“Eu fiz um álbum que para mim, na época, foi uma forma de arrancar algo de mim de uma forma que não aconteceria normalmente”, revelou John Mayer à Zane Lowe durante entrevista concedida à Apple Music, sobre o disco “Sob Rock”. Na mesma conversa, o cantor ainda comparou essa obra com a cultura de ‘shitposts’ da internet. Ou seja, postagens de conteúdo humorístico sarcástico ou de humor negro. Mas será que encontraremos isso ao analisarmos as letras?
O álbum foi disponibilizado ao público no dia 16 de julho, pouco mais de um mês após a divulgação do single “Last Train Home”, que conta com vocais da cantora Maren Morris. John assina a produção desse trabalho ao lado de Don Was, com quem havia trabalhado em “Born and Raised” (2012), e No I.D., conhecido por colaborações com Drake e Kanye West.
O sucessor de “The Search for Everything” (2017) é formado por 10 faixas (todas creditadas ao guitarrista) que, segundo o artista, já haviam sido previamente estabelecidas antes da gravação, ao contrário projeto citado no início desse parágrafo, conforme contado à Lowe:
“Meu disco anterior sofreu porque a porta estava aberta o tempo todo e, quando novas músicas entravam, as velhas saiam. E então, acabou virando ‘esse é meu roteiro, esse é o meu filme’. Nós não vamos escrever uma cena diferente extraída de um filme diferente. Esse é o jogo de ‘Sob Rock’: seja doce, mas nunca sentimental. Ele é demonstrativamente doce e delicioso, melódico e colorido, mas nunca a ponto de ficar enjoativo e meloso. Eu gosto de balançar nessa linha”.
Passei uns anos, por motivos pessoais, ignorando trabalhos inéditos do John e focando apenas em ouvir “Slow Dancing In a Burning Room” (só Deus pode me julgar), mas admito que quando ouvi “Last” me senti instigada a continuar acompanhando para saber o que viria a seguir. Devo dizer que não estou decepcionada com o material final, mas discordo do fato de que, segundo ele, esse é um projeto que te fará “sentir alegria”. Mas só porque ele me fez sentir mais paz, do que contentamento.
Me fez lembrar um período dos anos 90 em que a rádio tocava músicas dos anos 80 à noite, é isso. O que, de certa forma, está em sintonia com o desejo de Mayer de evocar memórias, ainda que ele tenha falado sobre falsas lembranças na conversa com Zane. De qualquer forma, vamos a análise!
“Last Train Home” foi o quarto single apresentado ao público para promover esse projeto inédito e é onde percebemos uma mudança no tom do artista. Apesar de ter construído sua carreira em cima de baladas românticas essa nos impacta de forma diferente, especialmente depois de o ouvirmos falando sobre o quanto o seu único desejo aos 43 anos é ter segurança em seus relacionamentos.
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Em seguida, ouvimos “Should’t Matter but it Does”. Aqui o narrador está imerso em arrependimentos sobre um antigo relacionamento, no qual deveria ter sido “honesto” e até “chorado”, reconhecendo o fato de perderam algo, se perguntando onde isso está. O ritmo não acelera nem cresce muito aqui, com uma presença bastante leve de instrumentos como o violão, bateria e baixo, até começar a animada “New Light”, onde as melodias começam a mudar um pouco.
Quem conhece a carreira de Mayer sabe o quanto ele gosta de falar sobre luz, não é à toa que ele tem um álbum ao vivo chamado “Where The Light Is” (2008), frase extraída de “Gravity”, inclusa em “Continuum” (2006) – o melhor da carreira dele, na minha opinião. De qualquer forma, essa ‘nova luz’ está querendo ter outra chance da pessoa amada, o que poderia indicar uma continuação da canção anterior.
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“Eu nunca escrevi uma letra mais brutal em toda a minha vida”, desabafou o artista ao falar sobre “Why You No Love Me”. Antes de ouvir essa declaração eu achava essa faixa uma das mais engraçadas do disco porém, foi triste ouvi-lo falando isso, ainda que entre risos, porque é algo realmente pesado de imaginar alguém perguntando a outra pessoa. Vale muito a pena ouvir pelo solo de guitarra, de qualquer forma!
“Wild Blue” é, sem sombra de dúvidas, uma das minhas favoritas. A metade do disco é marcada pela viagem introspectiva do narrador, momento em que ele percebe a “beleza incomparável de te deixar ir” marcando, assim, sua busca pelo autoconhecimento em um período sozinho. Assim como na anterior, também ouvimos um solo que apenas um disco do gênero soft rock poderia nos proporcionar, como é o caso de “Your Latest Trick”, da banda Dire Straits, lançada em 1985.
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Maren Moris volta a aparecer nessas harmonias em “Shot In The Dark”, mais uma análise sobre o histórico ruim de romances do artistas, segundo a própria letra, inclusive, em forma de balada. Aqui ele admite ter amado “sete outras mulheres e todas eram você”, mas pede que a pessoa se lembre que foi tudo um “tiro no escuro” no final das contas.
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Em mais uma obra reflexiva, Mayer expressa desejos sonhadores, aspirando que o amor nos salve em “I Guess I Just Feel Like”. A simplicidade das melodias é o que mais chama atenção nesse disco porque ele não precisa de muito para chamar atenção para os seus sentimentos, apenas o essencial: bateria, guitarra, baixo, ocasionalmente um sintetizador e sua poesia. Ela foi apresentada ao público pela primeira vez em 2018, durante uma performance na iHeartRadio.
Além de encantar o mundo com suas palavras, os relacioamentos amorosos do autor de “Daughters” também sempre chamaram a atenção da mídia, talvez até mais do que sua carreira musical. A letra de “Til the Right One Comes” fala sobre o desejo de se estabilizar e de mostrar ao público que ele consegue provar que todos estão errados quando a “pessoa certa aparecer”.
“Carry Me Away ou O que Eu Fiz Durante Minhas Férias de Verão'”: foi assim que ele anunciou o lançamento da música em uma publicação no Instagram. Essa aqui deixa meu coração completamente quentinho! Aaron Sterling faz um trabalho incrível na bateria, harmonizando perfeitamente com o baixo, mas talvez nada disso fosse possível sem uma masterização boa para finalizar a obra. A primeira versão, mostrada ao público em 2019, era mais gentil no refrão e igualmente bonita.
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“All I Want Is To Be With You” é o ato final desse compilado, trazendo referências ao tema mediativo relatado em “Wild” ao mencionar que, embora sinta falta da pessoa amada, vai dar continuidade a esse ato solo e “desaparecer no azul”. Além de também fazer alusão a fama de ‘mulherengo’ de Mayer e possivelmente ao relacionamento que ele teve com Katy Perry.
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