Resenha: “Weird!” – YUNGBLUD (2020)

Yungblud
Foto: Joey Tortuga

YUNGBLUD lançou, na última sexta-feira (4), o segundo álbum da carreira, intitulado “Weird!”, com 13 faixas. Após parcerias de sucesso com Halsey, Machine Gun Kelly e Bring Me The Horizon, o novo disco do britânico Dominic Harrison consolida o cantor entre o público jovem que se identifica com suas músicas, como uma forma de aceitação e imposição diante à sociedade.

Com letras sensíveis e verdadeiras, YUNGBLUD traz o punk e o rock para o pop com batidas eletrônicas e mistura tudo num som característico gritado, como se o artista jogasse todos seus sentimentos para fora de uma vez só no repertório. Dominic aborda temas como autoestima, relação com os pais, aceitação, drogas e questões LGBTQIA+, o que faz seu público se identificar com o sentimentalismo expelido no álbum.

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Ao anunciar o lançamento do álbum, em setembro, o cantor escreveu: “Juntos vamos redefinir o que significa ser “diferente”. Abrace o estranho. Nunca se contente em ser nada menos do que 100% quem você é, mesmo que sejam 15 pessoas diferentes ao mesmo tempo”. A mensagem é ilustrada na capa do álbum, em que YUNGBLUD está caracterizado de diferentes formas, um ao lado do outro (e até beijando a si mesmo).

Com produção e composição majoritariamente de YUNGBLUD, Chris Greatti e Zakk Cervini, “Weird!” foca num assunto com diversas facetas entrelaçadas que permeiam a vida dos jovens. Dominic se coloca como um porta voz da geração, mas também como uma voz para o público perceber que existem outras pessoas que o compreendem e ele não está sozinho nesse vazio preenchido.

teresa” abre o disco com melodias suaves e a voz de YUNGBLUD acompanhada do piano. Até que há uma quebra com fortes acordes de guitarra e o rock dá entrada ao projeto, de forma gradual. A letra serve como um aviso inicial, da dificuldade de lidar com a forma que a sociedade ao redor te enxerga, mas com a esperança de que é possível se levantar. “Eles sempre vão ver através de você / Eles vão tentar levar seu coração / Eles sempre vão te confundir / Eu senti isso desde o começo”, canta o britânico.

cotton candy” foi um dos singles lançados antes do álbum completo e acompanhou um clipe que explicita toda a formação da canção. Talvez uma das faixas mais pop do repertório, mesmo com a forte presença do baixo e da bateria marcada, a música fala sobre a liberdade sexual, “se perder em outras pessoas de todos os gêneros, de todas as formas e tamanhos, para se encontrar e descobrir quem você de fato é”, como comenta YUNGBLUD. “cotton candy” ainda conta com Julia Michaels na composição e também foca na temática de se impor como você é sob uma sociedade padrão.

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Trazendo uma melodia oposta às anteriores, “strawberry lipstick” encarna o punk rock com um instrumental pesado, mas segue a temática de expor a identidade de YUNGBLUD tão forte quanto as batidas da bateria. “Esta é uma música sobre uma pessoa que eu amo”, inicia a canção que foca num relacionamento intenso e, novamente, sem restrições: “Eles vão me trancar no armário, mas eu vou sair / Dizendo “f***** toda a opressão e a auto dúvida”.

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mars”, último single lançado antes do álbum, traz também um dos gritos mais potentes de YUNGBLUD que ilustra um dos principais obstáculos da juventude que se sente perdida dentro de si e no planeta. Com um clipe tão sensível quanto a mensagem da canção, “mars” funciona como uma conversa de apoio do cantor com o público, mostrando como ele entende a situação de se sentir pedido e irrelevante diante dos outros, pensando “existe alguma vida em Marte?”, onde alguém o entenda e o veja como ele é.

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superdeadfriends” volta com o rock marcado e a voz gritada de YUNGBLUD, mesmo com batidas e backing vocals que mostram a influência do pop. Em mais uma mensagem de aceitação de ser quem você é, o cantor expressa que “Eu quero viver em um mundo onde eu / Posso ser quem eu sou sem ter que tentar / Mamãe papai deixa-me por favor / Deixe-me ficar livre para levantar do meu pé / Quando você está fazendo um bebê no missionário / Esteja preparado para aceitá-los pelo que eles serão”.

love song” traz o lado acústico de YUNGBLUD com uma melodia mais sensível do violão e uma voz calma e sincera. A letra que fala sobre ter que lidar com a violência dos pais e proteger as irmãs, mostra a dificuldade de lidar com o amor, seja pelo outro ou por si mesmo. Enquanto muitos se ferem por que nunca foram ensinados a se amarem, “Então, como posso amar outra pessoa?”. A história de “love song” se desenrola com a volta das guitarras e da bateria com o rock influenciado pelos clássicos do All Time Low e a tentativa de aprender a se amar e amar outra pessoa.

god save me, but don’t drown me out” inicia uma melodia limpa com guitarras ao longe e compassos de bateria contidos, até um drop do punk rock com sintetizadores que levemente misturam o pop ao fundo. Outra letra muito marcante, com um clipe que ilustra a letra que novamente serve para reconfortar os jovens que se sentem perdidos e travam uma relação com as drogas. Sempre contextualizando todas as dificuldades internas e ao redor, YUNGBLUD também foca no lado positivo de se impor: “E não vou deixar minhas inseguranças definirem quem eu sou / Não vou desperdiçar minha vida, porque eu estive f*****” e, para ele, a mensagem é aproveitar a vida e que “Deus salve todos nós”.

ice cream man” aparenta ser a personificação de todo o lado negativo e repressivo da vida de qualquer jovem, como a ansiedade. Mais uma faixa que mostra o lado punk e pop de YUNGBLUD, mais voltado para as baladas dessa vez e que até traz uma musiquinha dos tradicionais caminhões de sorvete americanos ao início. “Você é apenas um sorveteiro / Pegue meus sonhos e faça com que sejam banidos / Me tranque dentro da sua van / E eu não quero fazer parte disso”, diz a letra que se mostra cansado de lidar com a forma que a sociedade o trata, mesmo sabendo que ele é diferente.

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A faixa homônima do álbum “weird!” traz uma pequena síntese da mensagem que YUNGBLUD tenta passar durante o disco. A dificuldade de ter que lidar com as inseguranças, ansiedade, sentir que não se encaixa e que os outros não te compreendem, a relação com a drogas, com o amor, com a família e amigos, Dominic Harisson canta: “Não destrua seu cérebro / Vai ficar tudo bem / Estamos em um momento estranho da vida”. YUNGBLUD mostra a todo custo que ser diferente é o normal, mesmo que a sociedade não te diga isso.

charity” mostra a busca por uma identidade, muitas vezes, quando os jovens se sentem perdidos na necessidade de se enxergar num padrão. “E talvez eu esteja com os morangos, sozinho na prateleira / Porque eles respiram e sangram, e são doces como eu”, diz a letra. A canção com um rock marcado pelo pop encoraja o ouvinte a viver e sentir tudo o que precisa, “Porque sentir é respirar e temer é ser livre / E ser livre é o que significa ter sucesso para mim”. Por isso, para YUNGBLUD, quando os outros pedirem para você não ser quem é e se esconder, “Doe meu cérebro para caridade”.

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acting like that” é aquela faixa encaixada de última hora e que traz a única parceria especial do álbum, mas que já é bem conhecida. Aliás, no primeiro anúncio de “weird!”, a faixa não estava na tracklist aqui. Porém, Machine Gun Kelly e YUNGBLUD sempre é uma combinação que da certo, ainda mais com a produção de Travis Barker (Blink-182). O rock acelerado com influências do último álbum de Gun Kelly, “Tickets To My Downfall”, a canção traz um relacionamento instável, mas que os dois podem se encontrar no meio do caminho. “Estou saindo da minha cabeça / Eu me apaixonei de novo / Eu sei que você vai me esquecer de manhã / Quando você se for de novo”.

it’s quiet in beverly hills” se encaminha para o fechamento do álbum com uma melodia calma, trazendo de volta a voz e violão, apenas. A relação de se sentir diferente enquanto o resto parece se encaixar nos padrões circunda a letra da música: “Eu tenho amigos que f**** seus amigos e brincam de fingir / Então eles podem sonhar novamente / Eles compram seus corações em compras online”. Bervely Hills ganha um novo significado. Todo o luxo do bairro californiano funciona como um refúgio onde é tranquilo e você está “morrendo, deitado, chorando”.

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the freak show” funciona como a música final de um musical que fecha uma história (quase) redonda. Os acordes da guitarra com a bateria que aceleram e a voz gritada de YUNGBLUD como o último verso do trabalho se entrelaçam para a última canção. Já entendemos as dificuldades de sobreviver numa sociedade que não te aceita, “Veja, eu já fui ferido dez vezes antes”. E a mensagem final do artista é um aviso: “Veja, todo mundo quer ser um pouco como nós / Mas eles não entendem todas as coisas que fizemos / Eles vão tentar mudar você porque têm tanto medo de você / Mas espere, espere / Porque bonecos de plástico falso / Com suas mãos e suas fitas / Vai estrangular todos nós / E eles serão perdoados”. Apesar de todos os percalços, o grito final de YUNGBLUD vem com a afirmação de se impor e se mostrar diferente sendo como você é: “Você, eu acredito em você / Os tempos vão mudar / E você pode quebrar / Mas vou passar minha vida acreditando em você”.

O segundo álbum de YUNGBLUD trouxe a sinceridade de uma voz que é julgada tanto pelos holofotes quanto pela vida privada. Porém, Dominic Harrison expressa todos os sentimentos confusos e persistentes em canções que se conectam com o público que deseja ter o grito da voz do britânico.

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Mesmo que a mensagem às vezes possa se demonstrar de forma apelativa, YUNGBLUD traz em “Weird!” um discurso de imposição da nova geração que deseja se mostrar presente como uma quebra de diversos padrões e se erguer em meio a uma sociedade padrão. E ele conseguiu.

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Mariana Calheiros
Mariana Calheiros
Estudante de jornalismo, tendo shows como habitat natural e uma boa trilha sonora da vida
Com uma forte mensagem para a nova geração, YUNGBLUD mistura o punk, pop e rock no segundo álbum da carreira, "Weird!". O discurso de imposição dos jovens e a aceitação de ser diferente serve como um afago, principalmente, em 2020.Resenha: "Weird!" - YUNGBLUD (2020)