#VCnaNM: Filipe Aoki conta o que rolou com ele no show do Dead Fish em 2004

Paulista, Filipe Aoki de 27 anos, formado em Publicidade e propaganda pela Universidade São Judas Tadeu, nos fez um depoimento de como foi o show mais insano da vida dele, até hoje. Confira:

“Existem momentos que separam os meninos dos homens e eu posso dizer que o meu momento aconteceu há 10 anos atrás.

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Eu tinha 16 anos e nenhum conhecimento da vida. Obviamente isso se refletia na minha ignorância musical. Ainda me recuperava do baque de ter gostado de Spice Girls na minha infância e de ter descoberto meu corpo por conta de um pôster em tamanho real da Baby Spice que eu tinha no meu quarto (um beijo, Baby. Saudade de você).

Foi nesse contexto turbulento que fui apresentado pra uma banda que mudaria minha vida, o Dead Fish. Impossível descrever o sentimento que me veio no momento que ouvi “Sonho Médio”. Minha catarse foi tamanha que, na mesma semana, fui à galeria do rock e, com as moedas contadas, comprei o CD da banda. Pra galerinha WhatsApp que não sabe, um CD é um pedaço de plástico que a gente colocava em um aparelho e ele tocava música, tipo um Spotify, só que com poucas músicas e você tinha que levantar do sofá pra trocar a “playlist”. Eram tempos difíceis, amigos.

Pois bem, o ano era 2004 e surgiu a oportunidade de ir em um show do Dead Fish, no Hangar 110. Eu nunca havia ido em um show sequer na minha vida e o primeiro poderia ser épico. O problema é que o show custava R$ 20, uma fortuna pra eu, um garoto suburbano comum que não trabalhava e trocava passe de ônibus por x-tudo no McZé. Meu único patrimônio naquele momento era meu CD e ou eu cruzava ou eu cabeceava, não podia ter os dois. Então decidi cabecear pro gol. Vendi meu CD para uma grande amiga (beijo, Lis) e fui pra porta do Hangar, junto com um grande amigo Ducho, tão louco quanto eu, tentar conseguir na fila o dinheiro que faltava. Era comum naquela época conseguir umas moedas com a galera na fila do show e, com sorte, beber alguma coisa oferecida por quem não tinha nenhum centavo pra compartilhar, apenas alcool. Foi numa dessas que eu bebi um vinho from hell.
Sabe-se lá o que tinha nesse maldito vinho, mas a verdade é que eu fiquei fora de mim. Mal lembro quais eram as bandas que estavam abrindo o show. Só sei que eu estava em êxtase. Foi então que eu tive a “brilhante” idéia de pular do palco, fazer um stage dive, dar um mosh. Já que eu estava ali, eu queria a experiência completa. O lance é que eu era um juvenil e não sabia que eu teria que subir pelos cantos do palco e inventei de subir pelo meio. O roadie, como um guardião do templo sagrado que é o palco, fez o favor de expulsar o troll (eu) de suas terras e, em um movimento digno de orgulhar o rei Leônidas de 300 de Sparta, me chutou de volta pro poço chamado platéia. O problema é que o público não teve tempo de se preparar para minha chegada e, a bem dizer, eu nunca fui um cara muito atlético, ou seja, não havia uma comoção muito grande para que houvesse esse preparo para a aterrissagem deste gordinho que vos escreve. Conclusão. Chão. Eu estava tão anestesiado pelo vinho batizado que nem senti dor, porém, o único reflexo que tive foi me dirigir à pista de skate que tinha do lado do palco do Hangar 110 e me deitar. Desmaiei ali mesmo.

Que fim trágico para um primeiro show. Desmaiar antes mesmo da banda principal. Da mesma forma que perder a virgindade em uma transa mal dada, isso ficaria marcado para o resto da minha vida. Porém, os deuses do Hard Core estavam do meu lado naquele dia e, como um milagre, eu ressuscitei a tempo de ver o Dead Fish subir ao palco.

Eu não teria mesmo me perdoado por perder um show tão intenso. Ainda não conhecia todo o repertório da banda naquela época, mas me identificava com cada música e me sentia tão em sintonia que tinha quase a sensação de que eu é que havia criado aquelas músicas.
No exato momento em que os primeiros acordes de “Sonho Médio” foram dedilhados, a sinapse que ocorreu no meu cérebro foi tão grande que eu pude perceber ali mesmo que minha vida seria dividida em antes daquele show e depois daquele show.

Por conta de toda essa loucura, eu fiquei uma semana sofrendo de dor e com os movimentos reduzidos, mas não reclamei porque considerei essas dores como lembretes do dia em que pude assistir o show da minha vida.”

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Redação
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