O The 1975 liberou este ano um álbum com um nome tão grande que quase não coube no título desta matéria. Nesta nova fase, o grupo assumiu uma nova identidade, trocando o preto e branco do disco de estréia pelo rosa. Com isso, a sonoridade também deixou a obscuridade um pouco de lado e assumiu um teor mais… colorido. Este caminho tomado pelo grupo não foi tão inesperado. No debut era visível a variedade de estilos, que passeavam pelo rock e o pop, com bastante referência aos anos 80. Matt Healey e grupo só amadureceram um pouco mais uma dessas facetas.
“I like it when you sleep, for you are so beautiful yet so unaware of it” pode soar confuso, mas é uma mistura de sentimentos, desejos e pensamentos de Matt que se manifestam de variadas formas nas 17 faixas – definindo sua forte personalidade. Passando por músicas excêntricas, tristes baladas e críticas sociais, podemos perceber que, mesmo levemente diferente, este é o mesmo The 1975, que possui uma fórmula única e incomparável, se reinventando a cada dia e sempre conectado aos seus fãs. O maior mérito deste disco é o instrumental, que surpreende pela forma em que é trabalhado e deixa claro o amadurecimento de todos os membros, criando uma bela obra de arte.
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A capa do álbum, que recria a do anterior trocando somente a cor, mostra que o que aconteceu foi apenas uma mudança de ótica, e não de estilo. A intro do álbum (“The 1975”) prova isso, regravando a do debut apenas com algumas modificações e a inclusão de um coral – afirmando ainda mais a identidade do grupo. Matt já expressou a ideia de iniciar todos os álbuns dessa forma. Por ela já podemos ter uma noção do que esperar do disco, mas “Love Me” chega com uma energia totalmente diferente. Primeiro single divulgado do álbum, “Love Me” tem um riff bastante marcante e um grandioso solo de guitarra, criando uma música descontraída e divertida.
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“UGH!” é uma de minhas favoritas do disco e deixa bem visível a diferença de estilos entre as faixas. O single quebra um pouco a excentricidade da anterior porém ainda mantém uma energia boa e dançante. Desacelerando e partindo para um lado romântico, “A Change Of Heart” traz um Matt mais vulnerável, com um instrumental apaixonante que combina com a suavidade dos vocais. “She’s American” é a música perfeita pra tentar definir essa fase: divertida, energética e descontraída – lembrando bastante “Settle Down”, uma das antigas da banda.
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Mais séria, “If I Believe You” mostra uma relação mais pessoal de fé e crença, procurando respostas para algumas dúvidas. A música é completa por um sútil saxofone e a presença de um coral, criando uma atmosfera única e incomparável, elevando a faixa. Na sequência, “Please Be Naked” me deixou surpreso quando escutei pela primeira vez. Totalmente instrumental, fica bem claro o que eu quis dizer com o amadurecimento do grupo, começando apenas com um piano, que toma diferentes formas com a inclusão de outros elementos, formando um som simplesmente belo – explorando a beleza e a suavidade proposta no título, mesmo sem nenhuma letra.
Ainda no mesmo estilo, “Lostmyhead” tem apenas dois versos, atingindo seu ápice quando os elementos eletrônicos encontram a guitarra orgânica de forma impressionante, trazendo uma sensação única ao ouvinte. Como curiosidade, essa foi uma das primeiras melodias criadas por Healey. “The Ballad Of Me And My Brain” se encaixa nesta seção do álbum, criando o ritmo através de vozes femininas em coral, que são sobrepostas por versos de alguém que procura por seu cérebro perdido – reforço aqui novamente o peso da melodia na canção.
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Chegamos em mais uma balada, “Somebody Else”, ponto alto do disco, une melancolia e desilusão em um estilo retrô e emotivo, comparada por muitos a “Robbers”, favorita dos fãs. “Loving Someone” é uma crítica a mídia, a sociedade e tudo que nos envolve, demonstrando de formas embaçada as coisas que passam na cabeça do vocalista e sua vontade de mudar a realidade. A faixa-título (“I like it when you sleep…”) é dividida em duas partes e explora muito o instrumental com quase nenhuma letra, experimentando diferentes sons e rítmos.
“The Sound”, um dos singles de maior sucesso da banda, resgata a energia e a explosão brincando com letras irônicas e divertidas – merece grande destaque pelo solo de guitarra que se encaixa perfeitamente no pop da canção. “This Must Be My Dream” talvez seja a mais romântica, materializando um amor dos sonhos tanto na letra como na harmonia.
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A fase final do álbum é mais simples em composição e melodia, como em “Paris”, que cria uma atmosfera apaixonante, assim como a capital francesa, mas contrasta na letra irônica e de certa forma poética. “Nana” é totalmente pura, seguindo por uma veia mais acústica e emotiva – sendo sobre a morte da avó do vocalista (perceba o quão vulnerável sua voz soa nos versos finais). Da mesma forma, “She Lays Down” encerra o álbum com grande contraste: cru, limpo, sem adição de nenhum elemento ou qualquer tipo de edição, encerrando o disco da melhor (e mais triste) forma possível.
Tracklist:
01. The 1975
02. Love Me
03. UGH!
04. A Change Of Heart
05. She’s American
06. If I Believe You
07. Please Be Naked
08. Lostmyhead
09. The Ballad Of Me And My Brain
10. Somebody Else
11. Loving Someone
12. I like it when you sleep, for you are so beautiful yet so unaware of it
13. The Sound
14. This Must Be My Dream
15. Paris
16. Nana
17. She Lays Down
Nota: 9
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