Orgulho e Preconceito e Zumbis é aquele tipo de livro que me fez torcer o nariz assim que li a sinopse pela primeira vez. Mas que também me fez morrer de vontade de lê-lo o mais rápido possível para ter uma opinião formada sobre ele. Todo mundo aqui já ouviu falar do livro mais famoso de Jane Austen, certo? Agora imaginem uma das histórias de amor mais belas da literatura cheia de lutas sangrentas e vocês vão saber do que estou falando.
No tranquilo vilarejo de Meryton, nossa heroína, a guerreira Elizabeth Bennet, treinada nos rigores das artes marciais, está determinada a eliminar a ameaça zumbi… até que sua atenção é desviada pela chegada do altivo e arrogante Sr. Darcy. Ela conseguirá superar os preconceitos sociais dos grandes aristocratas ingleses, tão ciosos e orgulhosos de seus privilégios?
Acho que o modo mais honesto de começar essa resenha é dizer que eu não gostei do livro. Por quê? Bem, não foi porque ele foi mal escrito. Em relação a isso eu não tenho mesmo do que reclamar, porque o autor mostra saber lidar com as palavras muito bem, de modo que a história, embora de época, mantenha essa característica com um linguajar um pouco mais atual, o que torna a leitura mais leve.
O motivo principal que me fez não gostar da história foi a abordagem que Seth Grahame-Smith utilizou. O autor não tratou a epidemia de zumbis como algo repentino, como nós costumamos ver em filmes e séries sobre o tema. Vocês sabem: todos em em pânico, histéricos, tentando se suicidar e descobrir a todo custo uma cura para o male. Não. O autor encara os chamados “não-mencionáveis” como uma coisa que acontece há anos, algo com o qual os personagens já estão acostumados.
Então imaginem: um dos romances mais famosos de todos os tempos ambientado num lugar em que ataques a mortos-vivos, espadas, chutes, sangue, vômito e tripas é banalidade. E Elizabeth Bennet, a protagonista sagaz e inteligente, é, além de tudo, uma mestre das artes marciais, treinada na China e com um sangue-frio exagerado. Meio estranho.
Embora a trama seja bem amarrada, as únicas partes das quais eu gostei foram as exatamente fiéis aos romances e intrigas criados pela própria Jane Austen. Confesso que alguns combates foram legais e até prenderam a minha atenção, mas, para quem leu o original, é um pouco frustrante ver a história tomando rumos tão inesperados assim. Ainda assim, não dá para negar que o autor inovou em algumas partes e se permitiu sair da linha de raciocínio de Jane Austen. Alguns acontecimentos realmente me deixaram de queixo caído. Fiquei pensando “não acredito que isso aconteceu!” e “que legal!”.
Orgulho e Preconceito e Zumbis não é um livro que eu recomendo para todo mundo. Você tem que ter a mente aberta para encarar uma história assim. Se você for fã de Orgulho e Preconceito, talvez seja bom manter distância. Ler uma versão tão distorcida de seus personagens preferidos pode ser prejudicial à saúde. Ou talvez não, se você souber separar as coisas. Eu confesso que não soube lidar muito bem com isso… mas é um livro que eu fiquei contente por ler, no fim das contas.
É uma pena que a ideia de zumbis não tenha sido muito bem aproveitada. Eu bem que gostaria que toda a coisa das artes maciais não existisse e que, ao invés disso, todos os personagens embarcassem numa tentativa alucinada de sobrevivência! :)
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