Entrevistamos Gavin James sobre shows no Brasil e novo álbum

Gavin James por Ryan Jafarzadeh
Foto: Ryan Jafarzadeh

Quando Gavin James esteve no Brasil pela última vez em 2017, teve uma passagem muito marcante. Não só por conta dos shows que fez no país, mas também porque, graças à novela “Pega Pega”, da Rede Globo, a música “Nervous” deixou o cantor tão em alta a ponto de lhe render uma participação na novela.

Passados alguns anos, álbuns e outros singles que integraram a trilha sonora das novelas brasileiras, incluindo a recente “Eyes Wide Open” de “Terra e Paixão”, o artista volta ao Brasil agora em 2024, para quatro shows em São Paulo nos dias 06 e 07 de março, sendo duas apresentações por dia, no Bar Alto (Rua Aspicuelta, 194 – Pinheiros).

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A Nação da Música conversou com Gavin James sobre a leva de shows no Brasil e suas expectativas para voltar ao nosso país, além dos singles “White Noise” e “Afterlife”, próximos lançamentos e o conceito de seu quarto álbum.

Entrevista por Natália Barão
————————————– Leia a entrevista na íntegra:
Oi, Gavin! Como você está?
Gavin James: Olá, Natália! Estou bem, e você?

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Tudo bem também! Podemos começar?
Gavin James: Sim, claro!

Bem, eu vi que você vai vir ao Brasil no começo de março para fazer quatro shows aqui em São Paulo. Então, antes de tudo, como você está se sentindo em voltar ao nosso país?
Gavin James: Estou travado de tanta ansiedade para voltar. Acho que a última vez que eu estive aqui de verdade foi em 2019, então estou muito animado para voltar porque faz muito tempo que não tomo umas caipirinhas (risos). Quero curtir bastante, estou bem animado! Vou entrar em turnê agora em fevereiro na Europa, mas quero completar esse ciclo no Brasil com os quatro shows no Bar Alto. Vai ser muito divertido!

Como você disse, você vai fazer quatro shows, sendo dois por dia, no Bar Alto, aqui em São Paulo (que é bem perto do meu trabalho), que serão mais intimistas do que se fossem numa casa de shows, por exemplo. Como surgiu a ideia desse formato para os shows?
Gavin James: Então te vejo nos quatro shows! (risos). Bem, eu tenho feito alguns shows na Europa, alguns na Irlanda e apresentado grandes shows em festivais. Não estive em turnê por um tempo obviamente porque 2020 aconteceu, e aí veio 2021, 2022 e então 2023. Como eu só tinha feito alguns poucos shows, quis voltar e fazer algo que fosse mais eu mesmo, meio que solo, com uma guitarra, mais minimalista e intimista. A ideia era voltar a esses lugares e fazer algo menor, pra depois voltar com uma banda completa e um show grandioso, ainda esse ano ou no começo do ano que vem. Adoro fazer os shows sozinhos também, é muito divertido porque eu fico nervoso e nunca sei o que vou dizer, então sempre falo a coisa mais idiota possível (risos). Mas estou bem animado pra fazer isso.

Acho que esse é um jeito legal de fazer shows porque te deixa mais próximo do público, né?
Gavin James: Sim, dá pra ver e falar todo mundo, saber os nomes de todos que estão ali e conhecê-los no final. Esse é um bom jeito de eu voltar pro Brasil e poder dizer “oi, pessoal, bom ver vocês!” ao invés de fazer isso em qualquer outro lugar. Assim eu realmente vou poder ver vocês. Estou muito, muito animado, vai ser bem legal!

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Com certeza! Antes da nossa conversa, eu vi no seu Instagram que você vai começar uma turnê na Europa e ofereceu quatro datas para alguns artistas irlandeses poderem participar. Existe algum artista brasileiro para quem você ofereceria uma data ou um lugar no palco junto de você?
Gavin James: Eu só conheci alguns dos artistas brasileiros mais populares. Eu conheci as meninas da Anavitória, o Vitor Kley… achei eles ótimos, são os tipos que eu conheci quando estive aí da última vez e adorei a música deles. Sempre escuto Anavitória em casa, porque acho a combinação das vozes delas incrível; tenho certeza que você também acha. Mas obviamente elas são muito famosas aí no Brasil; preciso encontrar novos artistas. Quando eu estiver aí, eu adoraria encontrar alguns que ainda não tocaram tanto assim. Mas não tenho ideia, então se você tiver alguém em mente, depois da entrevista você pode me mandar alguns nomes para eu escutar.

Até o final da nossa entrevista vou pensar em alguém. Eu pensei no Jão, que é um grande fenômeno por aqui, mas não está mais no começo da carreira. Você já ouviu falar nele?
Gavin James: Ah sim, acho que eu já ouvi esse nome antes! Sempre que eu vou pro Brasil acabo conhecendo esses artistas e fico muito impressionado pelo quão bom eles são. Acho que recentemente a Anavitória tocou aqui na Irlanda, mas eu acabei perdendo o show e fiquei super chateado. Queria muito ter visto elas, mas acabou que eu não estava aqui; acho até que o agente delas entrou em contato comigo pra perguntar se eu queria ir no show, e eu fiquei tipo “porra, queria muito vê-las, mas hoje não posso”. Atualmente têm muitos brasileiros vivendo na Irlanda, o que é incrível, porque é quase como estar no Brasil, mas não é tão quente e a caipirinha não é tão boa (risos). Mas se você tiver qualquer nome em mente, me fale que eu vou tentar colocar alguém no meu show, mesmo que sejam os que ainda estiverem por vir.

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Hm, estou pensando aqui… acho que tem uma cantora que talvez você vai gostar do som dela. Ela se chama Lou Garcia.
Gavin James: Lou Garcia. Deixa eu escrever aqui no meu laptop pra procurar e ouvir mais tarde.

Acho que talvez você vá gostar dela. Ela é uma cantora meio pop, meio indie, muito querida e muito jovem; tem vinte e poucos anos.
Gavin James: Que legal! Vou escutá-la depois. Definitivamente preciso encontrar alguém para tocar comigo na próxima vez que eu for ao Brasil.

Vou pensar em artistas brasileiros que você possa ouvir…
Gavin James: Sim, por favor, porque eu não tenho ideia! Você é a pessoa perfeita para eu pedir isso. E se quiser saber de algum artista irlandês também, conheço milhares para te indicar também.

Sim, com certeza! Estou sempre aberta a novos artistas também! Até o final da entrevista você pode me dizer alguns.
Gavin James: Sim, será ótimo!

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Acho que talvez você saiba que uma das grandes marcas do Brasil são as nossas novelas, até porque você está em todas! Eu vi que têm vários singles seus que estiveram na trilha sonora das novelas brasileiras. Você já conhecia essa parte da nossa cultura?
Gavin James: Da primeira vez que eu vim ao Brasil, fui ao Rio de Janeiro e uma das minhas músicas, chamada “Nervous”, estava na novela “Pega Pega”, e eu fiquei tipo “legal, minha música está num programa de TV”; já tive músicas que tocaram uma vez em programas de TV. Eu nunca tinha estado no Brasil antes, então achei isso muito legal. Mas depois que eu voltei pra casa, vi que a música estava em primeiro lugar no iTunes e que era constantemente tocada nas rádios, então fiquei tipo “por que isso está acontecendo?”. Daí entendi que a música era tocada o tempo todo na novela, e eu não fazia ideia de que se você tiver uma música numa novela, ela toca praticamente em todo episódio. Fiquei extremamente animado e achei uma loucura que ela continuava sendo tocada. Porque se você pegar em qualquer lugar do mundo, quando uma música toca num programa, é só uma vez, e você fica tipo “legal, vou fazer um post sobre isso”; mas no Brasil é incrível porque me permite ir outras vezes, fazer várias coisas, conhecer muitas pessoas diferentes e fazer muitos shows, inclusive agora que eu vou voltar em março. Com certeza isso abriu várias portas pra mim, o que é incrível, porque as pessoas puderam ouvir a minha música, que é o principal, e eu pude até atuar – o que me deixou cagando de medo, mas deu tudo certo (risos).

Sim, eu ia te perguntar exatamente sobre a sua participação em “Pega Pega”, que já faz alguns anos. Os músicos normalmente encaram essa experiência de atuação nos videoclipes, mas como foi pra você atuar numa novela?
Gavin James: Todo mundo foi muito legal. Acho que na primeira vez que eu fiz a cena, tinha que cantar “Nervous” na piscina, e estava bem com isso, mas quando eu tive que dizer algo como “Luíza, essa é pra você”, eu fiquei muito nervoso e pensei “que merda, não sei como dizer isso, não sei atuar” (risos). Mas na segunda vez foi mais fácil porque eu estava só fazendo um show, fingindo estar tocando no palco, então não foi tão ruim assim (risos). Deu tudo certo, mas na primeira vez eu estava bem nervoso porque nada ali era natural pra mim. Se eu tiver que atuar, eu vou, mas até nos videoclipes, a coisa mais difícil pra mim sempre é andar, que é algo que eu acabo esquecendo como fazer naturalmente. Mas é divertido, e essa foi uma ótima experiência e que eu adoraria fazer de novo.

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Quem sabe o futuro, não é mesmo? (risos)
Gavin James: Quem sabe? Eu estarei aí em março, então se surgirem alguns trabalhos de atuação, é só me falar… (risos).

Ainda falando de novelas, eu sou muito fã, e vi que você foi convidado para compor a música “Eyes Wide Open”, que fez parte de uma das nossas novelas mais recentes, “Terra e Paixão”, e que parte dela foi gravada aqui no Brasil, certo? Como surgiu esse convite e como se deu esse processo de gravação?
Gavin James: O que aconteceu foi que me mandaram a ideia para uma música, com um verso já começado, e eu basicamente gravei um áudio no meu celular mesmo, como uma demo. Então eu vim com o refrão e baguncei um pouco as coisas (risos), mas daí gravei a música propriamente. Eu lembro de enviar o áudio de mim cantando o refrão na demo, acho que umas 9h da manhã, então a minha voz não estava das melhores (risos), e em seguida eles já mandaram uma produção em cima disso, e fiquei tipo “uau, que rápido”, porque foram só algumas horas depois. Aí eu fui gravar a música propriamente em Dublin e foi algo muito divertido de se trabalhar, ainda mais com essas pessoas que eu nem estava no Brasil; me mandaram um verso e eu dei uma mudada no refrão, colocando um novo, porque achava que essa parte tinha que ter um grande destaque e ser bem emocionante pra ter a minha cara. Foi um processo muito rápido, foi tipo uma segunda-feira que me falaram “quer dar uma olhada nessa música?”, eu falei “claro, vou ver se posso escrever algo”, e quando eu compus já estava terminada tipo, na sexta-feira, já tocando na TV, foi loucura.

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Como você estava dizendo antes, acho que é muito legal para os artistas ter uma música na trilha sonora das novelas, justamente porque toca várias vezes, sendo o tema de algum personagem, e gerando identificação nas pessoas.
Gavin James: Sim, exatamente. Eu estava no meu Instagram e vi acho que o último episódio, que um cara cantou uma versão de “Eyes Wide Open” num bar, e achei o máximo. Os personagens estavam muito ligados à minha música, achei engraçado ver acho que no primeiro episódio, toda vez que eles se olhavam eu cantava “hooo hooo” (risos). Obviamente eu não sei falar português muito bem, mas achei muito legal assistir e me ouvir ali, com a minha música, para que várias outras pessoas também pudessem ouvir na novela.

Posso imaginar. falando sobre música nova, no final de 2023 você lançou o single “White Noise”, e acho que há algumas semanas atrás a nova “Afterlife”. O que você pode me dizer sobre essas duas músicas? O que elas adiantam da sua nova era?
Gavin James: Acho que “White Noise” era uma música que eu queria lançar logo, porque fazia tempo que eu não lançava uma música mais feliz, e queria lançar algo mais feliz e divertida de se tocar ao vivo. Eu e meu amigo Oli Green escrevemos essa música, e quando estava pronta eu só queria lançar, porque tenho guardado um pouco músicas, e essa é mais uma paródia. “Afterlife” eu lancei no começo de janeiro e é mais o começo de verdade do que vai ser o meu novo álbum. “White Noise” vai estar no álbum também, mas “Afterlife” é o início do material que nós construímos. Eu tenho o plano de lançar mais duas novas músicas em fevereiro também, e depois lançar cada uma das outras, vai ser divertido.

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Como exatamente “Afterlife” traz o começo do seu novo álbum?
Gavin James: Acho que é pelo som, que é mais simples. Eu gravei basicamente numa cabana em meio à floresta e montanhas da Irlanda, e depois todo o restante no estúdio, mas meio que retoma minhas raízes da época em que eu comecei, quando tinha 21 anos. É um som mais simples e acústico, bem minimalista. Eu só tinha um violão, um pouco de piano pra incrementar, e o sentido dessa música, que foi quando eu estava sentado no telhado com a minha namorada, vendo uma maré se aproximando no fim do mundo, para eu acordar de manhã e ver que foi apenas um sonho, estava tudo certo. Essa música fala sobre tudo que vem depois das coisas que construímos. E esse é meu amigo Keith.

Oi, Keith!
Gavin James: O Keith vem comigo pro Brasil também!
Keith: Sim, mal posso esperar!

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Ah, que ótimo!
Gavin James: Essa é a Natália.
Keith: Oi, Natália, como você está?

Estou bem, e você?
Keith: Estou bem também!
Gavin James: E esse é o tanto de equipamento que eu vou levar pro Brasil comigo. Não é muita coisa, acho que vou levar um pouco mais…

Mais para o restante da banda?
Gavin James: Não, vou ser só eu e o Keith basicamente. Ele é meu gerente de turnê, muito bom em cuidar disso Nós nos conhecemos há uns 84 anos, é fantástico (risos). Mas seremos só nós dois, para ser algo mais solo nesses quatro shows, que é o que eu fazia quando estava começando.

Como você estava dizendo, a inspiração para “Afterlife” nesse sentimento de gratidão e aproveitar as pequenas coisas da vida, tem, assim como “White Noise”, são músicas mais diferentes das suas outras, que são mais tristes (e que eu adoro inclusive, porque sou muito uma sad girl song).
Gavin James: Eu também sou, pra ser sincero (risos). Adoro uma música triste, tenho uma que vou lançar em março que acho que é a mais triste que eu já escrevi. Mas acho que tudo vem do verdadeiro lugar onde eu estou agora no meu relacionamento de 7 anos que é maravilhoso. Tudo que eu tenho escrito agora, particularmente essa que vai ser lançada em março (que eu não posso falar mais nada até sair), é sobre viver a vida pra frente com isso que você disse de gratidão e tudo mais. Os próximos meses serão interessantes com esses lançamentos.

Essa vai ser a vibe do seu quarto álbum, então?
Gavin James: Sim, definitivamente! Quando a música triste sair talvez mude um pouco, mas vamos ver.

Sobre os dois singles que sairão em fevereiro, o que você pode me falar?
Gavin James: Em fevereiro vai ter o Valentine’s Day no dia 14, então tive a ideia de escrever duas músicas: uma é bem felizinha, pra quem está alegre; e a outra é super triste, mais para as pessoas solteiras. São músicas para dois tipos de pessoas: as que odeiam o Valentine’s Day e as que amam totalmente. Uma vai ser lançada uma semana antes e a outra no próprio Valentine’s Day.

E o álbum? Quando vai sair?
Gavin James: Estou considerando… provavelmente em janeiro ou fevereiro do ano que vem, talvez no Natal. Ainda não sei, mas uma vez que essas músicas forem lançadas, vou ter uma ideia melhor de quando o álbum vai sair.

Mal posso esperar! Para encerrar a nossa conversa, quais são as suas expectativas para os shows aqui no Brasil, e o que podemos esperar de Gavin James em 2024?
Gavin James: Sobre os shows no Brasil, estou muito animado, porque não faço dois shows por dia há muito tempo, vou ficar completamente destruído (risos) mas vai ser divertido! Sempre me diverti absurdamente tocando aí porque as pessoas cantam todas as músicas, é insano. E vão ter várias músicas novas só comigo cantando no palco, já que os shows serão bem intimistas. Acho que vai ter muita interação com o público, eles vão poder me perguntar o que quiserem, podem gritar pra mim “toca tal música!” e eu vou dizer “claro, vamos lá”. E pra 2024, estou planejando lançar uma música a cada mês. Esse é o meu plano inicial pra esse ano, lançar meio que uma música a cada um ou dois meses. Tenho muita coisa pra lançar e planejo 100% voltar ao Brasil antes do final do ano para fazer mais shows.

Venha mesmo! Gavin, muito obrigada pela nossa conversa, adorei falar com você! Estou ansiosa pelos próximos lançamentos e espero te ver nos shows!
Gavin James: Obrigado você, Natália! E sim, você está ali perto, né? Espero te ver agora, senão, na próxima vez!

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Natália Barão
Natália Barão
Jornalista, apaixonada por música, escorpiana, meio bossa nova e rock'n'roll com aquele je ne sais quoi