Foi liberado, nesta sexta-feira (10), “Rare”, o novo álbum de estúdio da cantora Selena Gomez, que há mais de quatro anos não agraciava seus fãs com um trabalho completo, tendo mantido seu nome ativo no mundo da música através do lançamento de faixas avulsas, trilhas sonoras e parcerias.
A vida de Selena se transformou muito desde que seu último álbum “Revival” (2015) foi lançado. A cantora passou por problemas profissionais, pessoais, como o término de seu relacionamento com o também cantor Justin Bieber, e até mesmo de saúde quando precisou passar por um transplante de rim, em 2017, em decorrência do tratamento do lúpus, doença auto-imune com a qual ela batalhou nos últimos anos.
Tudo isso serviu como combustível para que Selena estivesse totalmente focada em estúdio para entregar o que é, até então, seu melhor e mais maduro trabalho como cantora. A começar por seu total envolvimento na composição do álbum, sendo creditada nas 13 faixas do álbum como compositora, o que é um grande avanço para uma artista que tem participação praticamente inexistente em seu álbum de estreia como ato solo, o “Stars Dance” (2013).
O álbum se inicia com “Rare”, faixa título e também segundo single do álbum, que nos coloca já num universo bastante confortável para Selena, uma faixa descontraída, com letra despretensiosa sobre amor-próprio e auto-afirmação diante da desvalorização pela pessoa amada. O estilo da faixa até nos remete a “Hands to Myself”, hit de seu último álbum.
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A jornada do álbum segue com “Dance Again”, um dos destaques do álbum. A faixa dançante acelera o ritmo do projeto e nos remete a era dançante de Gomez no começa da década, só que muito mais polida e menos genérica, o que também poderia ser dito da faixa seguinte “Look at Her Now”, faixa promocional que foi lançada no início da divulgação do projeto e que eleva ainda mais a energia das faixas até aqui. “Look” é um verdadeiro hino de superação de um coração partido que vem pra coroar uma Selena que passou por um término de um relacionamento público e conseguiu se reerguer, de forma privada, e recuperar sua auto-estima.
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Seguindo na viagem do álbum, temos o carro-chefe “Lose You to Love Me”, praticamente uma carta aberta de aceitação e confissão de todo o sofrimento de seu famoso término. Se a faixa anterior mostra uma mulher empoderada e em paz consigo mesma, esta vem mostrar uma vulnerabilidade e reflexão que a cantora devia pra si mesma e para seu público e tamanha honestidade rendeu a Selena seu primeiro #1 na HOT 100 da Billboard, foco e sonho de consumo de todo artista mainstream.
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“Ring” quebra a vibe melancólica e volta a trazer a auto-confiança que o álbum exala, o que nos faz questionar o posicionamento da faixa anterior dentro do álbum. Aqui temos uma música suave e cheia de metáforas para mostrar a independência de alguém que, ao contrário de “Rare”, não sente a necessidade de se fazer importante, pois sabe que é. Talvez “Vulnerable”, pudesse estar invertida com a faixa anterior por trazer novamente a temática da vulnerabilidade prevista pelo título da canção. Não fosse por sua batida uptempo, seria a decisão mais correta. Ainda assim, é aqui onde Selena arrisca sair de sua zona de conforto atingindo notas agudas na ponte da faixa, ponto pra produção do álbum.
Chegamos então ao ponto alto do álbum, a bem orquestrada “People You Know”, traz uma letra madura sobre rompimentos de relacionamentos num geral e nos apresenta uma maturidade louvável da cantora em fazer uma faixa relativamente dançante, com conteúdo lírico mais que satisfatório sem soar genérica, o que aconteceu muito com Selena no início de sua carreira, quando ainda era acompanhada da banda “The Scene”. Fica evidente aqui a evolução do trabalho de Gomez.
“Let Me Get Me” é a típica faixa presente nos álbuns da cantora que tem um flerte com a música latina, como exemplo “Me & My Girls”, uma versão menos polida presente no álbum anterior do que esta em questão. “Let Me” se encaixa com facilidade no álbum se destacando sem se destoar do conjunto da obra, mais um ponto para a produção de “Rare”.
Temos então a primeira colaboração do álbum. “Crowded Room”, que conta com a participação do rapper 6LACK é uma faixa leve e bastante sensual, tanto por sua letra quanto pelo timbre escolhido por Gomez para entoar os versos que falam de um sentimento aflorado e que mexe com o eu-lírico assim como seus ouvintes preparando-nos para “Kinda Crazy”, faixa seguinte, que é um dos maiores destaques de produção do álbum pela construção de seu instrumental surpreendente a cada batida e intervalo sonoro do mesmo. A sua base permanece a mesma ao longo da música, mas vai ganhando elementos a cada novo trecho, bastante original.
“Fun” continua o ótimo trabalho de produção do álbum e nos traz mais uma faixa que nos remete à “Hands to Myself”. Arrisco dizer que este é o melhor casamento de faixas de todo o álbum, se complementam e mantém uma coesão que vem sendo trabalhada desde a primeira música.
“Cut You Off” é uma faixa bastante leve e que começa a nos preparar para o fim desta obra, contudo, liricamente falando, é um dos melhores trabalhos de todo o álbum, além de trabalhar muito bem a sobreposição de vozes de Selena, truque bastante utilizado neste álbum que se encerra com a empolgante “Sweeter Place”, com participação de Kid Cudi, que nos deixa com uma sensação de quero mais ao passo que encerra nossa experiência de forma altamente satisfatória.
O álbum não estoura como é de se esperar na maioria dos álbuns pop e, de certa forma, acaba mantendo uma linearidade justificada pela proposta da cantora. Isso acaba incomodando se olhado pelo ponto de vista do que estamos acostumados no cenário mainstream, mas talvez a intenção aqui seja justamente ir na contrapartida de tudo com o que temos andado nos acostumando.
É inegável o crescimento de Selena Gomez colocando-a num patamar de coesão de seu trabalho que talvez seja o mais notável dentre todos seus companheiros provenientes da Disney de sua geração. O amadurecimento na vida pessoal de Selena se reflete em seu mais memorável trabalho pessoal em sua carreira musical. A zona de conforto que a cantora encontrou pelo notável aperfeiçoamento do redirecionamento de carreira adotado em “Revival” nos exemplifica que quem é bom, pode fazer o melhor com pouco, vocalmente falando e, sabendo que, se por um lado, de toda sua geração teen, Selena é a que possui a menor condição de exploração vocal, por outro, ela é a que mais sabe conduzir sua identidade musical transformando palha em ouro.
Se em 2015, Selena nos mostrou seu renascimento, em 2020, definitivamente, prova para todos que de fato ela é uma peça rara e sim, Selena, nós reconhecemos.
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