Resenha: “Matriz” – Pitty (2019)

Pitty
Foto: Otávio Sousa

Lançado no dia 26 de abril, “Matriz” é o quinto álbum de estúdio de Pitty, uma das artistas mais concretas que integram o rock brasileiro. Seu primeiro trabalho em cinco anos, a cantora retorna à sua terra natal e utiliza de diferentes técnicas para fazer com que cada faixa seja única.

“Eu me domestiquei pra fazer parte do jogo, mas não se engane maluco, continuo bicho solto” é a primeira frase que ouvimos no disco, pertencente à faixa “Bicho Solto“. Se ainda havia alguma dúvida de que Pitty continua à toda com seu dom de transmitir fortes mensagens em poucas palavras, bom, a prova é essa.

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O primeiro convidado aparece em “Noite Inteira“, que conta com Lazzo Matumbi, mas só lá no finzinho. A combinação entre os dois é extremamente interessante e o momento escolhido para que de fato soltasse sua voz é estratégico, casando muito bem com o tom de Pitty.

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O recado é reto e direto e o título já diz tudo, “Ninguém É de Ninguém” fala sobre se pertencer apesar de se doar para o outro. Guitarra e bateria tem bastante espaço e a gente consegue até ouvir aquela Pitty das antigas, com gritos em momentos chave da música.

Desacelerando, sem nenhum trocadilho, “Motor” chega bem mais calma. Seria fácil compará-la a algum outro hit do mesmo estilo, como “Equalize”, mas não seria o certo pois de iguais não tem nada. A cantora tem o dom de não produzir nada que seja exatamente igual ao que já fez, o que é raridade hoje em dia.

Com apenas 4 minutos, “Saudade” se apresenta como vinheta em uma simples frase, citada por Pitty “Saudade é vontade daquilo que já se sabe que gosta”.

Sabe aquele encontro que não sabíamos que queríamos até finalmente ouvir? É assim que funciona “Roda“, com a participação do grande BaianaSystem. A introdução da canção já remete bastante às canções do Baiana, mas logo o estilo de Pitty toma espaço e tudo se mistura da maneira mais positiva possível.

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Azul“, é mais uma vinheta de 4 segundos e consiste na fala “Nunca é tarde demais pra voltar pro azul que só tem lá”.

Bahia Blues” é destinada ao passado da cantora e sua terra natal, do qual tanto tem orgulho. Citando diversos lugares marcantes durante seu crescimento, a faixa é criativa e funciona como uma espécie de passeio pelas ruas da Bahia.

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Ousada, “Te Conecta“, se difere um pouco mais do que Pitty costuma fazer. Tem uma pegada de reggae e não só no ritmo, mas também na letra que apresenta características presentes no gênero, como apreciar a energia, a citação de Jah e como já diz o nome, a conexão com seus sentidos.

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Redimir“, trabalha muito a figura de linguagem, um dos pontos fortes da artista e técnica muitas vezes presentes em suas canções. É sem dúvida um dos grandes destaques do disco, com diversos elementos trabalhando juntos e fazendo dessa uma faixa memorável.

Como uma declaração, “Para O Grande Amor” é leve e sem maiores pretensões, dando um pequeno intervalo nas faixas com mensagens fortes. Ela fala sobre aproveitar o momento com a pessoa amada, sem se preocupar com o resto.

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Submersa” segue o mesmo fio da faixa anterior, e trabalha com nuances mais alto astral, sem o habitual instrumental pesado e com uma mensagem positiva.

A cantora finaliza o trabalho com “Sol Quadrado“, que volta às raízes do reggae e conta com a participação de Larissa Luz. Falando sobre escolha de caminhos, decisões e a falta que a liberdade faz, a abordagem nesta é um pouco mais original, começando suave e entrando com um instrumental mais pesado no coro.

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Em “Matriz”, Pitty é honesta e não tem medo de ousar. Nele, disco cheio de camadas, nenhuma escolha é óbvia e todas elas fazem sentido num contexto completo. É certamente seu trabalho mais maduro e reflete exatamente o cenário atual, tanto musical quanto brasileiro.

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Em "Matriz", Pitty é honesta e não tem medo de ousar. Nele, disco cheio de camadas, nenhuma escolha é óbvia e todas elas fazem sentido num contexto completo.Resenha: "Matriz" – Pitty (2019)