Resenha: “Ungodly Hour” – Chloe x Halle (2020)

Chloe x Halle
Divulgação

O duo de irmãs Chloe x Halle divulgou, na última sexta-feira (12), seu mais recente álbum de estúdio. Intitulado “Ungodly Hour”, o projeto das artistas – que são empresariadas por ninguém menos que Beyoncé – pretende elevar o nível da carreira delas a níveis comerciais e, para te guiar ao longo deste processo, fizemos uma resenha detalhada do disco. Vamos lá!

O álbum já começa com uma “Intro” com vocais harmonizados bastante envolventes que nos guiam até o ápice da faixa de 28 segundos onde a frase “nunca peça permissão, peça perdão” é entoada em forma de fala seguida de uma transição incrível para “Forgive Me” que faz com que as duas pareçam uma só.

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Nesta segunda faixa, temos uma batida de um R&B contemporâneo que vai se estender ao longo de todo o projeto. A letra forte e poderosa nos vocais igualmente impactantes mostra um eu lírico consciente e seguindo em frente de um término bastante destrutivo mas como um livramento que causou empoderamento. Aqui já dá pra ver que Chloe de 22 anos e Halle de 20 anos não estão pra brincadeira.

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Seguindo na vibe de empoderamento, temos “Baby Girl”, uma faixa que tem uma batida bastante diferente do que vemos tocando nas rádios, mas ainda assim muito envolvente e uma letra que acompanha essa perspectiva já que fala diretamente para garotas, como o próprio título da música diz, de um lugar de que está tudo bem ter seus altos e baixos mas que você pode ir além. É uma abordagem bastante diferenciada para uma música de auto-ajuda, digamos assim.

E aqui temos “Do It”, um dos pontos mais altos do álbum e segundo single do mesmo. Uma faixa que tem uma vibe muito empolgante e que nos convida a dançar e acompanhar a letra que fala sobre se arrumar e curtir o momento com seus amigos. É uma faixa muito divertida, despretensiosa e com uma temática quase que narrativa de um “rolê” com os amigos. Ela soa bastante juvenil e refrescante, o que faz sentido para Chloe x Halle.

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A letra de “Tipsy” é realmente um marco no álbum. Ao mirar no objetivo de assegurar que seus corações não sejam partidos por seus relacionamentos, elas incorporam a personagem no maior estilo “se você fizer mais para o meu coração, eu vou te perseguir e fazer mal pra você”. É obviamente uma grande brincadeira de loucuras e avisos que mais parecem ameaças, mas torna a música muito sagaz e interessante. A produção também é um ponto a ser destacado, um som que realmente destoa do mercado atual. Bastante original mesmo.

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Chegamos a faixa que dá nome ao álbum. “Ungodly Hour” conta com a produção do Disclosure, uma dupla de irmãos que casou perfeitamente com a dupla de irmãs na criação de uma faixa que parece retrô ao mesmo tempo que soa vanguardista. O groove da faixa e a letra que é um chamado para sair da zona de conforto dos joguinhos e mergulhar num amor sólido que tolera até mesmo os dias mais complexos fazem dela especial o suficiente para ser o nome do projeto.

É realmente notável como o intuito do duo neste álbum era realmente o de tomar o controle de suas vidas. “Busy Boy” é mais uma faixa que mostra a sagacidade do eu lírico de entender quando alguém está apenas tentando brincar com a ideia de um relacionamento cheio de mentiras e más intenções, porém é como se eles estivessem indo com a farinha enquanto elas já estão se deliciando com o bolo. A produção remonta uma conexão com o restante do álbum mas ainda assim consegue soar diferente. Nesta faixa em especial, conseguimos perceber uma grande referência nas Destiny’s Child e nos vocais do começo da carreira da Beyoncé, envolvida diretamente na carreira das meninas que são contratadas da Parkwood, empresa da mesma.

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“Catch Up”, primeiro single do álbum e único feat. presente no álbum, conta com a parceria de Swae Lee e Mike WiLL Made-it. Lançada em Abril de 2020, a faixa é bastante comercial mas não chega a ter a qualidade lírica e sonora do que já ouvimos até aqui, mas tem um apelo comercial como nenhuma outra aqui talvez tenha, por isso a escolha do single. O tema da faixa de desconfianças e de jogar a real para seu parceiro nos relacionamentos se faz mais uma vez presente.

A interlude “Overwhelmed” é um verdadeiro respiro dentro do álbum. Ficam de lado as batidas, os sintetizadores, as provocações, os amores bem ou mal resolvidos e temos apenas as vozes de Chloe x Halle, como se fosse pouco, acompanhadas por um piano suave, harmonizando o reconhecimento de estar sentindo a sobrecarga da vida em determinados momentos. Prontos pra decolar na segunda parte?

“Lonely” é leve, perspicaz, pop, intimista e, com toda certeza, fácil de se ter identificação. Dentre todo o conceito de se amar e se priorizar, a frase que mais chama atenção é a de que estar sozinho não precisa ser solitário. É diferente de tudo o que viemos ouvindo até aqui mas que se encaixa perfeitamente na narrativa do álbum que vem mostrando a força da mulher nos relacionamentos, o momento de sobrecarga que culmina na ideia de que a solidão pode ser solitude, a apreciação da própria companhia.

E eis que temos “Don’t Make it Harder on Me”, uma faixa que é leve e bastante old school nos trazendo uma sensação de nostalgia que casa perfeitamente com o conceito da letra que é justamente o de alguém do passado tentando chamar a sua atenção quando você já está em outro relacionamento. É um casamento perfeito entre letra e melodia.

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“Wonder What She Thinks of Me” seria facilmente uma continuação da faixa anterior ao continuar lidando com uma questão de triângulo amoroso. É, talvez, a faixa que mais explora os vocais das irmãs e é muito empolgante tê-la aqui no final do disco pois estivemos esperando por esse momento há muito tempo. Os graves de mezzo de Chloe e os agudos quase líricos de Halle se harmonizam com uma beleza encantadora em partes do refrão da música. Nessa faixa também é possível ver com muito mais clareza as meninas, ou melhor, as mulheres se apropriando de sua sexualidade e mostrando uma veracidade de fatos fictícios que compõe perfeitamente a narrativa do álbum.

O projeto se encerra com “ROYL” que é uma abreviação para “Rest of Your Life”. A letra dessa faixa é uma verdadeira celebração à vida e uma ótima escolha de encerramento do álbum. Pode-se ver que o projeto finaliza de uma maneira muito madura e bem colocada. Quanto à produção do álbum, acaba sendo muito boa e muito ruim. Ruim porque essa faixa teria um potencial incrível para ser um powerhouse single caso tivesse um apelo mais comercial, mas ao mesmo tempo a faixa permanece coesa com o restante do álbum, o que dá sentido a sua produção original.

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O duo Chloe x Halle traz uma maturidade surpreendente neste novo projeto. Letras maduras, provocativas, impactantes e reflexivas se unem a uma produção coesa, original e significativa para a busca pela identidade que todo artista procura ao longo de sua carreira e é realmente impressionante que elas tenham encontrado um terreno tão fértil e ímpar em tão pouco tempo de carreira profissional. Cientes do impacto vocal que a combinação de suas vozes tem, falta um pouco dessa exploração vocal no disco mas fato é que, depois deste álbum e, associando-o à tudo o que veio antes dele, está mais do que certo de que elas não precisam mais se provar em nenhum âmbito afinal, sua carreira emergente com toda certeza colherá grandes frutos, seja beltando notas a plenos pulmões ou seja escolhendo se expressar como bem entenderem em sua hora mais ímpia.

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Guil Anacleto
Guil Anacleto
Arquiteto e Urbanista por opção, cantor e amante de música por vocação. Uniu seu gosto por música e por escrita quando viu no Nação da Música a oportunidade de fundir ambos. Não fica sem um bom livro, um celular e um fone de ouvido. Amante de séries, televisão, reality shows, gastronomia, viagens e tenta sempre usar isso a seu favor para estar reunido com família e amigos. Uma grande metamorfose ambulante reunida em um coração sonhador com um toque de humor indispensável.
O duo Chloe x Halle traz uma maturidade surpreendente neste novo projeto. Letras maduras, provocativas, impactantes e reflexivas se unem a uma produção coesa, original e significativa para a busca pela identidade que todo artista procura ao longo de sua carreira e é realmente impressionante que elas tenham encontrado um terreno tão fértil e ímpar em tão pouco tempo de carreira profissional. Cientes do impacto vocal que a combinação de suas vozes tem, falta um pouco dessa exploração vocal no disco mas fato é que, depois deste álbum e, associando-o à tudo o que veio antes dele, está mais do que certo de que elas não precisam mais se provar em nenhum âmbito afinal, sua carreira emergente com toda certeza colherá grandes frutos, seja beltando notas a plenos pulmões ou seja escolhendo se expressar como bem entenderem em sua hora mais ímpia. Resenha: "Ungodly Hour" - Chloe x Halle (2020)