A banda norte-americana Kings of Leon está se preparando para lançar seu novo álbum “When You See Yourself” na próxima sexta-feira (05) e o Nação da Música teve a oportunidade de ouvir o álbum em primeira mão, a convite da gravadora Sony Music Brasil. Esse novo projeto, oitavo disco de estúdio do grupo, tem a missão de quebrar o hiato de quase cinco anos e suceder seu último projeto, o “WALLS” de 2016. Vamos mergulhar nessa viagem em primeira mão?
O álbum de Kings of Leon é apresentado pela faixa título “When You See Yourself, Are You Far Away?” e o que mais chama a atenção nessa faixa, logo de cara, é como ela muda de atmosfera rapidamente. Tem uma produção bastante curiosa e flexível. Há uma permissão em sentir muitas emoções numa única faixa. O instrumental é bem rico e tem uma variedade muito grande de elementos, o que nos possibilita uma viagem mesmo ao longo dos mais de 4 minutos. Só aqui, já criamos uma boa expectativa sobre o projeto. A escolha da produção vocal no final da faixa, é o clímax que você provavelmente gostaria mas não sabia que precisa até que ele se apresenta.
Temos uma produção menos sofisticada aqui em “The Bandit”, a primeira faixa lançada como single de divulgação do álbum, o que não faz da faixa ruim. Ela é um rock ritmado por uma batida frenética que é comprada desde os primeiros acordes e que só some em algumas viradas na parte C da música. Um ponto, não necessariamente negativo, mas que há que se levar em conta, é a produção vocal que está sendo suavemente sobreposta pelos instrumentos. Fica a critério de quem ouve decidir, se é confortável ou não. Para os fãs, nada de novo, para os novos ouvintes, talvez um obstáculo.
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Temos uma diminuída na vibe chegando em “100,000 People”, outra faixa já liberada, mas, o que já começa a chamar muita atenção é a coesão do álbum. Tudo parece muito encaixado logo na terceira faixa, se comparada aos elementos de ambas faixas anteriores. Inclusive, os vocais, que antes estavam apagados pelas batidas e outros instrumentos, aqui recebem um tratamento que preenchem bastante a linha vocal e a produção empregada nela, cria um efeito de ao vivo muito interessante e, levando em consideração que se trata de uma banda, a experiência é bastante elevada, sobretudo na situação pandêmica na qual nos encontramos.
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Recebemos uma voz cheia de efeitos acompanhada de cordas graves que embalam a experiência de “Stormy Weather”. A música se preenche com poucos segundos a frente, mas os protagonistas seguem sendo a voz editadamente ruidosa e os acordes graves de um baixo que guia toda a narrativa lírica e que, às vezes, casa com uma estridente guitarra. O instrumental tem roubado a cena, por vezes, literalmente.
Temos aqui em “A Wave”, um piano dando um tom mais sombrio à faixa, a voz segue com o mesmo tratamento ruidoso vivo da faixa anterior e o clima é pesado e, digamos que, “reflexivo”. Quando parece que a situação se seguirá daquela forma, há um crescente na faixa que lembra as diferentes facetas apresentadas na música de abertura do álbum. Até aqui tem sido uma grande viagem, tanto no disco quanto nesta faixa específica e, este efeito, realmente cria a sensação de um olhar interno sugerido pelo título do projeto.
“Golden Restless Age” começa com uma batida ritmada isolada que praticamente introduz a chegada de todos os outros instrumentos pra criar a vibe que vem de uma vez só. A quebra vem no refrão quando a melodia ganha mais corpo e preenchimento ao invés de ter uma certa característica pontual. Como a faixa trata de temporalidade, essa repetição faz um certo sentido. Ponto para a produção, apesar de ser uma das menos inventivas até aqui.
Seguindo na temática temporal, “Time in Disguise”, Kings of Leon apresenta uma das primeiras vezes em que o vocal é o foco. Com uma introdução bastante rica, tanto liricamente quando no tocante à atmosfera criada pela produção, a voz assume a proa do material e assim se segue ao longo da faixa, mesmo que entrem outros instrumentos e, ainda que sejam os mesmos, as escolhas favorecem muito os vocais e funcionam como um certo respiro para o álbum que ainda não havia dado muito espaço para que a melodia vocal pudesse brilhar como acontece e como a voz de Caleb Followill merece.
O preenchimento instrumental desaparece em “Supermarket” por um bom tempo mas, como o projeto nos acostuma, sabemos que ele vai eventualmente chegar, exceto que, dessa vez, não acontece. É uma constante espera pela explosão que nunca chega. Os vocais novamente tem seu merecido destaque, apesar de serem lineares e com uma melodia que não oferece nada muito grave mas também nada muito agudo. É uma faixa suave, em todos os aspectos e tangentes, algo que o álbum já estava pedindo desde a montanha russa na qual embarcamos no momento do play inicial. Assim como a letra diz, a faixa não vai a lugar nenhum e, ainda assim, nos leva a muitos lugares. E isso é muito bom.
Em “Claire and Eddie”, o tom acústico de voz e violão se apresentam como um afago na alma. O projeto parece realmente ter escolhido acalmar os ânimos, o que acaba por ser uma escolha muito inteligente. A letra da faixa também é um ponto muito positivo, especialmente porque o tratamento vocal nos aproxima da narrativa. A vibe é tão gostosa que é uma trilha sonora perfeita para se ouvir vendo um por do sol na praia, é justamente esse tipo de calma que a junção de tudo nos traz.
Voltamos ao agito e a uma expectativa que tudo vá continuar acontecendo em “Echoing”, que ganhou clipe recentemente, numa virada previamente utilizada por aqui naquela explosão de diversos sons e, o que na verdade acontece, são algumas pausas que causam uma sensação ainda mais de ansiedade pelo que vem pela frente. Os vocais voltam a ser abafados mas, o que mais chama a atenção, é o final abrupto e completamente inesperado, diferente de usual nas faixas predecessoras. A experiência neste fragmento do álbum é de acelerar, literalmente, o coração ao ser completamente imprevisível, do início ao fim. Talvez não a colocaria neste local especial, ou talvez sim. Difícil opinar após ouvir. O frenesi segue ecoando, quem diria…
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Voz, piano, violão e mais alguns pequenos elementos dão o tom principal da faixa que encerra. Definitivamente, o “conto de fadas” trazido por “Fairytale” nos coloca em um bom lugar. Assenta todas as nossas emoções despertadas ao longo da audição completa e, de uma maneira bastante confortável, envia uma mensagem final pros corações: “o sol encontra seu jeito de brilhar”. Um timbre muito específico vai desaparecendo até que: é isso. A experiência está completa.
Em “When You See Yourself”, Kings of Leon nos permite uma verdadeira viagem para dentro de si. As camadas e curvas que o álbum faz, ou que nos leva a fazer, propõe, delicadamente, que busquemos no fundo do baú de nossas emoções, onde é que estamos. Um álbum bastante sensorial, se olharmos pela perspectiva auditiva, que traz em nossas ideias e conceitos que, mesmo aqueles que não falam inglês, conseguiram se conectar de alguma forma. Ao contrário do que se vê com preferência por aí, o vocal é secundário, o que, particularmente, seria um desperdício, não fosse pela excelente construção instrumental. Ainda assim, fica aqui o desejo de mais espaço nos próximos projetos que já aguardamos ansiosos desde já. E a pergunta que segue sem resposta: quando você se vê, você está longe?
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