Resenha: “Women in Music Pt. III” – HAIM (2020)

HAIM
Foto: Paul Thomas Anderson

No dia 26 de Junho, Danielle, Alana e Este, as irmãs integrantes do trio HAIM, lançaram seu mais novo álbum, o intitulado “Women in Music Pt. III”. O título está ali entre uma brincadeira com o que é ser mulher no mundo da música e o fato deste ser o terceiro álbum de sua carreira.

Muita expectativa estava envolvida, já que o disco de estreia da banda foi um sucesso estrondoso e o sucessor não sustentou o mesmo hype. Entre se preocupar com o que seria do novo trabalho e apenas curtir sem sentir o peso da responsabilidade, as irmãs certamente fizeram o segundo: e deu certo!

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O trabalho é iniciado com “Los Angeles“, uma ode à cidade em que cresceram e certamente funciona de maneira bem pessoal. Em entrevista à Apple Music, Danielle revelou que esta foi uma das primeiras faixas que compuseram para o álbum. Tem uma pitada de Jazz e se diverte com ritmos ao longo de sua duração.

Bem diretas, esta é provavelmente a faixa mais ligada ao título do disco. Em “The Steps” o tema abordado é o machismo enfrentado tanto na vida pessoal quanto na profissional. É tudo bem claro mas feito de maneira não agressiva e para acompanhar o tópico, o maior destaque no instrumental é o riffle de guitarra bem chamativo.

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Um pop sintético mais experimental aparece em “I Know Alone“, um dos singles divulgados anteriormente pelo grupo. A brincadeira com os sintetizadores me soa como uma tentativa de tornar as coisas um pouco obscuras, já que sua composição é voltada para a solidão e a maneira como as vezes sentimos isso de forma intensa e pessoal.

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Mais provocante e com aquele riffle de guitarra mais evidente, chegamos em “Up From A Dream“, e ela nada mais é que aqueles dias em que acordamos e não estamos satisfeitos com nossa própria realidade. É ao meu ver um dos destaques da produção, com vocais e instrumental excelentes.

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Diminuimos um pouco mais o ritmo em “Gasoline“, que é simples mas fala sobre momentos de tristeza e decepções amorosas. Danielle trabalha muito bem seus vocais nesta, já que transmite exatamente o humor presente na canção sem menosprezar um sentimento tão comum e que por vezes aparece sem motivo aparente.

Utilizando humor ácido de forma criativa, HAIM ataca novamente em “3am” que nada mais é que uma piada sobre a famosa “booty call”. Elas são até bem literais e a faixa começa com uma ligação, deixando tudo bem descontraído. Em seu som ela flerta um pouco com o R&B e é interessante ver essa exploração de ritmos.

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A dançante “Don’t Wanna” foi lançada de surpresa é a que provavelmente se aproxima mais do som já produzido anteriormente por elas. Na letra, se fala sobre a falta de vontade de desistir de um relacionamento, mesmo que essa pareça ser a melhor e mais sensata opção. O refrão é fácil e daqueles que fica grudado na cabeça.

Uma das mais divertidas até aqui é “Another Try“, que reflete uma maneira mais relaxada de ser – no bom sentido da palavra. Manter toda a vulnerabilidade em falar sobre os sentimentos e angústias mais profundas dentro de cenários alternativos e em bom tom, essa é certamente uma das especialidades do trio.

Em “Leaning On You“, HAIM flerta diretamente com o country sem medo de parecer que tomou a direção errado num passo arriscado: e tudo funciona muito bem! Este talvez seja o exemplo mais claro do motivo pelo qual este é um álbum muito pessoal e de tantas nuances.

I’ve Been Down” permece ali pertinho do country, adicionando um pouco mais de rock desta vez. A canção, que parece ter sido feita exatamente para os tempos de quarentena, fala sobre estar se sentindo meio triste, passar bastante tempo assistindo TV… isso soa familiar?

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Em um acústico meio frustrado e cru, “Man From The Magazine” destaca com muita clareza todo o sexismo pelo qual as artistas tem de enfrentar até os dias atuais. Ela propõe análises profundas sobre comportamento e críticas que infelizmente se encaixam na vida de qualquer mulher, principalmente no mundo do entretenimento.

Com vocais distorcidos e uma pitada de glam-rock envolvido em seus solos de guitarra, “All That Ever Mattered” dá ainda mais a qualidade da obra, fazendo de todo o processo uma experiência de descoberta.

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A balada relativamente pesada de “FUBT (Fucked Up But True)” , trata sobre, como seu próprio nome sugere, aquelas verdades que são difíceis de engolir mas bem, são verdades. O refrão é bem repetitivo e se encaixa num tipo de dança com o instrumental.

Apesar de ser contida como bônus track no disco, “Now I’m In It” foi divulgada bem cedo como parte do disco e ganhou até videoclipe dirigido por Paul Thomas Anderson, frequente colaborador do trio. Apesar de soar como uma daquelas músicas de superação do fim de um relacionamento, ela é na verdade sobre saúde mental.

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Chegando no fim da jornada, podemos ouvir a sensível “Hallelujah“, um dos trabalhos mais bonitos das HAIM. Sincera e com um toque de nostalgia ela aborda na medida certa temas importantes e é simplesmente incrível de se ouvir, um excelente trabalho.

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Fechando com “Summer Girl“, que apesar de não parecer fala sobre um momento muito difícil na vida de Danielle: seu marido foi diagnosticado com câncer e ela estava em turnê. Por isso todo o alívio expressado ao voltar para Los Angeles, onde pôde estar fisicamente com ele (que já está curado!).

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Agindo de acordo com as expectativas mas definitivamente sem tentar preenchê-las, HAIM entregam um disco de extrema qualidade e muito importante para os dias de hoje. “Women in Music Pt. III” é uma viagem pelo interior destas três mentes e portanto, uma caixinha de surpresas, mas pode ter certeza que são bem boas e que vale a pena.

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Agindo de acordo com as expectativas mas definitivamente sem tentar preenchê-las, HAIM entregam um disco de extrema qualidade e muito importante para os dias de hoje. "Women in Music Pt. III" é uma viagem pelo interior destas três mentes e portanto, uma caixinha de surpresas, mas pode ter certeza que são bem boas e que vale a pena.Resenha: "Women in Music Pt. III" – HAIM (2020)