Resenha: “Recomeçar” – Tim Bernardes (2017)

Tim Bernardes
Foto: Marco Lafer

Tim Bernardes lançou “Recomeçar”, seu primeiro álbum solo, no dia 26 de setembro de 2017. São 13 faixas que falam sobre a falta, tristeza e o recomeço. Com O Terno, Tim gravou 3 discos em 5 anos de estrada, até por essa vivência, a banda é uma influência do trabalho solo de seu compositor. Mas a liberdade do vocalista aqui é maior, já que é ele por ele mesmo.

“Abertura (Recomeçar)” abre o álbum, claro. Ela é instrumental, guiada por piano, violoncelos, violinos e harpa, a primeira faixa é quase um conto de fadas. Apesar de não ter letras e voz, a música dura 2 minutos e 15 segundos, e não é, de nenhuma forma, cansativa. Pelo contrário, ela cativa por sua beleza.

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Além do encanto, é a passagem perfeita para a segunda canção: “Talvez”. O começo é o final da primeira, até que uma quebra introduz a música verdadeiramente. O adjetivo “linda” será muito usado para descrever as composições de Tim Bernardes, e “Talvez” irá abrir as honras. O tom clássico da abertura permanece, agora com belas letras e voz para acompanhar.

“Quis Mudar” começa guiada por um violão, diferenciando-a das outras até o momento. Um dedilhado mais acelerado acompanha a voz de Tim que ecoa. O conto de fadas volta ainda no primeiro minuto de música, a harpa é um elemento constante e muito bem usado. A terceira faixa de “Recomeçar” é um folk, é também MPB, mais do que tudo, é a cara de Tim Bernardes.

“Tanto Faz” emociona e arrepia na primeira nota. A voz do cantor se destaca em primeiro plano e é acompanhada somente por um violão. Quando a música cresce uma percussão acompanha, mas o destaque da canção é a voz. Ela é seguida por “Ela Não Vai Mais Voltar” que é a faixa mais curta do álbum inteiro, e soa quase como um interlúdio.

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“Pouco a Pouco” também tem uma pegada folk, só que com um violão um pouco mais acelerado enquanto o piano mantém a vibe do disco, é quase uma luta de rápido e lento. Por horas a lentidão é a vencedora, mas na maioria o violão que dita o ritmo. Destaque aqui para os falsetes do cantor. O final da música relembra “Abertura (Recomeçar)” com o instrumental, um verdadeiro ballet que termina meio sombrio.

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A próxima faixa é “Não”. No violão, Tim Bernardes canta sua dor. “Mas que fez muito mal pra mim, fez mesmo” repete ele sem parar ao mesmo tempo que implora “não, não desliga, por favor”. A música é tão “limpa” que parece ter sido gravada de uma vez, quase um ao vivo em estúdio. A última frase de “Não” é “hoje eu morri por dentro”.

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“Era o Fim” é voz e ukulele, até virar uma trilha sonora da Disney por alguns momentos, por outros não. O som de Tim Bernardes é dinâmico, porém calmo, um vai e volta agradável e não bagunçado. Na canção seguinte, “Ela”, voz e violão voltam e permanecem. Simples e linda, com letra carregada. Definição da nona faixa, mas também do álbum como um todo.

“Incalculável” é belíssima. Não parece dessa era, como boa parte do disco, como “Calma” que é a música seguinte. Ao ler que Bernardes assinou quase tudo, de voz, passando por coros, violões, guitarras, pianos, bateria, baixo, órgão, até percussões, nenhuma surpresa é sentida. Ele domina sua obra. “Calma” é uma canção de ninar, ao mesmo tempo que parte do instrumental traz desconforto com o desafinar de algumas partes.

“As Histórias do Cinema” fala sobre a chegada do fim do filme, que na verdade é a volta ao começo. Tim parece realmente estar falando sobre o próprio álbum, já que essa canção puxa “Recomeçar”. A última faixa, dá uma ideia de ciclo, já que o nome também aparece em “Abertura”, canção que abre os trabalhos. Uma ideia de que o começo é também o fim e vice-versa, como dito na música anterior.

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A primeira impressão que fica é que “Recomeçar” poderia ser facilmente trilha sonora de um filme – ou se bobear, uma ideia de filme. Que construção magnífica, linda e contínua. As letras de Tim Bernardes têm profundidade, transbordam emoção e instigam a reflexão. Em seu trabalho solo, o vocalista d’O Terno é mais poético, quiçá até mais dolorido, mas, acima de tudo, belíssimo. Afinal, “a dor do fim vem para purificar, recomeçar”.

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Giovana Romania
Giovana Romania
Música é uma das minhas coisas favoritas do mundo. Formada em Jornalismo, amante da cultura pop e little monster sofrida.
Em seu primeiro álbum solo, "Recomeçar", o vocalista d'O Terno, Tim Bernardes, não deixa nada a desejar. Tim faz uma construção magnífica de instrumentais e voz. Ele é mais poético, quiçá até mais dolorido, mas, acima de tudo, belíssimo. Resenha: "Recomeçar" - Tim Bernardes (2017)