Resenha: “Ten” – Pearl Jam (1991)

Pearl Jam
Foto: Rafael Strabelli / Nação da Música.

Em agosto de 1991, o Pearl Jam divulgava o primeiro disco de estúdio da carreira, intitulado “Ten”. O nome foi inspirado pelo jogador de basquete Mookie Blaylock, que usava a camisa número 10 no New Jersey Nets, hoje conhecido como Brooklyn Nets.

O trabalho, composto por 11 faixas na versão padrão, foi gravado no London Bridge Studio, de Raj e Rick Parashar, conhecido por ter colaborado com Alice in Chains, além de ser também quem assina a produção desse projeto ao lado dos membros da banda.

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Antes de tudo, a história desse compilado começa com o guitarrista Mike McCready encorajando o também guitarrista Stone Gossard a tocar novamente com o baixista Jeff Ament; eles atuavam juntos na banda Mother Love Bone, encerrada devido ao falecimento do vocalista Andrew Wood, em consequência de uma overdose.

A partir disso, nasceu a fita cassete “Stone Gossard Demos ’91”, criada por eles na esperança de encontrarem tanto um baterista quanto um vocalista para essa nova aventura. Pouco depois, o material chegou às mãos de Eddie Vedder através de Jack Irons, ex-baterista do Red Hot Chili Peppers.

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Em seguida, Vedder redigiu as letras para alguns desses instrumentais que, mais tarde, teriam seus nomes originais “Dollar Short”, “Agytian Crave”, “Footsteps”, “Richard’s E” e “E Ballad” alterados, conforme veremos a seguir. Vale mencionar que tanto a abertura quanto a finalização, possuem trechos da canção escondida “Master/Slave”, escrita por Ament e lançada na versão japonesa do compilado.

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Apesar de ser um dos álbuns mais aclamados da história do grunge atualmente, “Ten” não fez sucesso assim que foi lançado. O compilado ficou 300 semanas na tabela da Billboard norte-americana, até alcançar a segunda posição em 1992, praticamente um ano após o seu lançamento oficial.

A formação do Pearl Jam durante a criação desse projeto ficou estabelecida da seguinte forma: Eddie Vedder como vocalista, Stone Gossard e Mike McCready na função de guitarristas, Jeff Ament no baixo e Dave Krusen na bateria. Agora, vamos a análise do álbum!

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“Once”“Alive” fazem parte de uma trilogia intitulada por Vedder como “Mamasan”, da qual a canção “Footsteps” (1992) também faz parte. Juntas, elas relatam a história de um homem que está em decadência, se tornando cada vez mais insano, até o ponto de virar um serial killer.

Na fita previamente mencionada nessa resenha, o nome dessas duas faixas eram “Dollar Short” e “Agytian Crave”. Ao longo de todo o álbum notamos uma forte presença de todos os instrumentos, conversando sempre harmoniosamente com o timbre de voz rouco e único do vocalista.

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“Even Flow” não foi uma das músicas mais fáceis a serem executadas pela banda durante o processo de gravação que, para uma banda que havia começado há pouco tempo, tinha corrido super bem. A guitarra lembra um pouco o que o Led Zeppelin costumava executar em seus trabalho, mas a bateria foi um problema grande para ser gravada, segundo Krusen revelou no livro “Pearl Jam Twenty”: “Tiveram que editar o meio porque eu continuava acelerando no final. Foi um pesadelo”.

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Os relatos do Pearl Jam, escritos em sua maioria por Vedder, são literais em sua maioria, sem analogias. Assim, notamos a abordagem sobre saúde mental na letra de “Why Go”, quando a narrativa fala sobre uma garota que foi internada em uma clínica sem ter quaisquer problemas psicológicos reais. O conteúdo melódico continua pesado, flertando cada vez mais com o punk em elementos bastante crus desse gênero musical. A continuação dessa história é retratada em “Leash”, presente em “Vs.” (1993).

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Após ganhar letras compostas por Eddie, “E Ballad” foi nomeada como “Black”. A Epic Records, gravadora responsável pela distribuição desse trabalho, queria que ela fosse lançada como single promocional porém, eles se recusaram em fazer isso por não desejarem explorar a verdadeira história por trás da letra, tão pessoal para Vedder. Segundo o Genius, o músico desabafou da seguinte forma no documentário “Pearl Jam 20”:

“Essa música é sobre deixar ir. É muito raro um relacionamento conseguir sobreviver a atração gravitacional da Terra, para onde as pessoas irão e como vão crescer. Eu já ouvi dizer que você não pode ter um amor verdadeiro a menos que seja um amor não correspondido. É severo porque então, o mais verdadeiro é aquele que você não pode ter para sempre”.

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A saúde mental é um assunto recorrente nas letras conscientes e explicítas da banda. Em “Jeremy”, Vedder fala dois acontecimentos reais em escolas norte-americanas, no qual os estudantes acabaram tomando medidas extremas devido a isolação na qual viviam constantemente. É realmente incrível como a construção narrativa está sempre abordando temas tão conscientes, com instrumentais que causam – à primeira impressão – um impacto maior e eventualmente acabam se misturando; fazendo tanto barulho quanto.

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Os arranjos simples da balada “Oceans” faz com que ela seja uma das mais únicas no disco, sendo também a única com menos de 3 minutos de execução ao todo, o que faz com que ela tenha apenas 2 versos que vão direto ao ponto: expressam todo o amor do narrador pela pessoa à quem a faixa é dedicada. Aqui, o Pearl Jam mostra a sua extensão musical que vai muito além do grunge.

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Em seguida, somos convidados novamente a balançar a cabeça e nos agitarmos com a execução de “Porch”, enquanto ouvimos os relatos dos vocais rasgados de Eddie Vedder possivelmente sobre um término de relacionamento. O instrumental é destoante da canção seguinte, intitulada “Garden”; ela começa lenta e tranquila, tocada apenas no violão, até crescer e entrarem os outros instrumentos.

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Na letra, o eu-lírico reflete sobre as escolhas feitas pela sociedade acerca dos seus hábitos e necessidades modernas. Assim como nos trabalhos previamente mencionados, o instrumental é creditado ao Gossard e Ament.

Caso você não tenha percebido até aqui e seja familiar com outros nomes do grunge dessa mesma época, “Deep” traz muitos elementos musicais que relembram o gênero musical, tanto na melodia quanto na letra, que possivelmente aborda o suicídio; tema recorrente em diversas obras de artistas desse movimento.

O ato final de “Ten” ficou a cargo da intensa “Release”. Nela, Vedder canta sobre o fato de ter descoberto após anos de seu nascimento a verdade sobre sua paternidade e o fato de nunca ter conhecido seu pai biológico. Segundo informações contidas no livro “Five Against One: The Pearl Jam Story”, escrito por Kim Neely, e relatadas pelo próprio autor, a criação dessa composição foi feita no improviso:

“Todos conectaram suas guitarras e começaram uma espécie de tilintar, eu comecei a cantarolar, gemer ou o que quer que seja e, então, de repente, havíamos feito uma música de seis minutos completa que atingiu o pico. Essas palavras – eu ainda me recuso a escrevê-las, mesmo se precisarem delas para publicação -, não vou escrevê-las. Foi algo que eu não havia experienciado, foi tão intenso”.

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Stephanie Hora
Stephanie Hora
Jornalista, apaixonada por música, livros e cultura em geral.
O Pearl Jam mostra todo o seu potencial musical, acompanhado da riqueza poética construída por todos os membros da banda, com destaque para o vocal e liricismo de Eddie Vedder que já chega mostrando ao que veio: cantar rock e misturar diversas questões políticas em suas letras. Resenha: "Ten" – Pearl Jam (1991)