Resenha: “Good News” – Megan Thee Stallion (2020)

Megan Thee Stallion
Divulgação

Depois de três mixtapes cheias de hits, que garantiram seu lugar na cena do hip-hop atual, Megan Thee Stallion, uma das maiores rappers de hoje em dia – seja homem ou mulher, soltou no ano passado, em 20 de novembro de 2020 – como você pôde acompanhar aqui na Nação da Música, seu primeiro álbum de estúdio, “Good News”. Com 17 faixas, o disco é uma exploração do flow da artista e de todos os assuntos que ela pode atacar com seu rap feroz – e em algumas vezes sensível.

Indo de hinos de autoconfiança, relatos de acontecimentos em sua vida pessoal, versos provocativamente sexuais para feats que agora são icônicos na sua carreira, Megan Thee Stallion prova seu mais do que merecido lugar no pódio. Mesmo com faixas que poderiam ter sido deixadas de fora do projeto e algumas parcerias que não se complementam, “Good News” ainda é a rapper mostrando-se um dos mais inegáveis talentos do rap atual.

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Começando com “Shots Fired”, que tem uma batida de hip-hop característica da cena dos anos 90, com nomes como Missy Elliott ou Lil’ Kim, a artista se refere a diversos episódios na sua vida, na mídia e no mundo em geral durante 2020. Com seu flow fluído, conectando sem erro todos os versos, Megan Thee Stallion versa sobre ter sido ferida com uma bala pelo rapper Tory Lanez, que também dá nome à faixa – além de mostrar sua auto confiança infinita nessa abertura sólida ao álbum.

Intitulada pela rapper como “a canção de todas as bad bitches”, “Circles” tem uma produção mais pop mas não é por isso que a rapper segura ou desacelera seus versos, soltando rimas seguidas sem parar por seus quase três minutos. Perguntando-se porque esses caras ficam errando tanto, além de contar que não vai discutir com nenhum deles, Megan começa berrando “Foda-se esse cara!” e segue recitando sobre como eles não conseguem aguentar uma garota como ela, e como suas “bitches” estão em primeiro lugar.

Essa é seguida por “Crybaby (feat. DaBaby)”, que é a primeira parceria do álbum e uma das que mais combinam em questão de flow e tom dos dois rappers – provocativos e audaciosos, ambos não deixam o ouvinte respirar, soltando suas rimas que pingam confiança sexual e sensualidade. Feita antes da polêmica com DaBaby, a artista principal continua sendo o destaque da faixa, mostrando-se a dominante em seus versos.

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Do It on the Tip (feat. City Girls)” é um dos três feats de Megan Thee Stallion com artistas femininas durante “Good News” e é outra faixa que representa completo domínio de suas sexualidades como mulheres, além do ar das três rappers que passa uma vibe de estar se divertindo com suas amigas. Quem segue é “Sugar Baby” e é uma das canções mais esquecíveis do projeto, que fora de algumas como essa, é um álbum extremamente sólido. Com o ritmo não conseguindo acompanhar a velocidade com que a rapper versa e uma batida repetitiva durante a música inteira, ela é divertida, mas longe de ser um destaque na carreira de Megan ou até mesmo nesse disco.

Com toques muito usados dentro do hip-hop, que se torna ainda mais envolvente com as respirações da rapper entre os versos, “Movie (feat. Lil Durk)” é uma contribuição que funciona em alguns momentos. Quando os dois estão soltando versos seguidos, como se fosse uma conversa entre eles, a canção está em sua maior dinamicidade, no entanto o verso do artista convidado vem com seu flow lento e com pouca variação de entonação, o que é completamente o contrário do que Megan Thee Stallion entrega nos seus – dificultando qualquer combinação entre ambos.

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A sétima música é “Freaky Girls (feat. SZA)” e é um exemplo perfeito de como combinar velocidades diferentes dos artistas envolvidos na colaboração. Com a melodia encantadora da voz de SZA e a prontidão veloz dos versos de Megan, a canção nunca fica entediante, sempre que a cantora de R&B finaliza de hipnotizar os ouvintes com sua voz, a rapper usa suas rimas e o ritmo acelerado como um balde d’água refrescante e repentino, criando uma união perfeita entre os seus dois talentos.

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Inegavelmente o maior single de “Good News”, “Body” é um manifesto de auto confiança e positividade de corpo – com Megan Thee Stallion tratando de sua imagem, a admiração que ela tem por si mesma e que o mundo tem por ela – inclusive falando sobre como de certa maneira até ela é apaixonada por seu corpo. A produção é empolgante e provocadora com os gemidos por trás da rapper – que enche cada segundo da faixa com sua voz e sua audácia contagiante.

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Seguindo temos “What’s New” e já somos tacados no flow de Megan – que responde à quaisquer críticas que alguém tenha dela, especialmente na linha: “Dedo do meio em todas as minhas fotos / Para lembrar vocês que não vou aguentar vocês”. O maior problema da faixa é o refrão, que repete o uso do som “u” no fim de “new”, “you” e “cool” e se estica por tempo demais – margeando um momento irritante no projeto.

Work That”  tinha tudo para ser uma música esquecível dentro de “Good News”, a temática de confiança e sexualidade é a mesma de outras faixas do projeto – mas ela contém momentos que se prendem no ouvinte, como o característico som “Bleh!” de Megan Thee Stallion ao longo de diversas rimas e o “Brrrrr” que ela faz mais perto do fim da canção – ficando na cabeça até mesmo nas próximas. “Intercourse (feat. Popcaan & Mustard)” é um dos episódios mais confusos do disco – os versos dos artistas parceiros acabam sendo compostos como piadas e tirando a sensualidade que podia ter sido a força vital da canção. O verso da rapper no final não consegue compensar pelas rimas de seus colaboradores, mesmo sendo bastante sólido.

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A seguinte é “Go Crazy (feat. Big Sean & 2 Chainz)” e a combinação dos três artistas é uma das facetas que fazem dessa um dos destaques do álbum. Com algumas das melhores rimas do projeto inteiro, mesmo com uma produção típica e sem pontos muito fortes, a canção inteira é o momento que o grupo tirou para narrar suas assertividades e alguns episódios que poderiam ter os deixado impactados, mas só os fortaleceu. Surpreendentemente, além do talento de Megan, Big Sean arrasa em seu verso, contando com seções com trocadilhos muito inteligentes e um flow que consegue, sem dificuldade nenhuma, acompanhar a rapper.

A faixa “Don’t Rock Me to Sleep” é uma tentativa de Megan Thee Stallion em ser mais pop – além de apresentar sua voz de canto pela primeira vez, oficialmente. No entanto, a composição se encaixaria melhor sendo lançada como um rap – não porque a artista não possa sustentar uma canção mais lenta, mas porque as rimas que podem soar interessantes no meio de seu flow rápido e com prontidão, tornam-se meio repetitivas e arrastadas.

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Outside” é a última música inédita do disco – seguindo na ordem oficial de “Good News” – e é a décima-quarta faixa, trazendo uma Megan que realmente irradia felicidade e empolgação, além de ter uma produção mais melódica. As rimas mostram a autoconfiança da rapper mas também o seu orgulho em vir do “hood” e de sua personalidade. “Savage Remix (feat. Beyoncé)” é a próxima e é impossível falar qualquer coisa que não seja positiva dessa canção – os flows das duas se encaixam perfeitamente e ad-libs da colaboradora são lindos, além da própria honra que é ter alguém tão gigantesca quanto Beyoncé em seu álbum.

“Foda-se ser boa, eu sou uma bad bitch” é a primeira frase de “Girls in the Hood” e já marca toda a continuação, que, com suas guitarras no fundo e a completa falta de remorso de Megan Thee Stallion, criam uma música que empodera o ouvinte qualquer que seja sua história ou características. Terminando o álbum com “Don’t Stop (feat. Young Thug)”, a rapper continua com sua mensagem de sexualidade livre e autoconfiança extrema e seu colaborador também serve um verso com essas intenções. A produção é única no projeto também, com elementos eletrônicos e metálicos, além de encantados.

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“Good News” é um disco que seria extremamente sólido para qualquer novo rapper na cena ou para algum artista do qual não se espera muito – no entanto, Megan Thee Stallion já havia mostrado seu potencial em suas mixtapes anteriores, logo essas regras também servem para ela? Mesmo com seus momentos de defeito, com feats que não combinam com ela e poucas produções repetitivas, o projeto continua sendo uma mostra de seu talento, seu flow impecável e seu talento para rimas cada vez mais inteligentes.

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Pedro Paulo Furlan
Pedro Paulo Furlan
Estudante de jornalismo, não-binárie e apaixonade por música. Sempre aberte para ouvir qualquer gênero, artista ou década. O universo do pop, principalmente hyperpop, k-pop e synthpop, é onde eu vivo e sobrevivo.
Mesmo com seus defeitos e falhas, “Good News”, especialmente como álbum de estreia, é um marco do talento insano de Megan Thee Stallion e seu conhecimento extremo de como fazer raps divertidos, provocativos e audaciosos - mas nunca perdendo a segurança de seu flow impecável e sem comparação.Resenha: "Good News" - Megan Thee Stallion (2020)