Alcione não deixa o samba, nem a energia morrer em show no Turá

alcione
Foto: Juan Alves @juan_alves / Nação da Música

Pensar em Alcione é pensar em alegria, paixão e alto astral. Assim como a artista demonstrou esses três pilares ao longo de seus 50 anos de carreira, não foi diferente em seu show feito na noite deste domingo (30) no Turá.

Diante das baixas temperaturas que permeavam o Parque Ibirapuera, a cantora já mostrou a que veio abrindo sua apresentação com o samba contagiante de “Tem Dendê”. Exalando carisma e esquentando os corações apaixonados com “Além da Cama”, Marrom garantiu que o frio não seria um empecilho para seu espetáculo, e atribuiu ao entusiasmo do público a “Estranha Loucura” por ter saído de casa – pedindo em retorno “Faz uma loucura por mim”.

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Para compilar 50 anos de carreira numa apresentação de 1 hora, foi preciso que algumas músicas fossem reduzidas, como “Sufoco”, “O Surdo” e “Pior é que eu gosto”. Nesse tempo de estrelato, é inevitável que a turnê de Marrom não passe também por grandes nomes do samba nacional, como Nelson Cavaquinho e Benito de Paula, homenageados respectivamente com as versões da cantora de “Juízo Final” e “Retalhos de Cetim”.

No início deste ano, um dos memes que mais tomou conta da internet foi sobre às lobas (mulheres maduras e confiantes de si mesmas), sendo associado principalmente à participante Fernanda Bande, do BBB 24. Em meio a diversas personagens e personalidades, o nome de Alcione também veio à tona, sendo coroada como uma das maiores lobas do Brasil. Honrando o título, Marrom dedicou um momento do setlist para fazer a alegria de uma alcateia com a sequência “Mulher Ideal” e, claro, “A loba”.

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Mostrando que as lobas também amam (e sofrem), Alcione acalentou o público com o sentimentalismo dos versos de “O Que Eu Faço Amanhã”, “Separação” – em que dividiu os vocais com sua sobrinha, a backing-vocal Sílvia Nazaré – e “Entidade”, que destacou-se pela forte presença dos instrumentos de sopro. Mesmo com letras que relatam a sofrência romântica, a energia do show não ficou em baixa, e teve como um dos momentos mais eufóricos o coro de “Você Me Vira a Cabeça”.

Tendo exaltado as mulheres, Alcione também prestigiou o público masculino com a sequência “Garoto Maroto” e “Meu ébano”, que foi ilustrada ainda por imagens de diversos homens negros brasileiros, como Lázaro Ramos, Arlindo Cruz, Diogo Nogueira e Luís Miranda. Feitas as respectivas dedicatórias para o público, a cantora também reservou um espaço do show para exaltar sua escola de samba do coração, a Estação Primeira da Mangueira, resgatando o espírito do Carnaval com “Brazil Com “Z” E Pra Cabra Da Peste, Brasil Com “S” E A Nação Do Nordeste”, logo após “Quem não viu e não provou”.

Terminando no auge com o hit supremo “Não Deixe o Samba Morrer”, Alcione promoveu uma grande festa no Turá, exaltada pelo público que dançava e cantava fortemente os versos que consagram os 50 anos de carreira de uma das maiores artistas do país, e a atemporalidade do samba para a cultura brasileira.

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Natália Barão
Natália Barão
Jornalista, apaixonada por música, escorpiana, meio bossa nova e rock'n'roll com aquele je ne sais quoi