Dona de uma voz doce e um som fluído entre a mpb, indie, folk e pop, Tiê é um dos principais nomes da música brasileira na atualidade. A paulista que começou a carreira como backing vocal do Toquinho já tem mais de uma década de estrada, quatro álbuns de estúdio e é presença constante em trilhas sonoras de novelas.
A cantora vai se apresentar pela primeira vez no festival Lollapalooza Brasil 2018, sendo um dos principais nomes femininos em um line up predominantemente masculino. Na véspera de seu aniversário, Tiê conversou com o Nação da Música sobre sua relação com o Luan Santana, as preparações para o show no Lolla e também sobre a morte da vereadora Marielle Franco.
Entrevista feita por Gabriela Cavalheiro.
————————————————————————————————————— Leia na íntegra
Oi, Tiê! Muito obrigada por conversar com a gente do Nação da Música.
Tiê: Imagina, obrigada vocês pelo convite.
Em primeiro lugar: o teu aniversário é amanhã, não é? Quais são os planos pra comemorar a data?
Tiê: Isso. Eu vou fazer um painel, uma palestra no WME, que é uma conferência de mulheres com música, é muito legal. E depois, vou comemorar com a minha família e alguns amigos.
Que legal! Parece ótimo. Sobre o Lollapalooza, eu li que você fez uma mandinga pra ser chamada para cantar festival. Como foi isso?
Tiê: Ano passado eu fui e fiquei lá brincando, eu vou todo ano. E aí ano passado realmente eu falei “ano que vem eu vou tocar” e fiquei lá brincando com as pessoas e com os fãs e falando que eu ia tocar e deu certo.
Que bom que deu certo! E o que que vocês tão preparando para esse show?
Tiê: O show é uma mistura do repertório dos discos, dando mais importância ao “Gaya”. Vai ter um painel LED bem bonito, com imagens bem bonitas. A banda é mais cheia, tem as duas meninas do coro que eu fiz um concurso no Instagram pra escolher duas fãs para cantarem comigo e eu escolhi uma de Belém e uma de Santos. Então vai ter esse coro de fãs, vai ter um trio de metais, é uma banda cheia e um show bem animado realmente pra festival.
Você tem uma música [“All Around You”] em parceria com o David Byrne, que também vai se apresentar no Lolla. Vai rolar alguma coisa juntos durante o festival?
Tiê: Não, não vai, não vai rolar. Ele vai fazer vários side shows e não vai dar tempo. Eu tenho falado com ele, ele é meu amigo pessoal, mas ele vai viajar pra cima e pra baixo, então a gente não vai cantar junto essa vez.
Ah, que pena…
Tiê: Quem vai abrir os shows dele, inclusive, é uma amiga minha chamada Karina Zeviani, que é autora comigo de “Piscar o Olho”, a minha primeira música da novela que tocou na “Cheias de Charme”. A Karina fez “Piscar o Olho” comigo pra alegrar o meu dia, pra tocar algumas músicas e ela que abre os shows do David.
Então tá tudo em família [risos]. Saindo um pouco agora do tema Lollapalooza, quero falar contigo sobre o teu single “Duvido”, com o Luan Santana. Você vem de um mundo do indie, da mpb, e ele vem do mundo do sertanejo. Como foi quebrar essa barreira de gênero musical e fazer essa mistura?
Tiê: Esse convite que eu fiz pessoalmente pra ele foi exatamente com esse intuito, de quebrar as barreiras mesmo. Então, não foi uma ideia da gravadora, foi uma ideia minha e eu mesma mandei o WhatsApp e ele topou. A ideia é realmente a gente parar de ficar só nas próprias bolhas e misturar.
Tem planos de mais parcerias assim no futuro?
Tiê: Sim! Não tenho pensado ainda, mas eu sou muito aberta a parcerias.
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Falando no Luan… Eu encontrei uma entrevista sua para a Rolling Stone em 2011, logo depois do nascimento da sua primeira filha, em que você fala que tinha interesse no mainstream porque queria ter uma vida estável e brincou que “meu pique é o de fazer 25 shows mensais, como o Luan Santana”. Sete anos depois e com música com o Luan, eu quero saber: você conseguiu chegar no patamar que queria?
Tiê: Não… Acho que é bem diferente, também nem sei se eu quero mais fazer 25 shows por mês, acho que eu prefiro fazer cinco shows com qualidade do que 25 [risos]. Mas eu acho engraçado, em todo caso, eu ter citado ele naquela entrevista porque eu sempre brinquei muito e sequei muito o Luan e agora rolou parceria, então eu acho isso muito legal. Mas eu acho que sim, que na verdade, a minha carreira se movimenta bem e eu to indo numa tangente. Não sou uma artista nem de hippy, nem hypada, mas pela tangente eu vou seguindo muito bem e vai dando certo.
Certo. Agora que a gente tá chegando no final da entrevista, eu quero tocar num assunto que não é nem um pouco legal, mas sinto que é muito importante nesse momento: eu quero te perguntar sobre a morte da vereadora Marielle Franco. O que você acha que a gente pode aprender a partir dessa tragédia?
Tiê: Que o mundo é uma droga e que vai demorar muito para mudar ainda. Infelizmente é uma tragédia e eu fui lá no MASP ontem e tava cheio, tinha muita gente chorando, muita gente se sentindo vencida. Todas as mulheres que trabalham com política, [estavam] todas apavoradas, com medo, e todo mundo descrente. Claro que, ao mesmo tempo, é também uma esperança, mas eu não acho que o mundo vai mudar agora porque, infelizmente, ainda demora bastante.
Bom, mudando de assunto. Ano passado foi bem movimentado para você, com turnê na Europa, álbum novo, shows com Coldplay… Quais são os planos para 2018?
Tiê: Esse ano eu tô preparando uma casa da minha produtora, vai ser uma casa chamada Rosa Flamingo, vai ser um espaço de show e de eventos, um espaço cultural que vai ser muito legal. Também tenho um show em Nova York, em julho, que vai ser muito especial e vários shows pelo Brasil.
Gostaria de mandar um recado para os leitores do Nação da Música?
Tiê: Claro! Para quem vai no Lolla, se puder me assistir, o show é às 14h10 [de domingo, dia 25] no Palco Axe, e vai ser um show especial e vou estar muito feliz. Eu vou estar muito feliz de celebrar junto porque vai ser um show de celebração mesmo.
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