Resenha: “Nobody is Listening” – Zayn (2021)

Zayn
Reprodução/Facebook

A espera acabou para os fãs de Zayn. Na última sexta-feira (15) o cantor lançou seu terceiro álbum solo, intitulado “Nobody Is Listening“. Com essa marca, o artista de 28 anos se torna o ex-integrante da One Direction com mais lançamentos solo até o momento.

O terceiro projeto do cantor se estabiliza ao apostar em uma abordagem mais intimista, voltada para um R&B suave que permeia suas 11 faixas. A extensão do álbum representa um grande avanço em comparação às 29 canções reunidas em seu segundo disco “Icarus Falls”, que se mostrou um trabalho interessante, mas um tanto confuso.

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Seis anos após sua estreia solo, Zayn parece ter definido melhor as margens de seu trabalho. Seu disco de estreia “Mind of Mine” trouxe uma série de faixas promissoras que faziam referência ao período conturbado que sucedeu sua saída repentina da One Direction e o fim de seu noivado com a cantora Perrie Edwards. Depois de abordar seus sentimentos mais sombrios e cantar sobre noitadas com drogas e bebidas, as composições de Zayn amadureceram ao longo do tempo junto com ele.

Em “Nobody Is Listening” o cantor faz as pazes com a relativa calmaria de sua vida, especialmente agora que ele e a modelo Gigi Hadid tiveram sua primeira filha. Sem se preocupar em criar um álbum “comercial”, Zayn retoma parte do caminho trilhado em “Icarus Falls” e traz mais um compilado de faixas que falam, em sua maioria, sobre amor, sexo e as idas e vindas de um relacionamento.

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O projeto abre com a faixa “Calamity”, que traz uma narração ritmada de Zayn contornando temas como a traição de sua confiança e sua saúde mental, citada no trecho “Minha mente vive com o cannabis / Eu consigo resistir ao abismo escuro?”. De forma pouco clara, o cantor despeja analogias e rimas ao microfone e encerra a faixa apresentando o título do álbum ao cantar “Ninguém está me escutando”. O que parece ser a introdução de uma obra raivosa, entretanto, se dissolve logo em seguida.

Zayn assenta a roupagem minimalista do álbum logo no início, apostando em batidas programadas e riffs simples de guitarra que deixam espaço para sua voz brilhar nas faixas seguintes. O primeiro single, “Better”, é um melancólico trabalho de R&B onde Zayn confessa seu amor em meio a um momento conturbado do relacionamento, enquanto “Outside” figura o falsete característico e surpreendente do cantor em uma balada dolorosamente honesta cheia de mágoa e arrependimento. Zayn canta uma carta aberta à pessoa amada através de trechos como: “Me magoa quando eu penso em outra pessoa ocupando sua cama / Eu sei que não sou tão inocente, mas o amor que eu tinha por você era real”.

Escolhida como segundo single, “Vibez” chega para quebrar o clima contemplativo trazendo uma batida cativante e mostrando o potencial de Zayn para compor faixas comerciais sem comprometer seu estilo musical ou cair nos clichês da indústria. Há anos luz de seus trabalhos plastificados na One Direction, o cantor parece finalmente ter encontrado o equilíbrio que une o tipo de música que ele quer fazer e o tipo de música que é consumida pelo público.

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When Love’s Around” traz a primeira participação do álbum através da voz aveludada e envolvente da cantora de R&B Syd. A faixa é um dueto que aborda a falta da pessoa amada de modo sensual e traduz um tipo específico de agonia e abstinência. Em meio a seus devaneios, Zayn confessa seu amor e seu desejo admitindo “Sinto sua falta essa noite / Gostaria que você estivesse aqui” e mencionando até mesmo casamento como um modo de reatar o relacionamento e provar que dessa vez ele tem certeza do que quer.

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Em “Connexion”, o cantor atinge um momento de claridade e decide lutar por amor. A produção segue a roupagem simplista das canções anteriores, acentuando mais uma vez os falsetes de Zayn e o alcance límpido de sua voz enquanto ele afirma com convicção “Eu não quero deixar passar outro amor / Então eu vou mergulhar de cabeça no desconhecido”.

A envolvente “Sweat” marca a primeira faixa de cunho sexual do álbum. Ambientada sob uma base de soft-rock que remete ao som dos anos 80, a canção deixa a voz de Zayn em evidência e pode ser considerada um de seus trabalhos mais interessantes. A temática se dissolve por um momento em “Unfuckwitable”, onde o cantor fala sobre suas experiências com “amigos falsos e amor de mentira” enquanto inconveniências que não podem afetá-lo mais. Em seguida, “Windowsill” retoma a temática sexual de forma mais explícita e relaxada, trazendo a segunda participação do álbum através de um verso rimado do rapper Devlin.

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Perto do final, o álbum assume um tom mais romântico e otimista em “Tightrope”, onde Zayn relembra as memórias do início de relacionamento e afirma várias vezes que “Algo me disse que era você”. No final da faixa, é possível ouvir o cantor cantando em Urdu um verso da canção de 1960 “Chaudhvin Ka Chand”, de Mohammed Rafi’s.

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River Road” fecha o disco na mesma estética minimalista que permeou suas canções e retoma alguns dos questionamentos iniciais de Zayn de forma mais clara e serena, onde o cantor se pergunta “O que eu vou deixar pra trás? Para onde eu vou escolher ir?”, mas logo depois demonstra esperança ao dizer “Eu sei que verei o sol de novo”. A faixa é uma das melhores composições de Zayn e encerra o álbum com uma pergunta inquietante: “Você nunca espera por algo mais?”.

Apesar de não ser uma obra marcante, “Nobody is Listening” se destaca entre os trabalhos de Zayn ao se manter coeso e conciso. A repetição de temas abordados em álbuns anteriores e a presença de rimas confusas como “I wanna bed you, but still sleep is death’s cousin / So two weeks is now four dozen” acabam pesando contra o álbum. No final das contas, mesmo não sendo uma coletânea extraordinária, “Nobody is Listening” reflete Zayn enquanto artista com muito mais clareza e confirma que o cantor não tem interesse em emplacar um hit número 1 e não deixará que sua música seja afetada pelos moldes da indústria pop.

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Gabriela Marqueti
Gabriela Marqueti
Jornalista, entusiasta de cultura pop e ex-fã de One Direction.
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