante, tudo que eu estava descobrindo. Coloquei muita paixão naquilo. Este também teve a paixão, mas também é sobre um reconhecimento das minhas fraquezas e fragilidades. E eu meio que queria celebrar isso porque senti que no final do dia isso tinha um grande poder e força, uma força emocional ao admitir tudo isso. É sobre confiança, resiliência… E é muito sobre a celebração da ajuda que outros podem ser às vezes.

Já se passaram 7 anos desde “The Golden Age”. Esse período te afetou ou influenciou o novo disco de alguma maneira?
Woodkid: Sim, acho que o tempo ajudou. Tempo é um assunto político principalmente quando falamos de música. E parece que os artistas sofrem muita pressão de serem cada vez mais rápidos. Isso ficou claro com um comentário do CEO do Spotify, que eles querem que os artistas produzam mais rápido. Eu acho que isso é algo um pouco doido. Porque acredito que tempo é um grande amigo quando você é um artista. Acho que o tempo te ajuda a distanciar e a validar algumas opiniões e novas ideias. Por mais que eu goste de agir rápido às vezes como músico, ao fazer algo e lançar rapidamente, eu acho que ter tempo pode ser muito legal se você precisa ou se você quer por causa da sua saúde mental ou por causa da sua percepção artística, que precisa de tempo para fazer músicas.

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O primeiro single, “Goliath”, ganhou um videoclipe incrível dirigido por você mesmo. É incrível, eu amei. Como você teve a ideia para este vídeo?
Woodkid: Eu sabia desde o começo que havia algo de muito industrial neste disco. Que eu precisava de alguma maneira falar do mundo, mas precisava de uma metáfora para isso. E o mundo industrial e as máquinas industriais eram uma ótima metáfora para isso. Eu queria falar sobre essa grande força interior e as poderosas emoções que eu estava sentindo. Queria falar sobre elas através deste mundo. Eu queria usar esse mundo para falar sobre essas emoções.

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E quando eu explorei esse tema industrial, que poderia ser o tema do disco, eu visitei muitos lugares. Eu fui em plataformas antigas, fui em minas de carvão, que você vê neste clipe. Eu fui em usinas nucleares, em reatores nucleares, fui em indústrias e em complexos industriais confidenciais. Eu visitei as pessoas de lá, falei com os trabalhadores. Eu fui em barragens, em usinas de energia hidráulica…

E no caminho, eu vi essas escavadeiras e eu achei que elas eram as ilustrações perfeitas de espectro musical de “Goliath”. Com aqueles sons doidos e atrozes que parecem devorar a música. E eu senti que aquelas máquinas eram ótimas para ecoar isso na música.

Já que você é um cineasta, quando está produzindo suas músicas, você já planeja o videoclipe ou isso vem depois no processo [criativo]?
Woodkid: Nem sempre, mas na maioria das vezes tenho pelo menos imagens ou conceitos, que são referências. Nunca tenho uma narrativa pronta pro videoclipe antes da música estar pronta porque preciso da música para realmente conseguir escrever algo sequencial. Mas é, sempre tenho imagens. [Veio] Muito rápido quando eu trabalhava na batida de “Goliath”. Sabia que havia algo sobre rotação.

Tem algum artista ou banda com quem você gostaria de trabalhar no futuro?
Woodkid: Nossa, tantos! Eu adoraria fazer algo com a Billie Eilish. Sei que ela gosta da minha música porque ela já comentou sobre isso. Eu acho ela fabulosa porque ela é ambígua. Ela é cheia de escuridão e luz ao mesmo tempo. Ela é uma figura bem contemporânea. Ela é uma representação do mundo como ele é hoje em dia. Ela está muito alinhada com isso. Eu a acho muito inspiradora e amo a voz dela.

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Sei que você dirige todos os seus videoclipes, mas tem algum diretor que você gostaria que dirigisse um dos seus vídeos?
Woodkid: Eu nunca consegui achar uma maneira que tivesse certeza de que eu não seria um monstro pro outro diretor, se eu desse a ele as chaves do meu projeto. Mas tem tantos diretores que eu realmente admiro muito. Tem um diretor com quem já trabalhei em projetos paralelos, chamado Albert, que eu realmente amo. Ele é muito talentoso!

Quando shows ao vivo forem possíveis novamente, você tem planos de trazer o show do Woodkid para o Brasil?
Woodkid: Sim, é claro! Eu adoraria poder voltar. Eu amo o Brasil! Tenho memórias incríveis, especialmente de São Paulo, onde fizemos um show insano onde todo mundo sabia todas as letras do álbum! E eu me lembro da situação nos bastidores ser bem maluca e quente e doida e divertida. É uma memória incrível.

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Por último, mas não menos importante, você gostaria de mandar um recado aos fãs brasileiros?
Woodkid: Eu diria para votarem! Quando eles puderem, se puderem. Eu diria pra eles nunca perderem as esperanças na arte e na música. Porque arte é uma grande forma de se expressar. E se algum deles forem artistas, para se jogarem de cabeça nisso. Às vezes na adversidade está o melhor caminho para fazer arte.

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Marina Moia
Marina Moia
Jornalista e apaixonada por música desde que se conhece por gente.