Gilberto Gil leva emoção e alegria ao Rio de Janeiro

gilberto gil
Foto: @RafaelStrabelli / Nação da Música

Em agosto de 2024, Gilberto Gil anunciou a realização da última turnê da carreira, nomeada “Tempo Rei”, como a canção de sua autoria lançada no disco “Raça Humana” (1984). Assim como a letra da composição, o giro pelo país celebra mais de 50 anos de carreira e contribuição à música popular brasileira.

A turnê, que começou em Salvador na Casa de Apostas Arena Fonte Nova, no dia 15 de março, passou pelo Rio de Janeiro, na Farmasi Arena, nas últimas duas semanas, com apresentações completamente esgotadas. Gil retorna ao território carioca nos dias 31 de maio e 1 de junho para mais duas apresentações. Dessa vez, na Marina da Glória.

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Porém, o foco dessa matéria é a apresentação realizada na noite de domingo (6), na Farmasi Arena, casa de shows localizada na Barra da Tijuca (RJ). Apesar da mudança de temperatura, o público marcou presença e ocupou cada espaço do local. A experiência de entrada no evento, foi tranquila e bem conduzida; não havia fila, tampouco qualquer tipo de aglomeração na revista ou na área de checagem de ingressos.

Gil é um músico que une e mescla gerações, como fica claro nas publicações em seu Instagram oficial. Por isso, no público, era possível ver famílias inteiras reunidas para testemunhar e celebrar o talento do baiano ao vivo. A apresentação, marcada para às 20h, atrasou cerca de 40 minutos, mas isso não pareceu incomodar ninguém, estavam todos vidrados e focados em um objetivo: assistir Gilberto Gil.

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Após a aparição da banda completa, formada Bem Gil (guitarra/baixo), José Gil (bateria), João Gil (guitarra/baixo), Nara Gil (voz), Mariá Pinkusfeld (voz), Diogo Gomes (sopro), Thiago Oliveira (sopro), Marlon Sete (sopro), Danilo Andrade (teclado), Leonardo Reis (percussão), Gustavo Di Dalva (percussão), Mestrinho (sanfona) e um quarteto de cordas. O cantor apareceu no palco.

A apresentação começou com “Palco”, inclusa no disco “Luar (A Gente Precisa Ver o Luar)” (1981). Gil compara o espaço de apresentações artísticas com um ambiente sagrado, com função catártica, ritualística e transformadora. E, de fato, muitas vezes cumpre o Gil quis registrar nessas letras.

Na sequência, o público ouviu “Banda Um”, presente em “Um Banda Um” (1982), disco que mistura ritmos como MPB, reggae e rock. Mais tarde, ele volta a performar outras músicas desse mesmo projeto. A apresentação conta com a projeção de imagens, animações e elementos, como fitas do Senhor do Bonfim, durante a execução das músicas.

Enquanto cantava “Tempo Rei”, por exemplo, apareciam as palavras “transcorrendo” e “transformando” e imagens de Gil criança e adolescente eram exibidas também. “Aqui e Agora”, parte de “Refavela” (1977), veio em seguida em forma de vinheta e, para lembrar à audiência, que “o melhor lugar do mundo é aqui e agora”.

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O repertório da noite também contou com a releitura de “Eu só quero um xodó”, de Dominguinhos. A inclusão da faixa, clássica musical e culturalmente, celebra tanto a versão sensível de Gil quanto celebra a carreira do cantor sanfoneiro pernambucano. Um show inteiramente nordestino, no qual não podia faltar “Eu vim da Bahia”, claro. Lançada em 1965, a música fala do Estado como espaço geográfico, sua a cultura mística e suas rodas de samba e alegria.

“Procissão”, do álbum de estreia intitulado “Louvação” (1967), já mostrava as opiniões políticas e o olhar atento de Gilberto ao povo brasileiro. “Domingo no Parque” foi divulgada no ano seguinte, 1968, mistura samba, rock e cordel de forma magistral, como apenas ele conseguiria fazer.

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Para apresentar “Cálice”, um vídeo de Chico Buarque, com quem Gil compôs a faixa, foi exibido no telão. Nele, Buarque fala sobre a recepção da obra durante o período da ditadura, ao que o público do show respondeu entoando em coro: “Sem anistia”.

“E sempre me impressionou muito a serenidade do Gil, como quem soubesse que o tempo, o Tempo Rei, lhe daria razão. Um grande abraço para você, Gil”, declara Chico no encerramento do vídeo. Enquanto cantava a música, o telão exibia imagens de repreensão e pessoas ícones da época da Ditadura, como Rubens Paiva e o jornalista Vladimir Herzog.

Back in Bahia”, escrita quando Gil retornou do exílio em Londres, fala sobre a saudade que ele sentia do seu lar e retoma o ritmo animado. “Refazenda” e “Refavela”, parte da trilogia rural, foram apresentadas em sequência e, originalmente, lançadas com apenas 2 anos de diferença, entre 1975 e 1977. Enquanto a primeira é introspectiva, a segunda reflete sobre identidade negra e ancestralidade.

Entre as últimas músicas citadas, Gil conversou com o público, relatou um pouco como foi a sua viagem à Nigéria, em 1977, para participar do 2º Festival Mundial de Arte e Cultura Negra (FESTAC 77). Mais tarde, ele tocou “Realce”, que integra trilogia rural previamente citada. 

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Antes disso, o público ouviu “Não Chore Mais”, sua versão de “No Woman, No Cry” de Bob Marley, “Extra”, “Vamos Fugir”, que contou com projeções de imagens da sua esposa, Flora Gil, no telão, e “A Novidade”, dedicada ao músico Herbert Vianna, vocalista d’Os Paralamas do Sucesso, com quem a música foi escrita em parceria e presente no evento.

“A Gente Precisa Ver o Luar” precedeu a empolgante Punk da Periferia” e “Extra II (O Rock da Segurança)” antes de começar a sessão intimista do show com “Se Eu Quiser Falar com Deus”, a belíssima “Drão”, composta para sua ex-esposa Sandra Gadelha após a separação, “Estrela”, escrita para a filha Preta Gil, e “Esotérico”.

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Perto de encerrar o show, luzes brancas foram direcionadas para dois banquinhos: é chegado o momento da participação especial do dia. Desde que a turnê “Tempo Rei” começou, o cantor recebeu Margareth Menezes, Russo Passapusso, Marisa Monte, Lulu Santos, Anitta e, nesse domingo, Caetano Veloso compartilhou o microfone com ele para cantar “Super-Homem (A Canção)”. A surpresa emocionou tanto a plateia quanto Gilberto Gil.

Em seguida, “Expresso 2222” ajudou o público a se recuperar das lágrimas para seguir em frente e também cantar “Andar com Fé”, um dos maiores sucessos da carreira dele. “Emoriô” e “Dia da Caça” reforçam a importância da cultura negra para a vida de Gil. A canção “Aquele Abraço”, que geralmente encerra os shows, foi apresentada de forma mesclada com “Funk-se Quem Puder”. No decorrer da execução desse bloco de canções, era possível ver pessoas dançando tanto na pista quanto nas arquibancadas e camarotes.

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O músico pareceu se esquecer que ainda tinha algumas canções para apresentar, chegou a se despedir do público, o que provavelmente ninguém notou, mas voltou em seguida para cantar “Esperando na Janela”, releitura de Targino Gondim, imortalizada na voz do músico baiano para a trilha sonora do filme “Eu, Tu, Eles”, dirigido por Andrucha Waddington e estrelado por Regina Casé.

A despedida ficou por conta de “Toda Menina Baiana”, uma homenagem à força, beleza e espiritualidade da mulher baiana, parte do disco “Realce” (1979). A turnê de despedida (como está sendo chamada) de Gilberto Gil reforça que o artista, apesar dos 82 anos, mostra a força e vitalidade desse músico importantíssimo para a arte e cultura brasileira.

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A turnê “Tempo Rei” está programada para passar por São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Belém, Porto Alegre, Fortaleza e Recife até novembro de 2025. Para conferir informações sobre a disponibilidade de ingressos nos locais citados, assim como no Rio de Janeiro, na Marina da Glória, acesse o site da Eventim.

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Stephanie Hora
Stephanie Hora
Jornalista, apaixonada por música, livros e cultura em geral.