Entrevistamos Sebastianismos sobre o álbum “Tóxico”

Sebastianismos
Crédito: Divulgação / Rodrigo Gianesi

Envolto nas influências do tropical punk, o cantor e compositor Sebastianismos entregou ao público na última semana de agosto, o segundo disco de seu projeto solo, que recebeu o nome de “Tóxico”.

O punk rock e o emo encontraram perfeita harmonia com as composições do álbum, que são temporais e identificáveis, principalmente no atual cenário que estamos vivendo. No decorrer das faixas, encontramos algumas parcerias, a exemplo de “Cicatriza”, que foi gravada com a Fresno.

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Para falar sobre o material, Sebastianismos conversou com a Nação da Música e nos contou um pouco sobre o seu processo criativo, suas influências artísticas, colaborações e sobre o paralelo de seu trabalho solo com o de sua banda Francisco, el Hombre.

Entrevista por Katielly Valadão.
——————————— Leia a íntegra:
Olá, como você está? Obrigada por conversar com a Nação da Música. Vamos começar falando sobre seu novo álbum, que recebeu o nome de “Tóxico”. Com suas próprias palavras, como você descreve o conceito desse trabalho?
Sebastianismos: É um disco pandêmico: criado na pandemia, resultado dos diversos sentimentos provocados pela pandemia: as perdas pessoais, as crises financeiras, a emoção de viver num país à beira do colapso. É um disco feito num momento tóxico, onde todo ar que a gente respira e tudo aquilo que a gente observa mundo afora pela janela virtual do celular parece estar em processo de adoecimento. É um disco de um projeto solo trabalhado em coletivo – pois apesar de estarmos em isolamento continuamos coexistindo mesmo a distância.

O disco vai estar cheio de colaborações com uma galera incrível, a exemplo da parceria com a Fresno, que já chegou ao público. Como surgiram esses encontros musicais e como foi o processo criativo desse projeto?
Sebastianismos: Queria juntar minhas influências e inspirações nesse disco – Badaui (CPM22), Fresno e Weks (NX Zero) fazem parte do movimento que me influenciou quando tinha recém chegado no Brasil. Faustino vem pra representar minha nova cidade: Salvador.

E Malfeitona, que também entraria na parcela soteropolitana do disco, é a pessoa que mais tem me aguentado nesses últimos tempos de quarentena (risos) e a parceria que a gente tem desenvolvido é tão especial que não poderia ficar fora dessa equação. Tirando Cicatriza, cuja autoria, gravação e produção foi feita em conjunto a Lucas Silveira (Fresno), todo o disco foi escrito na solitude da quarentena no mês de outubro de 2020.

Agora falando de composições, suas novas músicas estão cheias de letras completamente identificáveis, principalmente no nosso cenário atual. Cito frases como “me sinto tão bomba relógio, me envenenei de amor, tô me afogando em ódio“, “preciso de férias de mim mesmo e sumir do mundo real“, entre outras. Conta pra gente, de qual lugar – criativamente falando – vieram as suas inspirações e motivações para a construção desse álbum?
Sebastianismos: Como citei acima – é um disco pandêmico. A quantidade de desgraça que todo povo brasileiro vive e viveu nos últimos quase dois anos é de nos sobrecarregar emocionalmente e, feito panela de pressão prestes a explodir, provocar movimentos internos intensos. Não tem como a gente ser os mesmos de antes da pandemia. Quem não perdeu gente próxima? Quem não perdeu sanidade? Quem não sente saudades das pessoas de festar com as pessoas amadas?

Ainda dentro do tópico de produtividade, além do aspecto musical, quais você diria que têm sido as suas influências artísticas ultimamente?
Sebastianismos: Minha maior inspiração nessa pandemia sem dúvida é Malfeitona. Ela é a maior artista, produtora, empreendedora e influenciadora que eu conheço. Ela é a prova viva de que o padrão estético da arte é a morte da criatividade e isso me fez ter a coragem de botar esse disco pra fora. Eu estava vindo de muitos meses sem conseguir compor e cantar em público por medo de julgamento e ela me deu a força de fazer acontecer.

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Esse é o segundo trabalho que você lança nesse período de isolamento social e de pandemia, como tem sido colocar em prática os seus objetivos durante esses tempos sem precedentes?
Sebastianismos: Como pessoa inquieta que sou, fazer música é uma necessidade tal qual respirar. Porém antes da pandemia, pra quem não me conhece, eu vinha de uma turnê que havia iniciado em 2013 e nunca havia parado, então toda minha energia estava concentrada em fazer shows. A pandemia me obrigou a parar – fisicamente -, mas a falta de movimento geográfico se transformou em muito movimento criativo e assim escrevi dois discos (sem contar quase 30 músicas da Francisco).

Para a galera que tá começando a conhecer o Sebastianismos agora, como você apresentaria seu projeto solo e qual você diria que é a maior diferença entre esse e o trabalho que você faz com a banda Francisco, el Hombre?
Sebastianismos: A Francisco, el Hombre é minha família, meu coletivo, meu lar. Ele é o resultado artístico de cinco cabeças criativas pensando, vivendo juntos. Por isso ele é desse jeito, o ponto de encontro de todos nós da banda. Já enquanto artista solo, posso expressar livremente minha individualidade, sem interferências externas. É semelhante à como a nossa vida em sociedade: a beleza e aprendizado da sociedade é coexistir; a beleza e aprendizado da individualidade é entender nosso potencial enquanto grãos de areia numa enorme praia.

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Percorrendo pelo seu som, você disse que está resgatando o pop punk, o emo, e vertentes desses gêneros, mas também está sempre incorporando as suas raízes latinas nas suas produções. Como mexicano, como você se sente com a crescente ascensão da música latina a nível mundial, em especial no Brasil, e onde você diria que se encaixa nesse cenário?
Sebastianismos: Um dos principais aprendizados que carrego depois de rodar a América Latina durante tantos anos com a Francisco, El Hombre foi entender o quão verdadeiramente latino-americano é o rock – então apesar de não tocar os ritmos estereótipos latinos, acredito que talvez seja meu disco mais latino até agora.

O Brasil sempre teve dificuldade de se entender enquanto país latino-americano, a própria música brasileira é música latina. Houve nos últimos anos uma tendência mundial do reggaeton, muito validada pela indústria musical norte-americana, e, portanto, isso acabou repercutindo no Brasil, o que foi ótimo pois elucidou toda uma movimentação que a maioria da população brasileira antes não tinha conhecimento.

Você fez alguns vídeos de divulgação no seu Instagram, que inclusive estão com uma vibe incrível e super criativa, então pra essa pergunta eu gostaria de fazer uma dinâmica em um formato diferente, topa?! Vamos trocar de lugar, e se você estivesse conduzindo essa entrevista, tem algo que gostaria de responder e de contar pra gente e que eu ainda não tenha te perguntado?
Sebastianismos: Eu acho que a imprensa independente faz um papel fundamental para a construção da cena de música alternativa. Mas invertendo realmente os papéis, gostaria de saber quais são os artistas que vocês acham que estão se destacando nessa pandemia!

E para finalizarmos, você poderia deixar uma mensagem especial para todos os seus fãs e para os leitores aqui da Nação da Música?
Sebastianismos: Saibam que vocês, leitores, são fundamentais para a construção da cena de música e da cultura no geral! Cabe a todos nós movimentarmos a cena para criar a cultura que a gente gostaria de ver, portanto envolva-se com teus artistas favoritos, apoie as produções locais e desfrute da música que nós, artistas independentes, produzimos – afinal, ela foi feita pra isso. Beijão Nação da Música!

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Katielly Valadão
Katielly Valadão
Jornalista apaixonada por palavras, cultura e entretenimento.