Entrevistamos Charlie Starr, do Blackberry Smoke, sobre o álbum “Be Right Here”

Blackberry Smoke Press Photo
Créditos: Andy Snapp

O lançamento do álbum “Be Right Here”, em fevereiro deste ano, marcou uma nova fase para o Blackberry Smoke. Não apenas por ser o oitavo trabalho da banda norte-americana, dois anos após o último “You Hear Georgia”, mas também por ter sido o último disco com a participação do baterista Brit Turner, que faleceu em março.

Apesar do triste acontecimento para a história do grupo, o disco pode ser considerado essencialmente otimista: desde as letras que propõem reflexões sobre nossas escolhas de vida, até as melodias, que adicionam certas referências country ao southern rock característico do Blackberry Smoke, podendo remeter ao início da carreira do grupo em meados dos anos 2000.

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A Nação da Música conversou com Charlie Starr, vocalista da banda, sobre o que o novo disco “Be Right Here” representa na carreira do Blackberry Smoke, a possibilidade da vinda para a América do Sul, e lembranças do baterista Brit Turner.

Entrevista por Natália Barão
————————————– Leia a entrevista na íntegra:
Olá, Charlie! Como você está?
Charlie Starr: Olá! Estou bem, e você?

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Tudo bem também! Onde você está?
Charlie Starr: Estou em casa, em Atlanta, Georgia.

E como está o tempo por aí?
Charlie Starr: Está quente!

Aqui no Brasil também, parece até que estamos no verão apesar de hoje também estar fresco. O tempo aqui é bem doido (risos).
Charlie Starr: Aqui também (risos).

Vamos começar nossa conversa?
Charlie Starr: Claro.

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Em fevereiro deste ano, vocês lançaram seu oitavo álbum “Be Right Here”. Antes de mais nada, como você sentiu a recepção do público?
Charlie Starr: Foi ótima, pelo menos aqui nos Estados Unidos. Eu não sei muito bem como isso funciona, mas alcançou o primeiro lugar em três charts diferentes; isso é muito louco, porque você nunca sabe o que vai acontecer. O mais importante pra mim é os fãs gostarem, e eles gostaram das músicas e querem cantá-las nos shows. Então isso é bom.

Você sentiu que eles já têm alguma favorita?
Charlie Starr: Hm, têm várias. Acho que as pessoas pareceram gostar bastante de “Azalea” e de outra chamada “Whatcha Know Good”. Então acho que essas duas parecem ser as favoritas, mas eu posso estar errado (risos), não sei.

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É o seu feeling!
Charlie Starr: Sim, parece ser o caso.

Ouvindo o álbum, eu notei que as músicas têm letras que abordam temas mais otimistas, focando num jeito mais leve de ver a vida. Eu vi que o disco foi gravado no final de 2022 e começo de 2023, quando a pandemia basicamente havia sido encerrada; diferentemente do anterior “You Hear Georgia”, que foi gravado durante o período mais intenso deste período. Essas temáticas mais otimistas podem ser uma forma de celebrar o fim da pandemia?
Charlie Starr: Talvez. Definitivamente não foi algo que eu planejei para essas músicas, mas talvez tenha acontecido naturalmente com o fim da pandemia.

Levando em conta essa abordagem mais leve e otimista (pelo menos na minha percepção), qual você acha que foi o seu maior aprendizado durante a composição desse álbum?
Charlie Starr: Não sei, essa é uma pergunta difícil. O processo de composição das músicas é sempre muito interessante pra mim, especialmente com o passar do tempo, porque você continua pensando nas coisas de um jeito diferente, e não tem como ficar escrevendo a mesma música. É preciso estar antenado e se informar à medida que as coisas acontecem.

Alguma faixa foi mais significativa para você compor?
Charlie Starr: Não sei se teve uma mais significativa, mas lembro que escrever “Azalea” com meu grande amigo Travis Meadows foi um momento especial. Às vezes compor músicas é um trabalho, e às vezes não é. Às vezes vem muito fácil e dá tudo certo, e essa meio que caiu como uma luva. Nós dois, Travis e eu, ficamos tipo “é isso, né? sim, é isso. fim”. É muito proveitoso quando isso acontece, quando não é algo forçado, mas sim orgânico e natural. Eu me lembro de rirmos quando terminamos de compor essa música e ficar tipo “vamos fazer isso de novo!”.

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Já que você mencionou esse momento feliz durante o processo de composição, falando sobre sonoridade, “Be Right Here” tem o som tipicamente rock com referências blues do Blackberry Smoke, mas algo que chamou minha atenção foi como o clipe de “Little Bit Crazy” pareceu bem divertido com as backing vocals. Gostei muito dessa música porque ela soou ainda um pouco gospel, pensando nos corais de igreja. Como rolou o convite para essas cantoras participarem da faixa?
Charlie Starr: Nós começamos a gravar esse álbum há uns dois anos atrás. No nosso disco “Find A Light” especificamente, como você disse, tinha uma música que eu achei que precisava de um toque gospel. Aí perguntei pro Tom Tapley, que era técnico no estúdio, se ele conhecia cantores gospel, e ele chamou a Sherie Sherita. Eu não fazia ideia que elas eram gêmeas até entrarem no estúdio porque elas são muito parecidas (risos). Elas são incríveis, esse é o terceiro álbum nosso que elas participam e isso já é muito natural. Elas foram com a gente na nossa turnê de verão há dois anos e todas as noites foram incríveis, eu amei.

Como elas se chamam?
Charlie Starr: Sherie e Sherita Murphy.

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Ok, anotado! Elas também participaram de “Barefoot Angel”, certo?
Charlie Starr: Sim.

Eu achei que eram elas! Gostei muito dessas duas faixas. E ainda falando sobre sonoridade, o southern rock de vocês também tem algumas referências country, como no começo da carreira do Blackberry Smoke, quando o álbum de vocês “Bad Luck Ain’t No Crying” ficou na primeira posição do ranking de álbuns country da Billboard. Agora, algumas décadas depois, como você vê o atual momento da cena country na indústria, ainda mais pensando no recente “COWBOY CARTER”, da Beyoncé?
Charlie Starr: Hm, não sei. Isso é muito confuso pra mim porque sempre fico pensando que nós somos uma banda de rock, como as pessoas acham que fazemos música country? (risos).

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Então, pessoalmente eu não considero o som de vocês como country, mas sinto que há algumas referências.
Charlie Starr: Sim, eu entendo, é compreensível. À medida que o tempo passa, as coisas se confundem cada vez mais como gêneros musicais. Às vezes nós tocamos algumas músicas mais tradicionais do country, assim como os Rolling Stones, por exemplo, com “Faraway Eyes” e “Sweet Virginia”. Acho que tudo que você queira fazer é justo.

Quais foram suas referências musicais para esse álbum?
Charlie Starr: Acho que basicamente tudo que eu gosto desde que eu era criança: de Stones a Led Zeppelin, até Hank Williams e Bill Monroe, Bob Marley e Peter Tosh; até um pouco de jazz, Steve Earle, Townes Van Zandt. Tudo junto e misturado.

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Você tem ouvido algum artista ou banda nova recentemente?
Charlie Starr: Sim! Eu adoro Sturgill Simpson; Colter Wall; Jason Isbell; Chris Stapleton; Marcus King (que é incrível e um grande amigo); Tyler Bryant and The Shakedown (que é uma ótima banda de rock’n’roll); Dirty Honey (também uma ótima banda de rock)… tem muita música nova ótima.

Concordo! Eu vi que em março o baterista do Blackberry Smoke, Brit Turner, faleceu; primeiramente, meus sentimentos. Se você se sentir confortável para responder, gostaria de saber qual faixa desse álbum é mais a cara do Brit e por que.
Charlie Starr: Primeiramente, obrigado pelas palavras! Acho que todas elas na verdade. Me deixa muito feliz que ele tenha tocado tão bem nesse álbum; acho que foi a melhor vez que ele tocou bateria, não sei explicar por que. Nós não sabíamos ainda que ele estava doente, mas ele fez um trabalho fantástico e que está aí para todos verem. É algo muito especial porque quando eu ouço esse disco, eu consigo vê-lo na minha mente. Vou sentir muito a falta dele, assim como todos nós, os familiares e fãs. Ele é maior que a vida.

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Sim, eu imagino! Sinto muito por isso. E, se você ainda se sentir confortável em responder essa pergunta, há alguma memória especial que você se lembre do Brit durante as gravações desse álbum?
Charlie Starr: Não sei… eu consigo vê-lo agora rindo com a gente, porque ele era a pessoa mais engraçada que eu já conheci; estávamos sempre rindo. Mas eu lembro dele ficar muito animado com “Barefoot Angel”, Essa foi a última música que gravamos e foi muito legal porque quando começamos a tocá-la, ele tocou como nunca havia tocado antes, e essa música nunca havia sido ensaiada nem nada. Lembro dele ficar muito animado com isso, tipo “eu amei pra caralho essa!”. É uma boa lembrança que eu tenho dele.

Muito legal ouvir isso! E para 2024, o que mais podemos esperar da era “Be Right Here”?
Charlie Starr: Bem, vamos fazer muitas turnês, o que é ótimo, e levar o disco ao vivo para as pessoas; com sorte em breve para a América do Sul.

Era minha próxima pergunta, inclusive (risos)! Podemos esperar essa turnê no Brasil, então?
Charlie Starr: Eu espero que sim, vamos cruzar os dedos!

Acho que a última vez que vocês estiveram aqui foi em 2019, certo? Você tem alguma lembrança do nosso país?
Charlie Starr: Meu Deus, foi fantástico. Nunca vou esquecer de como o público cantava alto!

Sim, somos famosos por isso (risos)! Bem Charlie, muito obrigada pelo seu tempo! Adorei a nossa conversa assim como adorei o álbum!
Charlie Starr: Obrigado você! Espero vê-la em breve!

Sim, por favor! Quando vocês vierem pro Brasil vamos nos falar de novo!
Charlie Starr: Com certeza!

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Natália Barão
Natália Barão
Jornalista, apaixonada por música, escorpiana, meio bossa nova e rock'n'roll com aquele je ne sais quoi