Resenha: “AURORA” – Daisy Jones & The Six (2023)

Daisy Jones & The Six
Créditos: Reprodução/IMDB

Numa manhã de março do ano de 2019, a escritora Taylor Jenkins Reid lançava ao mundo o que talvez fosse o seu romance mais ambicioso. Um livro de ficção que flerta com os elementos da não-ficção, contando a história da banda de rock mais famosa dos anos 70, que se separou abruptamente após o maior show de sua carreira. Quarenta anos depois, os integrantes decidem revelar os detalhes por trás do término mais emblemático de todos os tempos. Estamos falando de Fleetwood Mac? Ou de Daisy Jones & The Six?

Qual será a surpresa dos leitores ao descobrir que Daisy Jones & The Six nunca existiu, muito menos suas canções? Isto é, até março de 2023, quando a produtora Hello Sunshine estreou a adaptação da obra na Amazon Prime Video, junto ao querido disco “AURORA”.

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Da ficção para a realidade, “AURORA” traz grande influência da sua maior inspiração no mundo real: “Rumours” (1977) da banda Fleetwood Mac, possivelmente o mais tumultuoso dos anos 70, uma catarse de discórdias e traumas que se tornou o maior de sua carreira – e acarretou a separação da banda.

Daisy Jones & The Six
Foto: Capa do álbum/Spotify

“AURORA” começa com uma música de amor homônima, no qual o eu-lírico se declara constantemente para a pessoa amada: “Você é meu sol da manhã”. Mas, ao mesmo tempo, ele sente a necessidade de reafirmar a sua presença para essa pessoa e assegurar que não vai cometer o mesmo erro duas vezes: “Aurora, estou aqui e não vou desaparecer de novo / Quão cedo você pode chegar?”. A música transita entre os momentos de declaração e reafirmação, e a letra repetitiva reforça a mensagem. “Aurora” é uma boa introdução ao disco, pois não deixa em xeque o que está por vir, mas solta algumas dicas da essência do álbum: conflitos.

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A sequência “Let Me Down Easy” já embarca em contraponto à abertura do disco. Enquanto em “Aurora” os dois vocalistas entoam em uníssono, nesta faixa cada um expõe sua singularidade ao cantar sobre uma relação fadada ao fracasso. Mas, se é para acabar, que seja fácil. 

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À medida que se aprofunda o álbum, maior fica a tensão incrustada nas letras. No caso de “Kill You To Try”, tudo na música aponta para um conflito entre duas pessoas, desde a sonoridade, com presença quase única dos tom-tons da bateria, dando um tom quase grave à canção, até a letra, com os vocalistas se sobrepondo em vários momentos, remetendo a uma discussão.

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Nesse momento temos uma quebra no disco. Em oposição à “Kill You To Try”, que exala uma agitação reprimida, “Two Against Three” exala calma e solidão. Nela, o eu-lírico de Riley Keough se encontra sozinho, acompanhado apenas pelo violão, cantando sobre a angústia de querer um amor que não se pode ter. Enquanto na faixa anterior os vocalistas se fazem ouvir, quase gritando, nesta Riley canta suavemente, quase sussurrando.

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E para acalmar o coração, uma música de amor. “Look At Us Now”, que na ficção uniu os integrantes da banda para a composição de “AURORA”, começa com uma melodia no violão, com o eu lírico de Sam Claffin – vulgo Billy Dunne – cantando promessas. Logo Riley Keough se junta incorporando o eu para quem Claffin declarou suas esperanças, que expressa dúvida diante destas palavras, enquanto os instrumentos restantes se introduzem na canção, crescendo à medida que o fim se aproxima. A guitarra elétrica assume seu grande papel junto aos vocais, ganhando um solo antes da ponte.

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Talvez a música que mais invoca o espírito dos anos 70 seja “Regret Me”. Distanciando-se do soft rock, a faixa surgiu num momento de raiva e agitação de Daisy Jones, e não há momento melhor para falar sobre arrependimentos. Como já dito antes, a essência do disco se trata de conflitos, e é disto que a canção se apropria: de um conflito. Dessa vez, os dois vocalistas voltam a cantar em uníssono, pois os dois concordam em uma coisa: se arrepender um do outro. Com exceção de um verso de Riley: “Vá em frente e se arrependa de mim / Mas eu estou te ultrapassando nisso.

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“You Were Gone” é mais uma virada no projeto, voltando para o soft rock com uma letra sobre a resignação do depois de um fim.

Mas essa virada não dura muito, voltando para onde “Regret Me” termina com mais um solo de Riley Keough, cantando sobre Daisy Jones vista pelas lentes de outra pessoa. “More Fun To Miss” chega com uma letra autodepreciativa, e a sonoridade casa com seu significado ao entoar a revolta e deboche da composição e de quem a canta.

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E finalmente temos um solo de Sam Claffin com a faixa mais dissonante de “AURORA”, “Please”. Nela, o eu lírico expressa seus pensamentos mais perturbadores em relação à sua falta de controle em relação a um desejo proibido. Dessa vez o teclado musical é o protagonista da canção, diferentemente das outras músicas que alternam o destaque entre o violão e a guitarra elétrica.

“The River” é talvez a música mais Fleetwood Mac de todo o disco, e também a mais metafórica. Com uma pegada mais rock, o conflito se aproxima do seu fim. Apesar do refrão da faixa ser formado por questionamentos, no final há aceitação. Riley Keough se destaca por seus vocais rasgados e crus, com Claffin em conjunto.

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Depois do fim, restam-se as ruínas. Os dois eu-líricos de “AURORA” se tornam um ao lamentar pelo que não foi e pelo que se foi em “No Words”. Tudo já foi dito – ou cantado – e não restam mais palavras para dizer o que não foi dito: a confissão.

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E chegamos ao fim do disco. Apesar da clara referência a “Rumours” (1977) em canções como “Look At Us Now (Honeycomb)” e “The River”, o álbum de Daisy Jones & The Six não evoca o rock ‘n’ roll da década de 70, e nem deveria. Mais que isso, “AURORA” mostra que é possível referenciar o clássico e inovar o gênero que se perde em meio às tendências pop atuais.

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RESUMO DA RESENHA
"Aurora" - Daisy Jones & The Six
Estudante de jornalismo e bibliófila que respira músicas.
resenhaaurora-daisy-jones-the-sixCom inspiração em um dos discos mais emblemáticos do rock de 1970, "AURORA" de Daisy Jones and The Six mostra o potencial de olhar para o passado e renovar as raízes do rock no século XXI.