Arnaldo Antunes lançou na última sexta-feira de maio, dia 25 para ser mais exata, seu décimo terceiro álbum de estúdio solo. Com um nome um tanto quanto peculiar, “RSTUVXZ” (2018) segue o antecessor “Já É” (2015) após três anos.
“Brasileiro”. Essa é a primeira palavra que vem a cabeça ao ouvir as três primeiras músicas do álbum “RSTUVXZ”, de Arnaldo Antunes. Pode até parecer meio óbvio, já que o ex-titãs é brasileiro e faz música popular brasileira. Mas o disco traz muitos toques de várias partes da nossa cultura. O samba sendo a primeira delas, mas não a única, como a própria capa do disco já entrega: R de rock, S de samba, TUVXZ de sabe-se lá o quê.
Porém, rock e samba aqui não andam de mãos dadas – não é rock-samba. “Eu quis mais contrastar as coisas do que misturá-las”, disse Arnaldo Antunes à Folha. A primeira faixa chama “A Samba” – no feminino mesmo -, começa com um pandeiro, cavaco e tem até cuíca lá pro meio da música. Dentro dessa roda, um fundo com um instrumental lembra um órgão.
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“Se Precavê” começa com batucada e cuíca de samba, de repente vira rock. Lembra um pouco até mesmo dos tempos de Titãs de Antunes, não por coincidência, já que Marcelo Fromer – ex-guitarrista da banda, falecido em 2001 – foi parceiro de composição. “Amanhã Só Amanhã” volta com tudo para a roda de samba: cavaquinho, pandeiro e harmonias nas vozes de Liniker e Anelis Assumpção. Ao fundo, uma guitarra distorcida bem tímida.
“Eu Todo Mundo” já é iniciada com guitarra distorcida. É a primeira quebra mais aparente do álbum e aqui já falamos de rock, inclusive com um solo de guitarra. O refrão, mais uma vez, evidencia o estilo Titãs – é impossível não lembrar. A transição dessa faixa para “Também Pede Bis” é brusca, de volta ao samba. Tem até chorinho! Uma delícia de ouvir.
Mais uma vez, Arnaldo Antunes usa as transições de música para mudar os gêneros musicais. “Pense Duas Vezes Antes de Esquecer” tem um elemento mais eletrônico, a guitarra faz aparições pontuais, mas a base são os sintetizadores. Essa canção é uma parceria com Marcelo Jeneci e Ortinho, e não é inédita. Aqui que, segundo Arnaldo, a parte do TUVXZ entra, com gêneros musicais diferentes.
“Quero Ver Você / It’s Only Rock ‘n’ Roll (But I Like It)” se mantém no mesmo tom: tranquila, meio sombria, meio samba, mas nem tanto. Termina com um solo de guitarra que já puxa “Serenata de Domingo”, primeira aparição dos Tribalistas, Marisa Monte e Carlinhos Brown, no álbum. Como Arnaldo já havia dito, o meio do álbum já flerta com outros gêneros. Aqui ele paquera o samba-rock que Antunes disse que não tinha, mas pra um lado mais soul music.
“Medo de Ser” é rock. É característica composição de Arnaldo Antunes. Tem jogo de palavras, guitarra e percussão em sintonia. Em “Desistiu de Mim” ele já pula de volta para as características e jeito de cantar do samba. É um vai e volta infinito, muito bem feito, muito agradável, por vezes brusco. “Em vez de pensar em dois blocos, como eu tinha pensado antes, achei mais interessante fazer uma alternância de um para o outro pelo próprio susto”, conta o cantor.
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“Céu Contra o Muro” é silêncio e calmaria. O violão entra lento, a guitarra distorcida faz o fundo e a natureza fala junto de uma sanfona. No meio da faixa, a bateria dá mais vigor à canção e uma pegada clássica do rock vem junto ao solo, ao mesmo tempo que o acordeão nunca se cala.
A transição da faixa anterior para “De Trem, De Carro ou a Pé” é uma experiência boa quando os fones de ouvidos estão sendo usados. Voltamos ao samba. E daí, para a última música do disco, a maior quebra de expectativa de todas. A grave voz de Arnaldo se junto à doce de Marisa, um clássico tantas vezes já ouvido. “Orvalhinho do Mar” é, em forma de canção de ninar, a segunda participação dos Tribalistas e a despedida do álbum.
“RSTUVXZ” é quebra de expectativa o tempo todo. É rock, samba e soul – até mesmo canção de ninar. É feito, desenhado e delineado por transições maravilhosas. A produção do álbum é de Curumin, criador das tal vinhetas entre as músicas. O trabalho carrega o clássico, tanto do samba quanto do rock, mas também é novo. Um dia você pode ter um disco só de samba, outro dia só de rock e outro os dois contrastando ao mesmo tempo que se unem. Arnaldo Antunes mostra que a fonte ainda está cheia e tem muito a dar.
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