No dia 31 de maio, a Netflix liberou mundialmente a minissérie “Os Olhos Que Condenam” (When They See Us), baseada no caso real que ficou conhecido como “Os Cinco de Central Park”.
Esta produção tem direção e roteiro de Ava DuVernay e tem em seu elenco uma mistura de nomes já consolidados na indústria e outros ainda em ascensão, como Ashante Blackk (primeiro papel), Jharrel Jerome (“Moonlight”), Caleel Harris (“Goosebumps 2” e “Castle Rock), Ethan Herisse (“Key and Peele”), Marquis Rodriguez (“Luke Cage” e “Punho de Ferro”), Jovan Adepo (“Um Limite Entre Nós” e “Operação Overlord”), Chris Chalk (“Gotham” e “12 Anos de Escravidão”), Freddy Miyares (“The Code”), Justin Cunningham (“Sucession”), entre outros.
Dividida em 4 episódios, a produção conta a história de 5 garotos do Harlem, sendo negros ou hispânicos, acusados injustamente de cometerem um estupro no Central Park, local icônico de Nova Iorque, sendo este marcado por ser um dos casos mais polêmicos da história dos Estados Unidos. Com isto, acompanha-se desde o início das investigações do crime, passando por interrogações feitas com os jovens, julgamento e o crescimento dos adolescentes, incluindo os impactos causados por essa situação em suas vidas, desde o sofrimento durante a condenação, até o após, refletindo diretamente no seguimento deles como indivíduos, englobando o planejamento de suas vidas e a indignação por estarem passando por isso sem ao menos saberem o que havia acontecido.
Seguindo esta premissa, o intuito segue em abordar, em tom chocante, a realidade do racismo e preconceito na sociedade, associados ao real episódio ocorrido em 1989, este que produz efeitos até os dias atuais, pelo que representou e ainda representa não só aos envolvidos, mas nas pessoas como um todo, pelas revelações e críticas nele contidas. Além de tudo, conceitos psicológicos são apresentados, como os possíveis reflexos que sentimentos como raiva, frustração e interrupção da vivência jovem podem trazer na vida da pessoa.
Sendo a série mais vista do serviço de streaming desde seu lançamento, a trilha sonora é essencial para seu teor dramático, casando com as cenas retratadas. Desta maneira, confira abaixo 4 músicas presentes:
“Microphone Fiend” – Eric B. & Rakim
Formada em 1986, a dupla composta por Eric B. e Rakim veio para revolucionar o cenário do hip hop da época, sendo um dos nomes mais marcantes da Golden Era (era de ouro do rap/hip hop). Marcados por ser o primeiro conjunto formado por DJ e MC, são considerados, até os dias atuais, uma grande influência no estilo tradicional do rap, marcado pelas batidas boom bap, evidenciando a voz do cantor e possibilitando que as mensagens sejam cada vez mais explícitas.
Em “Microphone Fiend”, lançada em 1988 e presente no álbum “Follow the Leader”, o rapper compara o vício em substâncias com sua paixão pelo microfone, por criar rimas e ser assim desde criança. Sua sonoridade é composta por scratches (habilidade de “arranhar” o disco na mesa do DJ, para fazer um som único) e, também, com samples da canção “School Boy Crush”, da Average White Band.
Desde então, mesmo após seguir carreira solo, Rakim segue sendo um dos nomes mais tradicionais do gênero, com seu flow marcante e inovador. É constantemente mencionado por artistas de renome quando perguntados quais são os melhores artistas do rap de todos os tempos.
A faixa está presente no primeiro episódio da minissérie.
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“Fight The Power” – Public Enemy
Formado por Chuck D, Keith Shocklee, Flavor Flav, Professor Griff e DJ Lord, o grupo, criado em 1986, é um dos carros chefes da história do hip hop, principalmente por utilizarem a música como forma de criticar o preconceito racial, principalmente ocorrido nos Estados Unidos. Com a sonoridade marcante da década de 80, principalmente idealizada por Run-DMC, utilizam batidas mais rápidas que o boom bap, com o instrumental mais presente.
“Fight The Power” é uma canção marcante até os dias atuais, servindo como ícone de protesto desde sua criação. Sua criação foi pedida pelo diretor Spike Lee, que na época estava dirigindo “Faça a Coisa Certa”, filme que relata as tenções raciais presentes no Brooklin. Com isto, os membros do Public Enemy lançaram a faixa com um teor forte e marcante, evidenciando o racismo e busca por direitos civis, utilizando-se de referências icônicas como James Brown, Marthin Luther King e diversas outras presentes na cultura afro-americana. Foi produzida pela “The Bomb Squad” e lançada em 1989, tendo duas versões, sendo uma da trilha sonora do longa e outra posteriormente divulgada no álbum “Fear of a Black Planet”, em 1990.
A música é diretamente relacionada à história presente na minissérie, que aborda tantas injustiças e preconceitos. Está presente em seu primeiro episódio.
Versão do filme “Faça a Coisa Certa”:
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Versão de “Fear of a Black Planet”:
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“U Don’t Know” – Jay-Z
Um dos artistas de rap mais bem sucedidos de todos os tempos, tanto financeiramente quanto musicalmente, Jay-z começou sua carreira no final dos anos 80, mas despontou em meados de 96 com seu álbum “Reasonable Doubt”, marcado pela participação de Notorious BIG. Com flow marcante e batidas icônicas, lançou e participou de inúmeros sucessos, executando parcerias com grandes nomes do gênero, enxergado como modelo pelos rappers posteriores a ele. Também utilizou sua influência para negócios, sendo dono do serviço de streaming Tidal e dono de uma parte da franquia Brooklyn Nets, da NBA. Com Beyoncé, forma o casal que, para muitos, é o mais poderoso do mundo da música.
Lançada em 2001, “U Don’t Know” está presente em seu sexto álbum de estúdio, intitulado “The Blueprint”. Produzida por Just Blaze, produtor musical que já trabalhou com diversos nomes do rap, a canção tem em sua letra uma espécia de biografia cantada pelo rapper, que conta de onde veio, as dificuldades passadas por ele e como ele cresceu e, na época, estava fazendo muito sucesso, sendo prodígio e valioso, dizendo na letra que “Nunca perderá”, em tom enfático.
A faixa está presente no terceiro episódio do programa, no momento em que um dos garotos acaba terminando de cumprir sua pena e tenta recomeçar sua vida.
Por direitos do cantor, a música está presente no Tidal.
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“Picture Me Rollin’” – Nipsey Hussle (feat. Overdoz)
Nipsey Hustle foi um rapper conhecido por seu grande trabalho social. Sempre presente em comunidades, buscava dar melhores condições e exemplos de vida à jovens negros, barrando o envolvimento em situações que poderiam ser prejudiciais a eles. Musicalmente, o cantor lançou seu primeiro disco de estúdio em 2018, após diversas mixtapes. Sua carreira foi interrompida prematuramente, sendo executado em março deste ano, levando diversos tiros. Sua morte foi sentida pelos artistas e grandes atletas afrodescendentes que reconheciam a importância de seu trabalho.
“Picture Me Rollin'” foi lançada em 2016 e está presente “Slauson Boy 2”. A canção é marcada por uma letra que evidencia diversas maneiras de como o cantor se sente, evidenciando uma crítica a violência policial contra negros. Sua sonoridade vem com batidas clássicas do rap atual, mais espaçadas e com leves toques de trap, com frases curtas e algumas pausas, além de alguns efeitos sonoros diversos de fundo, ressaltando a mensagem que o artista deseja passar. Ainda, conta com um refrão mais melódico nas vozes de Overdoz.
A faixa está presente no último episódio da minissérie, sendo a primeira dos créditos.
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Caso você não tenha conhecimento da minissérie e quer conhecer um pouco mais, é possível conferir o trailer legendado logo no final da notícia!
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