Resenha: “Happier Than Ever” – Billie Eilish (2021)

Billie Eilish
Reprodução

Billie Eilish mostra um retrato sobre como é crescer na nossa sociedade, especialmente sendo uma celebridade, em seu segundo álbum de estúdio, intitulado “Happier Than Ever”. O compilado foi lançado no dia 30 de julho de 2021, exatamente um ano após a divulgação do primeiro single, “my future” – onde a cantora já nos dava uma breve amostra sobre o que estava por vir nas novas letras.

Repetindo a fórmula do sucesso de seu disco de estreia, a produção foi feita pelo seu irmão Finneas, que também co-assina a autoria de algumas canções, é responsável pela execução de instrumentos como o baixo, piano, entre outros, além de também emprestar suas cordas vocais em algumas faixas. Ou seja, é um trabalho feito em família, o que torna o processo (provavelmente) melhor, especialmente quando pensamos no quanto essa dupla já conquistou até hoje.

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Em Abril de 2021, Eilish expressou o quanto estava empolgada para que seu público ouvisse suas letras e harmonias inéditas, definindo essa obra como a “coisa favorita” que já criou em uma publicação do Instagram. Apesar da compositora ter deixado claro em algumas entrevistas o fato de não desejar nomear a quem se dirige na sua arte, seu irmão contou à SCMP que a encorajou a fazer um compilado o mais fiel possível a quem ela é.

O resultado são 16 faixas, incluindo os singles “Therefore I Am”, “Your Power”, “Lost Cause”, “NDA”, a faixa-título e a previamente citada “my future”, estilizada em letras minúsculas mesmo. “Happier Than Ever” mistura ritmos como jazz, synth pop, trip hop, entre outros, alcançou o topo das paradas mundiais e garantiu à cantora o certificado de ouro por mais de 100 mil vendas, no Reino Unido.

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O título escolhido faz referência ao quanto o crescimento pessoal e profissional pode fazer com que um ser humano tenha a experiência amarga de estar cada vez mais feliz, mas ainda se sentir triste no final do dia, devido às pressões impostas pela sociedade de forma geral. Esse projeto sucede o álbum de estreia, apresentado aos fãs em 2019, intitulado “When We All Fall Asleep, Where Do We Go?”

“Getting Older” é a canção introdutória dessa jornada, sobre a qual Eilish revelou à Rolling Stone que sentiu vontade de chorar enquanto escrevia, por ser bastante reveladora e verdadeira. A melodia, com sintetizador e piano, vão acompanhando o ritmo crescente das divagações da cantora até mesclar com os arranjos de “I didn’t Change My Number”, que traz latidos e sons feitos por seu pitbull, Shark.

Nesta segunda canção, a narradora fala sobre as mudanças que adotou após terminar um relacionamento onde, apesar de não ter alterado o número do seu celular, escolhe a dedo as pessoas a quem responde e mantém em seu círculo pessoal. Com exceção do piano, a melodia continua coesa com ao que o ouvinte entra em contato inicialmente.

“Billie Bossa Nova”, como o próprio nome sugere, é uma homenagem ao gênero musical criado por Antonio Carlos Jobim, João Gilberto, entre outros, na década de 50. Ao ser questionada sobre as cores às quais relacionaria suas artes inéditas, a compositora associou o rosa empoeirado a terceira canção desse compilado.

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Segundo o Genius, a melodia foi criada por Finneas em 2019, ganhou esse título na época e se manteve, com os irmãos criando apenas uma história fantasiosa por cima para combinar com o ritmo sofisticado, definido dessa forma pela própria compositora. “my future” foi o primeiro single divulgado aos fãs, apresentando essa nova fase e trazendo reflexões pessoais sobre o passado e futuro de Billie.

Na newsletter enviada anteriormente ao lançamento, ela expressou o quanto os tempos estavam incertos e loucos, enquanto reforçava a necessidade de nos mantermos centrados e esperançosos perante ao futuro que, eventualmente, chegaria. A faixa traz melodias calmas e introspectivas, levando o ouvinte a realmente pensar acerca da sua vida e das decisões tomadas até o momento. Esse trabalho estreou na sexta posição da Billboard Hot 100 em Agosto de 2020 e foi a primeira letra criada por eles durante a quarentena.

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Na sequência, temos a animada “Oxytocin”, que traz uma energia relacionada à cor marrom avermelhada. O título faz referência ao hormônio produzido pelo corpo humano responsável pela criação de vínculos, intimidade, entre outros comportamentos. Ao Spotify, a compositora revelou que essa é a música que faltava, a que seria mais “insana de se tocar ao vivo” e o resultado foi uma das músicas mais agitadas desse compilado.

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Em “Uma Carta de Amor para Los Angeles”, documentário disponível no Disney+, a cantora contou que “GOLDWING” foi inspirada no hino “Choral Hymns from the Rig Veda, 3rd Group, Op. 26: No. 3. Hymn to Vena”, de Gustav Holst, pelo qual ela se apaixonou quando fazia parte do coral da igreja. Os vocais angélicos são o oposto do que ouvimos nas faixas anteriores, assim como a letra, que serve como uma espécie de alerta às pessoas em situações vulneráveis e bondosas.

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“Lost Cause” narra a desilusão amorosa pela qual a autora passou com o término de um relacionamento, fictício ou não, no qual a outra pessoa a decepcionou, demonstrando ser uma completa perda de tempo. E, apesar dos esforços da narradora para que as coisas dessem certo, o fim é inevitável.

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“Halley’s Comet” é uma balada, um desabafo sobre estar apaixonada, sentimento expresso, na visão de Eilish, pela cor azul arroxeada, algo bastante celestial, assim como a melodia faz com que o ouvinte se sinta. Porém, o tom das letras é alterado na nona faixa do álbum, “Not My Responsibility”, onde ela faz um desabafo sobre a objetificação feminina na sociedade e o quanto isso afeta o desenvolvimento de qualquer mulher.

Ao declarar “So while I feel your stares, your disapproval or your sigh of relief/If I lived by them, I’d never be able to move”, ela toma o controle e diz publicamente que não se importa com a opinião pública sobre sua imagem, gostos e opiniões; tudo isso é dito enquanto uma melodia suave toca ao fundo, o que faz parecer ser um monólogo. A batida volta a rolar em “OverHeated”, que funciona como uma continuação da canção anterior, tanto lírica quanto musicalmente falando, evidenciando a coesão deste trabalho criado pelos irmãos O’Connell.

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“Nós pegamos a produção de ‘Not My Responsibility’ e transformamos em uma batida, então, escrevemos ‘OverHeated” e, sinceramente, é sobre a mesma coisa. Por que o fato de que eu pareço com todos vocês é um choque tão grande? Eu acho isso engraçado. Na internet, sabe, você se sente poderoso e invisível de certa forma, ao mesmo tempo, mas todos conseguem ver [o que você fala/faz]. Você fala coisas insanas na internet pensando ‘Ah, ninguém vai ver isso!’. É realmente sobre a insanidade de paparazzi e artigos, sessões de comentários e o Twitter!”, revelou ao Spotify.

A jovem cantora reflete sobre a mortalidade em “Everybody Dies”, enquanto uma melodia leve sintetizada toca ao fundo. Ao ouvinte, ela reforça que, embora se sinta sozinho e desconhecido quando o momento chegar, ainda existirão pessoas que o conhecem e amam. “Your Power” é a décima segunda faixa desse compilado, traz luz ao fato de que pessoas mais velhas muitas vezes abusam do seu poder ao se envolver com jovens, muitas vezes jovens mulheres.

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À Annie Mac, ela contou que a letra remete a “muitas coisas diferentes”, sendo infelizmente “algo muito relacionável para as pessoas”. “Está em todos os lugares que você olha e eu odeio. Queria falar algo [sobre] e não vou entrar profundamente nas especificidades da letra e sobre o que significa ou do que realmente se trata, mas é um problema que está ocorrendo em todos os lugares que olho. E todo mundo é alguém ou conhece alguém de quem já tiraram proveito”, desabafou.

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Dando prosseguimento ao relato de verdades, em “NDA” (acordo de não-divulgação, em tradução livre), a compositora fala sobre os desafios que passou a ter que enfrentar quando seu reconhecimento mundial atingiu níveis imensuráveis, contando aos ouvindo inclusive sobre um stalker que a persegue. Ao ser questionada pelo canal Open House Party, sobre a qual cheiro ela remetia essa criação, ela declarou “é como se fosse gasolina queimando”.

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A finalização da faixa anterior, é a introdução de “Therefore I Am”, onde ela toma posse de quem realmente é, evidenciando àqueles que desejam fazer um nome para si próprios às custas do dela o fato de que não são amigos nem nada do tipo. O processo de gravação, segundo ela, foi tão divertido quanto a canção soa.

A faixa-título, conforme Eilish revelou ao OHP, a princípio recebeu o nome de “Away From You”. Apesar de começar calma, remetendo ao temas havaianos, ela vai crescendo, com a voz da artista se evidenciando conforme a narrativa revela outras informações sobre a história. Ao Spotify, ela contou que essa foi a faixa “mais terapêutica” desse processo criativo, porque teve a oportunidade de gritar e mal conseguia falar depois.

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O último capítulo dessa caminhada, fica por conta da balada melancólica “Male Fantasy”. O termo “fantasia masculina” é conhecido academicamente para ilustrar o quanto as produções com as quais entramos em contato são feitas sob a visão de homens, geralmente brancos, trazendo uma objetificação do corpo feminino nem sempre condizente com a realidade, especialmente na indústria pornográfica, a inspiração que a artista usou para escrever essa letra.

“Outro dia, eu estava conversando sobre o quão estúpido e irrealista filmes pornôs são a maior parte do tempo. O quão irrealistas, misóginos e totalmente ridículos o mundo pornográfico é. Eu decidi que era uma boa ideia falar honestamente sobre pornografia porque é algo desconfortável sobre o que conversar. Pornografia consegue fazer com que você se sinta violado e bem ao mesmo tempo e essa conversa se transformou nessa canção. Foi difícil escrever porque queríamos que fosse o mais reveladora possível e é difícil ser vulnerável, honesta e aberta sobre a minha vida agora. Eu acho muito mais fácil escrever sobre meu passado e como eu costumava me sentir e encontrar uma nova perspectiva sobre o que aconteceu comigo para sair de uma situação. Eu não costumo escrever sobre o que está acontecendo comigo naquele momento porque é complicado processar [os sentimentos]. Então, essa [música] foi a minha maneira de falar como eu me senti. Foi difícil, satisfatório, revelador e expositório, mas incrivelmente catártico também”, revelou à i-D.

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Stephanie Hora
Stephanie Hora
Jornalista, apaixonada por música, livros e cultura em geral.
Em seu segundo disco de estúdio, Billie Eilish continua sendo a voz de uma geração que está cada vez mais envolvida com o próprio crescimento e consciente acerca das pressões que a sociedade impõe no ser humano. As letras, assim como todo o processo de divulgação, demonstram (mais uma vez!) o talento tanto da artista quanto de seu irmão (e produtor), Finneas. Resenha: "Happier Than Ever" – Billie Eilish (2021)