Resenha: “Drones” (2015) – Muse

muse1 (1)Em 2012, Muse colocou nas prateleiras um disco mais experimental e obscuro, o “The 2nd Law”. A utilização de elementos eletrônicos dividiu opinião dos fãs, mas o amadurecimento explicito do álbum é inquestionável. Então, em junho de 2015, chega “Drones”, uma junção do novo com o tradicional, que retorna às origens da banda de apenas três homens com seus instrumentos.

O rumo tomado pelo álbum não foi um passo atrás, mas um a frente. O grupo criou algo tão pretensioso quanto “The Wall” (Pink Floyd) ou “American Idiot” (Green Day), explorando fortemente um conceito através de uma história de dor e manipulação, que pode ser vista como uma crítica ao sistema, politica e a sociedade atual. Em um futuro desconhecido, em meio a guerras e conflitos, pessoas são manipuladas a se tornarem “drones” humanos, controlados por uma força superior (que fica evidente na incrível capa do álbum), obedecendo as mais terríveis ordens sem sentimentos ou consequências, como um psicopata.

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O personagem, antes de se submeter a opressão mencionada, passa por uma perca muito grande, se sentindo sozinho, abandonado e sem esperança. “Dead Inside” é o primeiro capítulo do disco e traz um som mecânico que vai crescendo com a guitarra e os vocais de Bellamy. Em meio à tudo isso, ele caminha por lugares obscuros onde tem contato com um sargento, que começa a manipular o que restou dentro dele.

E é esse sargento que aparece gritando em “[Drill Sergeant]”, introdução de “Psycho”, primeiro single do álbum, que traz uma sonoridade mais pesada com elementos do rock característico. O grupo coloca toda sua alma na música, com riffs de guitarra incríveis e a bateria inconfundível de Dominic Howard. Em meio aos gritos do sargento com um soldado, assistimos à transformação do personagem em uma “maquina de matar”.

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Mercy” é um apelo de socorro e misericórdia. O nosso protagonista começa a perceber como sua alma está sendo destruída, e implora ser salvo por alguém. A música é guiada por um contagiante piano que é somado aos outros instrumentos, carregando grande energia. Mas seu pedido não foi atendido e somos levados ao campo de guerra em “Reapers”, onde vemos os drones em ação, matando sem piedade ao controle de um líder que governa através de mentiras e fraudes. Elementos robóticos e caóticos mostram a gravidade da situação.

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“Drones” tem uma reviravolta quando o personagem decide que não quer mais ser manipulado em “The Handler“, sem medo de andar sozinho, exigindo liberdade. E essa liberdade é expressada pelas falas de John Kennedy em “[JFK]”. O discurso foi feito pelo politico poucas semanas antes de seu assassinato em 1963.

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Em “Defector”, ele se declara desertor do sistema, sendo finalmente livre para fazer o que quiser. “Eu sou livre da sociedade” soa como uma critica politica e um incentivo a revoluções. A música começa com fortes acordes de guitarras que vão se tornando mais melódicos, com influências do Queen.

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Chegamos perto do fim da primeira história, e “Revolt” começa com sons de sirene na rua, convidando todos a se revoltarem contra o opressor, assumindo o controle de suas próprias vidas e fazer do mundo aquilo que você quer que seja, tudo em uma melodia mais animada e energética. “Aftermath” destoa do resto do álbum por ser mais calma e até romântica, com o herói voltando pra casa e encontrando o amor novamente depois de tudo.

“The Globalist” começa com misteriosos assovios no estilo velho oeste, trazendo uma outra visão dos acontecimentos. Em seus 10 minutos de duração, mostra a ascensão e queda de um ditador que nunca se sentiu verdadeiramente amado, e busca compensar isso levando a dor e sofrimento às pessoas. O instrumental acompanha o decorrer dos fatos, tendo seu ápice em um caótico solo de guitarra, pouco antes de um melancólico fim onde o ditador se vê sozinho em meio a destruição que causou.

Encerrando o álbum, “Drones” é como um lamento das almas das pessoas mortas durante a guerra, em uma canção a capella e fantasmagórica, bem simples em sua composição. E tudo termina com um: “Amém”.

Tracklist:
01. Dead Inside
02. [Drill Sergeant]
03. Psycho
04. Mercy
05. Reapers
06. The Handler
07. [JFK]
08. Defector
09. Revolt
10. Aftermath
11. The Globalist
12. Drones

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Nota: 8

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