Resenha: “Alicia” – Alicia Keys (2020)

Alicia Keys
Foto: Reprodução / Facebook

Quatro anos após lançar o álbum “Here” (2016), a talentosíssima Alicia Keys retorna com mais um registro de estúdio recheado de poesia, profundas reflexões e uma harmônica mistura de gêneros e instrumentos musicais. Batizado simplesmente de “Alicia”, o novo álbum aborda temas atualmente relevantes como o movimento Black Lives Matter e a pandemia do coronavírus. Ademais, Alicia canta sobre amor, autoconhecimento, arrependimentos e outros temas, os quais refletem uma terapêutica busca pelo autoconhecimento e maturidade.

Abrindo o disco com a introdutória “Truth Without Love”, acordes orquestrados se misturam com o piano e Alicia se mostra em conflito com a sinceridade (The truth without love / Is just a lie). Aqui, a artista criativamente experimenta com distorções vocais, ao se utilizar de auto-tune em alguns trechos da canção, dando um toque interessante e profundo que destoa do instrumental e capta a atenção do ouvinte. Girando basicamente em torno de temas motivacionais e inspiracionais, temos faixas que falam sobre arrependimentos (“Time Machine”), amor próprio (“Me x 7”), senso de propósito coletivo (“Authors Of Forever”), etc.

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Wasted Energy”, faixa imersa no reggae, fala sobre desperdiçar tempo em um relacionamento onde não existe reciprocidade no amor. O groove lento e relaxado faz dessa uma das audições mais gostosas do projeto. Contudo, a faixa seguinte é a que mais brilha: o single “Underdog” traz uma melodia comercialmente apelativa e conteúdo lírico positivo, homenageando todos aqueles que já se sentiram incompreendidos ou deixados de lado na sociedade.

“Too many times, you turned a blind eye to the way I feel
Oh, you’re the reason why I’m numb
And when I try to give you my time, it’s never, ever ideal
Had to learn it the hard way, oh yeah”

 

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Cantando sobre amor, “Show Me Love”, “Love Looks Better”, “Jill Scott” e “You Save Me” aparecem na segunda metade do álbum com leveza e honestidade. Contudo, em “Gramercy Park”, Alicia Keys relata um relacionamento desgastante, o qual faz o eu-lírico apagar sua identidade e se adequar ao seu parceiro (‘Cause I’ve been trying to be everything I think you want me to be / I’ve been doing all the things that I think you wanna see / I’ve been trying to fulfill you with your every need / Now you’re falling for a person that’s not even me).  “So Done” também retrata uma tentativa de mudar quem realmente somos em troca de um amor.

As mensagens mais políticas do disco, “Good Job” e “Perfect Way To Die”, divulgadas no início do ano narram os acontecimentos mais recentes de 2020: A primeira é uma dedicatória aos heróis da pandemia de COVID-19, trabalhadores de saúde e todos que enfrentaram a linha de frente no combate á doença. Já a segunda, um intenso e urgente hino contra a violência policial, em homenagem aos protestos norte-americanos do Black Lives Matter, os quais eclodiram devido ao assassinato de George Floyd.

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Com dezoito faixas no total, o novo trabalho de Alicia Keys se mantém extremamente criativo, virtuoso, poético e plural: Uma colisão de elementos sonoros, instrumentos, gêneros e histórias – cada uma dela refletindo um recorte da persona humana inserida em diversas situações sociais. Oferecendo uma grande variedade de elementos e ritmos, é difícil não sair de uma audição completa sem ter se conectado com, no mínimo, uma canção.

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Guilherme Cossich
Guilherme Cossichhttps://guicossich.medium.com
Influenciador musical baseado em São Paulo
Com dezoito faixas no total, o novo trabalho de Alicia Keys se mantém extremamente criativo, virtuoso, poético e plural: Uma colisão de elementos sonoros, instrumentos, gêneros e histórias – cada uma dela refletindo um recorte da persona humana inserida em diversas situações sociaisResenha: "Alicia" - Alicia Keys (2020)