Projota fala sobre o novo álbum “Foco, Força e Fé” em entrevista exclusiva

“Foco, Força e Fé” é o primeiro álbum oficial de Projota, que até então já tinha lançado três mixtapes, um DVD e dois EPs. Apesar disso, o rapper é um dos principais nomes da música nacional nos últimos anos, e responsável pela renovação da cena do rap no Brasil. Em seu novo disco, lançado em novembro, Projota tem parceria de Pedro Dash e Marcelinho Ferraz na produção. Além disso o disco conta com convidados especiais do calibre de Marcelo D2, Negra Li e Dado Villa-Lobos.

O Nação da Música bateu um papo descontraído com o rapper, que comentou sobre o novo lançamento, influencias musicais e responsabilidade social do rap.

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Confira a entrevista na íntegra feita por Vicente Pardo.

Nação da Música: Como que foi o trabalho em “Foco, Força e Fé”? 

Projota: Eu me reinventei e foi basicamente isso. Eu já tinha quase o disco todo escrito, antes de entrar no estúdio. Ficamos uns três meses em estúdio, e algumas coisas naturalmente surgiram depois, novas. Quem produziu o disco foi o Marcelinho Ferraz e o Pedro Dash. O Pedro eu conheci quando fui fazer um som com a Anitta, um tempo atrás, e ele é o mesmo cara que fez a música “País do Futebol”, do MC Guime. Primeiro trabalhei com ele nessa parceria e, depois, sem gravadora nem nada, fizemos “Enquanto Você Dormia”. Só pra ter uma guia das músicas e ver o que íamos fazer em outros trabalhos no futuro. Quando a gravadora surgiu com a proposta do Marcelo Ferraz, ele comentou que tinha um amigo pra trabalhar. ‘Quem é seu amigo?’, e ele disse ‘O Pedro Dash’.. ai fechou! Eles mandaram muito bem, fizeram tudo da forma como eu sonhei mesmo que esse disco fosse sair.

Nação da Música: Como foi poder trabalhar de fato num álbum em estúdio?

Projota: Isso é doido! Porque você já parte pro trabalho. Antes, com as mixtapes, alguém mandava uma batida e só daí surgia uma música. Agora, eu podia sonhar com uma música durante a noite e ir lá e fazer ela no estúdio, colocar ela em prática. Eu não sei tocar vários instrumentos, toco meu violão mas não é o suficiente pra compor. Componho, mas não tenho conhecimento suficiente pra fazer uma gravação em casa. Então eu chegava no estúdio e falava ‘cara, eu quero uma música desse jeito’.

É o caso da música com o Marcelo D2. Eu cheguei pros produtores e falei que faltava uma música daquele jeito no disco. No dia seguinte já chegaram com a produção e eu já liguei pro D2 e foi!

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Nação da Música: Falando no D2, o disco conta com várias participações especiais. Como que foram as escolhas?

Projota: O D2 já é meu parceiro, então foi tudo muito natural. Eu já tinha avisado ele que, no dia que eu fizesse um disco, ia chamar ele. Só esperei aparecer a música certa, não dava pra fazer um convite a esmo. Então, foi uma música que quando surgiu eu já liguei pra ele e fechou. A Negra Li eu já tinha feito vários festivais com ela, já conhecia, mas a gente nunca tinha trabalhado junto. Foi uma oportunidade muito foda, porque era uma música que pedia uma voz feminina. É uma música social pra caramba, muito rap. Fala da história de vida da periferia e, pô, quem melhor que a Negra Li pra cantar sobre isso? Ela é um grande nome feminino do hip hop ao longo de tantos anos. Tive a alegria dela de aceitar o convite.

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Já o Dado é um outro agregado. Eu cresci ouvindo rock. Eu fui começar rap lá pelos 15, 16 anos, quando comecei a compor os primeiros raps. Antes eu escrevia rock, eu cresci ouvindo rock. Eu sempre fui muito fã de Legião Urbana, desde criança. Meu irmão mais velho ouvia e eu ouvia por tabela. Quando mais velho eu ia atrás pra buscar as músicas, comecei a entender e pensar ‘caramba, o negócio é bom mesmo’. Conheço toda a carreira, todos os álbuns do Legião. A ideia foi trazer uma outra referência, trazer pro disco uma referência minha. Algo que pode parecer até inusitado.

Quando fizemos a música e sampleamos ela, gravei a guia, mandei pro Dado pra ver se ele aceitava o convite. Ele não só aceitou o convite pra tocar na música, como também cantou no final. Daí já era né! Foi uma das maiores alegrias da minha vida, mais do que carreira. Foi uma alegria pessoal, poder ligar pro meu irmão e falar que tinha tocado com o Dado. Foi muito bom.

Nação da Música: Recentemente você recebeu, mais uma vez, o Prêmio Jovem Brasileiro. Como que você enxerga a sua responsabilidade com os mais jovens?

Projota: Baita responsabilidade. E é uma responsabilidade que eu assumo com a maior alegria e naturalidade do mundo. Porque aconteceu naturalmente, não foi algo que me contrataram e falaram ‘agora você vai ser responsável por isso’. Eu fazia música, eles se identificaram, o tempo foi passando e eles seguiram me acompanhando. Então, é uma responsabilidade que surgiu naturalmente e que eu aprendi a ser responsável por isso naturalmente.

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Hoje a gente tem uma relação muito próxima, eu e meus fãs. Eles são muito fanáticos. E eu participo da formação da personalidade deles. É quando o moleque tá na fase crítica, quando ele define o que ele vai ser, quem ele vai ser, o que ele quer fazer da vida dele. Minha música está direcionando o caminho deles. Foi o que aconteceu comigo, quando tinha 16 anos e comecei a ouvir rap. E eu sei o quanto eu sou grato aos rappers e aos cantores que eu ouvia. Eu sei que, talvez, eu fique também marcado na vida dessa molecada. E isso é muito especial.

Nação da Música: Você, assim como outros nomes como Emicida e Rashid, são responsáveis por uma renovação do rap. E, por conta disso, acabam influenciando muita gente que tá começando agora. Quais dicas você dá pra quem se espelha no Projota na carreira musical?

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Projota: Eu acho que a primeira coisa que é importante, mas pouca gente falaria nessa hora, é que você seja autocrítico. Talvez isso não seja pra você. Eu sempre quis jogar futebol, mas se eu fosse mais autocrítico eu tinha parado um pouco antes, porque não era pra mim (risos). A música é a mesma coisa. Todo mundo quer ser o vocalista, todo mundo quer estar em evidência. Tem tanta coisa pra ser feita, e de repente você pode ser importante pro mercado, pra cena que você ouve, de outras formas. Você pode ser fotógrafo, videomaker, empresário, produtor de evento. Tem muita coisa pra ser feita.

Mas agora, praquele que descobriu o que quer e percebeu que é bom. Agora você tem que acreditar! Passar por cima de todas as barreiras. Você vai ouvir críticas e você vai ter se manter de cabeça erguida e saber utilizar elas da melhor maneira. As críticas construtivas você tem que usar pra te doutrinar, pra te moldar e te apontar e direção. As críticas destrutivas você tem que usar como incentivo, mostrar que você consegue. E isso funciona! É uma motivação mesmo. É a mesma coisa que provocar o atacante do time adversário, o cara vai fazer o gol e vai mandar a torcida calar a boca. É isso, é acreditar… tem que ter foco, forço e fé!

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Nação da Música: Pra encerrar, Projota, quais são as expectativas pra 2015?

Projota: A gente vai cair na estrada com o disco em 2015. Até demos uma tranquilizada na agenda no fim do ano pra não acabar queimando algumas cidades importantes antes da hora de divulgar o disco. Acabar indo em cidades importantes com o disco ainda morno. Em 2015 vamos viajar o Brasil todo, entrar em turnê, lançar os singles, botar os clipes na rua pra fazer esse disco pegar mesmo. Tem que ter respeito pelo disco, a sociedade pode estar acelerada mas a arte tem que ser respeitada.

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Vicente Pardo
Vicente Pardo
Vicente Pardo: Editor do Nação da Música desde 2012, formou-se em Jornalismo pela Universidade Federal de Pelotas em 2014. A música sempre foi sua paixão e não consegue viver sem ela. É viciado em procurar artistas novos e não consegue se manter ouvindo a mesma coisa por muito tempo. Também é um apaixonado por séries de TV e cultura pop.