Resenha: “The Album” – Teyana Taylor (2020)

Teyana Taylor
Foto: Reprodução / Facebook

A jornada que resulta no nascimento de um álbum de R&B de 23 faixas com participações especiais de ícones do gênero está longe de ser simplista. Após dois álbuns de estúdio, uma aparição de destaque no mainstream ao protagonizar o videoclipe de “Fade” de Kanye West e a chegada da maternidade, Teyana Taylor tem muito a dizer. Suas emoções e reflexões reprimidas foram escancaradas em seu novo registro, intitulado apenas de “The Album”.

A cantora, que se tornou uma sensação hype da crítica e da comunidade artística, mas nunca conseguiu quebrar a barreira do undergroud finalmente está ganhando espaço e lugar de fala. “The Album” é concebido como uma epopeia com fortes mensagens, uma coesa e estruturada história mergulhada na clássica sonoridade dos anos 90, chamando atenção para as participações especiais de artistas como Ms. Lauryn Hill, Erykah Badu, Missy Eliott, Future, Rick Ross, Quavo e outros.

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O parto de sua primeira filha é o início dessa jornada. Na faixa intro, o ouvinte é imerso em uma emocionante ligação ao 911 (emergência), recriando eventos reais que aconteceram no banheiro da casa de Teyana Taylor, prestes a dar à luz. A influência de seu casamento e maternidade são fortes elementos que permeiam todo o álbum, mostrando vulnerabilidade, emoção, transcendência e força interior (“Come Back To Me”, “Wake Up Love”).

Lowkey” e “Let’s Build”, duetos com Erykah Badu e Quavo, continuam a temática romântica como uma sexy declaração de amor a seu parceiro (But this ain’t the right time / But, damnit, you’re so fine / So take me tonight). “1800-One-Night”, “Morning”, “Boomin” e “69” explicitam a sexualidade de Teyana e a mostram no controle de seu corpo (Got you curling your toes while you’re deep in my throat / I want it / I’ll be the six and you’ll be nine), desejos e ações ao fantasiar com prazeres da submissão (Rule me, own me, control me, I’m ready, babe / You only get one night, so do it right).

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Explorando o groove do reaggae, a curtíssima “Bad” brinca sobre fim de relacionamentos. “Wrong Bitch” continua a tratar de problemas entre casais, avisando que está cansada de jogos e vacilos. Aflorando melancolia, “Shoot It Up” retrata um eu-lírico frágil e vulnerável emocionalmente com as incertezas de seu amor.

A partir da segunda metade do álbum, Teyana Taylor começa a expor inseguranças e fragilidade (“Lose Each Other”, “Concrete” e “Still”). Questionando a reciprocidade de seu relacionamento, Teyana se revela insegura em “Ever Ever”. Reconhecendo arrependimentos e falhas em ambos os lados, o eu-lírico, em “Try Again” pede para o casal recomeçar do zero e deixar os problemas e desentendimentos no passado.

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Reconquistando sua confiança, Teyana volta a abordar o jogo da sedução na melódica “How You Want It?”. Fechando o álbum com chave de ouro, a cantora celebra o amor próprio, a felicidade e suas conquistas frente adversidades da vida em “Made It”. Transmitindo a mesma mensagem, Lauryn Hill se junta a Teyana em “We Got Love”, o gran finale de “The Album” com o ápice de energias positivas e amor.

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Guilherme Cossich
Guilherme Cossichhttps://guicossich.medium.com
Influenciador musical baseado em São Paulo
Poucos artistas cotemporâneos são capazes de conceber uma obra extensa, coesa e cheia de profundos significados. "The Album" celebra o momento atual de Teyana Taylor como artista, mulher negra, esposa, mãe... Todos os complexos e diversos lados e estados de espíritos da cantora são expostos de uma belíssima maneira artística, criando um clássico disco de R&B com muita atitude, trap, orquestra e com colaboradores tão icônicos quanto a própria obra em si. Resenha: "The Album" - Teyana Taylor (2020)